sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

BOLSONARICES

O suporte às intempéries de Bolsonaro, foram e são as notícias falsas (fake news) lançadas em profusão nas ditas redes sociais.

E elas foram tão envolventes que entrei numa espécie de “desespero emocional” se não há redundância nessa expressão: minhas reações foram tempestuosas a ponto de repudiar com veemências posições de amigos velhos e velhos amigos. (*)

Por causa dessas posições, para mim insuportáveis, exclui das “amizades” vários deles porque aquilo que divulgavam, me fazia mal. E cheguei à amarga conclusão que não me faziam falta. Mas, a tolerância não me permite o desprezo porque ele, o desprezo, é uma força cheia de negatividade e é preciso reagir e retomar.

Não havia entre esses bolsonaristas um sentido crítico nas abordagens que pudesse suscitar a divergência, não, elas provinham e provém da ala radical que propaga distorções em defesa do “meu presidente”, algo sem equilíbrio, acéfalo.

Fiz vários "testes":

I

Quando o indigitado sem mais nem menos, em reivindicações desprovidas de qualquer fundamento que não seja o de acalorar seus seguidores disse e repete que quer a volta do voto de papel fiz a crítica no reduto bolsonarista existente no fb.

Ironizando, sugeri que se o presenteasse com uma máquina de escrever Olivetti e a usando, passaria suas mensagens datilografas em cópias de papel-carbono.

Houve um manifestante que sugeriu a volta da produção do fusquinha.

Cerca de 350 manifestações com timbres ofensivos que em nada me ofenderam, algumas de tão absurdas que tratei como piada e achei muita graça. A maioria expressiva repetia que se tratava do posicionamento do “meu presidente”, reação ridícula, sem conta, essa suposta intimidade.

Ele liga o ventilador nacional e sai de perto. Os adeptos acéfalos repercutem.

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Há anos, em São Caetano, fui membro de mesa de escrutínio de eleição municipal com cédulas de papel.

Os votos majoritários eram contados em primeiro, lançados num mapa, depois os votos aos vereadores. Esses mapas eram, então, conduzidos ao Cartório Eleitoral que faria a consolidação de todas as urnas passando as informações para o Tribunal Regional Eleitoral.

Tudo de modo manual.

São Caetano do Sul não tinha, então, e não tem, um grande número de eleitores. Era, como é até hoje, uma das cidades mais próspera do Estado de São Paulo. Então, vez por outra o juiz eleitoral passava pelo local das apurações como um modo de imprimir respeitabilidade aos trabalhos.

Mas, imaginem esse processo nesse imenso país, nos seus recantos, na sua falta de estrutura tendo que fazer contagem de votos de papel, passar nos mapas e digitalizar!

O que advirá daí? Essa contagem não facilita e muito a fraude?

Ora, direis, mas as máquinas também são passíveis de fraude.

“Risco” por “risco” fico com as máquinas eleitorais e que traga alguém prova de irregularidades, de que houve manipulação, fraude nas votações. Até agora somente devaneios.

Como o capitão não tem uma mente larga, ele segue seu guru Trump que dizia ou diz a mesma coisa, colocando em xeque a eleição da considerada maior democracia do mundo questionando votos de papel numa eleição que ele perdeu fragorosamente mas que, pelo mesmo método o elegeu há quatro anos.

Agora saí, esbravejando, tal qual um delinquente moral.

II

Num comentário simples a uma notícia plantada pelo “jornal on line” do capitão, à minha discordância não exacerbada no caso, houve mais de 300 “respostas” tentando os bolsonaristas ofender-me inserindo comentários que julgavam suficientes a tanto.

Uma coleção de piadas, de incoerências e insanidades.

Entre risadas, percebi, no meu juízo crítico de tolerância, que há uma imensa maioria de acéfalos, seguidores desse insano capitão que, como presidente, jamais deixará de ser capitão.

Como é possível alguém com um senso médio, se valer das notícias falsas plantadas?

Insistir nisso e se vangloriar tal qual bravatas de valentões?

III

Numa resposta a opinião do jornal “O Estado de São Paulo”, o capitão sem ter o que dizer, mencionou apenas uma palavra sem qualquer sentido em relação ao noticiado, mas que foi repercutida pelo seu “jornal on line” como se fosse algo de inteligência superior.

Mas, não. Fora para que seus seguidores a tomassem como oração aos céus.

Fiz crítica severa, sim, à omissão e incompetência do governo. 

Não disse mas sinto: onde o capitão mexe ou piora ou estraga. Assim no "trato" do meio ambiente, no deboche às medidas de prevenção da pandemia que aumentou as mortes ("E dai?"), resistência às vacinas, isso para ficar no menos.

É pego na mentira e nada acontece.

Foram 402 “respostas” de seus adeptos, uma ou duas com argumentos não falsos o que poderia suscitar algum debate. 137 curtiram meu comentário ou reagiram sem manifestação. 

Mas, a mediocridade foi tanta, algumas respostas realmente hilariantes – não que o manifestante percebesse a tolice que escrevera: “advogado de porta de cadeia”, “turma da mortadela”, “o seu ídolo o mijão Lula”...– que foi impossível servir-me de argumentos equilibrados àqueles que mereciam.

Havia entre eles, pessoas já com idade que babavam estultices.

Esse é o nível. E é esse o reflexo do governo atual, acéfalo, irresponsável, até aqui um desastre.


Eu execro a cada dia o voto que lhe dei.

Isso tudo me faz mal.

Tento de modo veemente me afastar dessa negatividade da qual tenho alguma culpa.

Mas, como me livrar destes tempos turvos se ao acordar me deparo com esse estágio que os faz turvos?

Por isso, vou neste novo ano, para a luta de sobrevivência em todos os limites fugindo desses desencontros amargos. Tenho que encontrar a mim mesmo a partir da insanidade reinante.


(*) "Agentes do mal...", acessar: https://martinsmilton2.blogspot.com/2020/11/agentes-do-mal-consideracoes-nao.html