sábado, 18 de agosto de 2012

UM PAIS COM MÁ EDUCAÇÃO


          
Funcionários públicos bem remunerados, pela greve tentam alcançar salários irreais num país tão cheio de coisas por fazer. Os maus salários dos professores federais se comparados com meros cargos burocráticos.

Diria que de repente, num movimento sincronizado por entidades sindicais diversas, inúmeras categorias de funcionários federais deflagraram greves nacionais que individualmente não os afeta – afinal os grevistas têm a certeza de que o ponto será mantido...
Ora, brasileiros, esse é o seu país, o país da miséria e da soberba!
Tratando-se de paralisação generalizada, na qual há um suposto direito sendo reivindicado, qual o “direito” que têm esses grevistas em tumultuar a vida de milhões de brasileiros retidos em filas intermináveis, nas estradas, nos aeroportos, portos e rodovias?
Ora, brasileiros, esse é o seu país, de generalizada impunidade.
Esses movimentos pré-grevistas ou grevistas, principalmente em São Paulo, têm a ousadia de, frequentemente, pararem a avenida Paulista para nada além do que mostrar “força”, mas o que demonstram é insanidade.
E os que precisam trabalhar para ganhar o seu dia-a-dia são impedidos a tanto, na sua liberdade de ir e vir.
Pior, para demonstrar “força” ou impressionar, com alguma frequência, partem para a queima de pneus material altamente poluente, um escárnio a tudo quando se exija de um mínimo de civilidade.
 Muitas das categorias em grave ganham bem, muito acima da média nacional, numa variável que vai de R$7 mil a R$20 mil.
Sirvo-me, para ilustrar, dos salários das Agências Reguladoras:
O cargo de especialista tem salário de início ao fim da carreira variando de R$ 10.019,00 a R$ 17.479,00. Os analistas têm remuneração que varia de R$ 9.623,00 a R$ 16.367,00, e em postos de nível superior, varia de R$ 7.285,00 a R$ 12.131,00. Funcionários de nível médio, com cargos de técnico administrativo, recebem de R$ 4.760,00 a R$ 7.665,00. (1)
Alguns cargos específicos com salário inicial de R$12.960,00: analista do Banco Central, analista e inspetor da Comissão de Valores Mobiliários, analista-técnico da SUSEP, oficial da Inteligência da ABIN.
Reivindicação: 60,29% pelo que os salários ficariam em torno de R$20.780,00. (2).
Confesso que ainda não consegui interpretar esse conluio de greves, se a origem provém de arremetidas da CUT ou de sindicatos exacerbados. Talvez esperassem o "tapete vermelho" da Presidência nas suas movimentações e reivindicações.
Mas, os elevados pleitos, se atendidos, mesmo em parte, sacrificarão ainda mais os contribuintes brasileiros que, de regra, de muitos desses grevistas, sempre receberam serviços ruins.
E salários nesses níveis, certamente resultarão em “reação em cadeia”. Aí, os congressistas resolvem elevar seus próprios e já elevados vencimentos, os deputados fazem o mesmo guardando a proporção e os vereadores – estes especialistas em conceder títulos honoríficos.
E por aí vai...
Professores & educação
Os professores das Universidades Federais estão também em greve há meses (desde 17 de maio) e também pleiteiam reajustamentos. Há distorções reais nos níveis salariais dos professores: com doutorado, em regime de dedicação exclusiva o salário mensal é de R$7.627,00. Se o professor se submeter a concurso para obter o nível de professor titular, então o salário será de R$12.225,25. Mas, sempre com grau de doutorado.
Desses cargos acima, inclusive burocráticos, com remuneração superior à dos professores universitários, quais têm como exigência acadêmica, o grau de doutorado? Mesmo de mestrado?
De um modo geral, analistas apontam verdadeira “bagunça” na política salarial do governo, com distorções insuperáveis. Os professores, pois, estão numa faixa inferior a de múltiplos cargos exercidos sem muita ciência, burocráticos essencialmente, distribuidores de papeis.
Essa distorção salarial em relação aos professores federais tem, no outro extremo, os esforços do Governo em melhorar os níveis de aproveitamento dos alunos.
No dia 14 último foi divulgado o “índice de desenvolvimento da educação básica” (Ideb) revelando pequenos avanços no ensino fundamental e na 5ª a 8ª séries.
Mas, a despeito desses avanços modestos, na observação que se faz no dia-a-dia, nas informações que chegam de fontes diversas, os alunos aprendem pouco e a maioria sai da escola com conhecimentos muito aquém do que fora proposto nos currículos. Semialfabetizados.
No ensino médio, porém, cujos alunos já batem nas portas do ensino superior, a média assumida para o ‘ideb’ fora de 3,7. Dez estados mais o Distrito Federal atingiram essa média mas ela não reflete relevâncias no nível de aprendizado. É o que dizer dos demais estados que ficaram abaixo dessa média almejada?
Há uma recorrência que sempre se pensa quando a educação é colocada em evidência como se deu com a divulgação do “índice de desenvolvimento da educação básica” (Ideb): a avaliação é feita sobre os alunos – os professores, de regra, são pouco lembrados.
O descaso com os professores que vai da deficiência da estrutura escolar, de pesquisa, de recursos à baixa remuneração tem reflexos diretos sobre esses índices de aproveitamento. No âmbito universitário, com as exceções que existem, a mesma deficiência se observa. No âmbito das Universidades Federais ocorrem, também, as distorções salariais como acima apontado.
Nesse contexto – se há renovada esperança oficial na melhoria do ensino - há uma categoria que precisa ser reavaliada, então, exatamente a dos professores, em todos os graus mas, especialmente, no âmbito universitário. Os salários dos professores da Universidades Federais são baixos.
 Mais, ainda, porque o seu empenho deverá ser redobrado com projeto mui demagógico e impensado de reservar 50% das vagas para cotas raciais e agora estudantes provindos do ensino público.
Com todo respeito a eles que estudaram com sacrifício em escolas públicas deficientes e mal estruturadas e professores nem sempre preparados – porque os salários impedem os mais aptos às salas de aula: imagino o impacto desses estudantes numa universidade com professores se esforçando para ensinar...
...
O fim da greve, de um modo ou outro, não resolverá, com certeza, a remuneração subestimada dos professores que precisam de reavaliação particularizada.
Referências:
(1) Jornal “O Estado de São Paulo” de 12.08.2012
(2) Jornal “O Estado de São Paulo” de 17.08.2012


domingo, 12 de agosto de 2012

INSANIDADE AMBIENTAL NO CONGRESSO



Emenda ao Código Florestal transformará em pastos, estradas ou roças os rios intermitentes que secam por períodos no ano. Desastre ambiental anunciado num alto nível de degradação. Inclui Notas Curtas.

Há implacável degradação ambiental no Brasil.
Nestes dias, tem se ressaltado a diminuição do desmatamento na Amazônia e a consequente diminuição das emanações de CO2,
O INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em estudo próprio informa que a diminuição do desmatamento amazônico resultou na redução desses gases em 57%. Mas, essa constatação não incentiva qualquer comemoração porque o desmatamento em várias frentes prossegue implacável com efeitos ambientais devastadores, inclusive emissão de CO2 em excesso. (1)
Nesta época de seca, tema recorrente todo ano, são imensos os focos de queimadas claro que não por combustão espontânea mas por ação irresponsável ou criminosa de predadores e de agricultores gananciosos.
O mesmo INPE, por seu pesquisador que acompanha as queimadas:
Para o pesquisador do INPE Alberto Setzer, responsável pelo monitoramento de queimadas, há três fatores que levam ao aumento dos focos de incêndio: o clima seco, a expansão agropecuária e a fiscalização deficiente. Ele avalia que várias regiões do Brasil estão passando por falta de chuva, o que influencia no aumento das queimadas. (2)
No que concerne à ação predatória de agricultores, há explicações de que mais predam recentemente porque esperam ser anistiados com a resolução final do Código Florestal ainda no Congresso.
Por conta desses desastres é catastrófica a falta d’água no N./NE., a sede para homens e animais se tornou realidade brutal num país ainda com grande mananciais. Mas, é sempre bom lembrar que essas áreas semi-desertas são resultado de atos predatórios do passado, não havendo perspectiva futura de melhora. E hoje, essencialmente, por falta de políticas que apresentem soluções sérias para minimizar o sacrifício anual impreterível daquelas pessoas infelizes. (2)
A  tendência é o agravamento desse quadro amargo, de sede, incentivando aquela população tão sacrificada a abandonar suas propriedades e sua cultura de subsistência, deslocando-se para regiões onde passam sobreviver, ainda que precariamente, mas não mais preocupada com a sede e com a seca inclemente.
Mas, é no Congresso Nacional que, menos que insensatez, mas a estupidez se materializa nesses embates entre o grupo ruralista e o grupo ecologista em torno das discussões do Código Florestal.
Aqueles pensam somente no presente, no vil metal, na pose de “celeiro do mundo”, mesmo com essa secura toda aumentando ano após ano no país.

Mas, a bancada ruralista, nas disputas que se dá na comissão do especial que examina a Medida Provisória do Código Florestal, aprovou uma emenda simplesmente inacreditável: os rios intermitentes – assim considerados aqueles que durante um período do ano secam – poderão ser convertidos em estradas, roças e pasto.
Claro que à primeira vista o tema pode ser considerado irrelevante.
Mas, não é assim. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, 80% dos rios do Piauí são intermitentes e no Distrito Federal, 70%.
O senador Jorge Viana (PT-AC) que considerou “a mais desastrosa votação já feita contra rios e águas brasileiras em todos os tempos” esclarecera que “os rios intermitentes é que mandam a água para os perenes. Sem eles, todas as bacias hidrológicas ficarão comprometidas”.
Essa proposição é de autoria do deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) cujo objetivo será a de dar “maior clareza à lei e buscar um tratamento isonômico com os olhos d’água perenes”. (3)
A notícia tem esse teor, pelo que engrandece a estupidez da emenda aprovada.
Como suportar essa irresponsabilidade no silêncio, na omissão nacional?
Toda essa predação e o avanço das queimadas, além dos prejuízos humanos praticamente irreversíveis, dá-se o extermínio da fauna e da flora do modo mais cruel, porque desrespeitadas como elementos descartáveis. (4)
Clamo, sim, num deserto iminente, em (de) formação.

NOTAS CURTAS.

 “Julgamento do “mensalão” não vai dar em nada”:
Aporto em São Paulo para expediente numa “descentralização” do Tribunal de Justiça, na altura do n° 850 da Brig. Luiz Antonio.
Entro num taxi. No dia anterior fora o auge das defesas dos réus do “mensalão”. Deu-se o seguinte diálogo:
- Esse “mensalão” não vai dar em nada, puxa conversa o taxista.
- Não sei. Será complicado “não dar em nada”. Em todo caso, vamos esperar...
- Esses caras do PT...
- E o Lula recebeu alta e não vai nos deixar em paz.
- Ele se tratou no Sírio-Libanês
- Você queria que ele fosse ao SUS, como sugeriu um atriz da Globo?

·       Indagação que nunca cala (só sussurrada, normalmente):
Do advogado Délio Lins e Silva, de Antonio Lamas denunciado no “mensalão":
“Por que Lula não foi denunciado? O fato é que não tem nenhum depoimento dizendo que Lamas sabia. Mas o fato é que tem um depoimento dizendo ‘o senhor (Lula) sabia’”. (5)

·       “Frente fria”
“Frente fria: O ministro Aldo Rabelo chega hoje cedo de volta a Londres. A previsão é do Escritório Britânico de Metereologia.” (6)
Percebe-se em comentários dispersos, qualificativos diversos ao ministro Aldo Rebelo, especialmente de ‘esquisito’.
Realmente ele flutua aqui e ali não muito, nem pouco, numa linha média mui discreta. Talvez seja notado porque fora predador implacável como relator do novo Código Florestal. Seria bom se, quando voltasse ao Brasil, trouxesse a frente fria britânica despejando chuva no N./NE.

·       R$3,99
Compro uma quinquilharia por R$3,99. Dou R$4,00 e exijo o troco de R$0,01. A vendedora perplexa ri imaginando que faço piada. Insisto. Ela não tem R$0,01. Dá-me R$0,10. E eu pergunto:
- Tem cabimento esse negócio de R$X,99? Quem se engana com isso?
Ela me responde de pronto:
- A Casas Bahia vende televisão por R$999,99.
Embolsei meus R$0,10.

·       “Humorista”
Vejo fotos de Rafinha Bastos, mui badalado pela mídia, com aquele jeito arrogante do tipo: “eu grito e arrebento”. Humorista? Prefiro o Calvin, o “recruta zero”. Eu, hem!

·       Mediocridades
Essas “músicas” que fazem sucesso até no exterior, “se te pego”, “eu quero Tchu...”
Calo-me diante dessas “preciosidades” musicais tal o sucesso.
Recolho-me na minha mediocridade por não entender essas...coisas (epa!).

LEGENDAS:

(1) Jornal “O Estado de São Paulo” de 11.08.2012
(2) Portal “G1 Natureza” de 11.08.2012
(3) Jornal “O Estado de São Paulo” de 09.08.2012
(4) V. meu artigo “Queima de cana: uma decisão “ecológica” de 21.07.2012
(5) Idem de 11.08.2012
(6) Idem de 10.08.2012, coluna "Tutty Humor" (Tutty Vasques)