quinta-feira, 26 de março de 2020

BOLSONARO SE PERDE PELA LÍNGUA E OUTROS

TEMAS TRATADOS:

1. A questão do isolamento geral contra o coronavirus. Como tudo começou
2. A insistência com uma febrezinha qualquer
3. Uma crise verbal por semana, ou do capitão Jair ou de algum filhinho
4. O gabinete do ódio

1. A QUESTÃO DO ISOLAMENTO NACIONAL. COMO TUDO COMEÇOU

O Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, com as primeiras informações do contágio havido no Brasil, tomou conta da situação. Intervenções diárias nos meios de comunicação, SEMPRE, demonstrando preocupação com o avanço da doença.

Havia notícias alarmantes da doença na Itália.

Então nessas intervenções diárias, o Ministro, com boa dicção chegou a afirmar que em abril o sistema de saúde brasileiro, pela evolução da doença, entraria em colapso.

Quando repórter da Globo, de maneira legítima quis mais informações dando-se, então, um num diálogo veemente, os bolsonaristas radicais não atentaram para a resposta ambígua do Ministro, mas levaram a discussão para uma partida de futebol, na qual o ministro teria "dado de goleada" na repórter. Imaturidade.

Com tais elementos, falta de um política madura, o silêncio de Bolsonaro salvo fazendo declarações esparsas aqui e acolá, no seu jeito desajeitado, o que ocorreu?

Os Estado avançaram nas ações de isolamento por falta de efetiva análise de todas as circunstâncias pelo governo federal, tudo improvisado, a despeito da competência do Ministro.

A crise de informações não começou nos Estados, começou no governo federal por falta de coordenação no trato da doença e sua repercussão no meio econômico.

Bolsonaro agora está praticamente falando entre pares que fazem a diferença.

2. A INSISTÊNCIA COM UMA GRIPEZINHA QUALQUER

Em vez de falar em "gripezinha", deveria antes ter reunido todos os que contam a um fórum SÉRIO para uma proposta conjunta de pais.

Mas, não, para justificar sua inoperância, qual fora um dos argumentos de Bolsonaro? Comparar a densidade demográfica entre o Brasil e a Itália. Sim, o clima é mais frio naquele país da Europa. Mas, em termos de densidade demográfica, o quadro é o seguinte comparado com o Estado de São Paulo:

Itália, população em 2017: 60,4 milhões com 201 habitantes por km2
Estado de São Paulo, população em 2014 (IBGE): mais de 44 milhões com 177,4 de habitantes por km2.

A diferença nem é tão grande se pensarmos que os dados de São Paulo são de 2014 e os da Itália de 2017.

São, pois, números relativos, sem significado expressivo para toda hora insistir na "gripezinha". 

Depois, o discurso recente na TV no qual distilou rancor e, desnecessariamente, atingiu a Rede Globo ao se referir a explanação do médico falastrão da emissora que em janeiro minimizara os efeitos da eclosão do coronavirus. Mas, Bolsonaro  não se referira a uma segunda explanação do mesmo médico que retificara a primeira sugerindo mais cuidados com o avanço da doença

E a tais expressões destemperadas, os bolsonaristas exultam como se o toureiro tivesse vencido o touro com uma estocada fatal.

Se disse imune porque fora atleta quando já se sabia que atletas profissionais haviam sido atingidos pela COVID-19 (*).

Essa alegada imunidade pode ser decorrências dos antibióticos que lhe fora aplicado nos tempos da recuperação da facada.

Com tudo isso, com tais destemperos e expressões fora de foco, é que a Globo reagiu e praticamente desmontou todos os argumentos de Bolsonaro.

Com a situação de isolamento preventivo à sua revelia implantado pelos Estados que se ressentiram de descoordenação do seu governo, Bolsonaro exala "fogo pelas ventas" e não faltam confrontos com os governadores.

Nada a ganhar com isso, nem o país, nem o capitão Jair que ainda age como capitão. Ele é hoje um "prato cheio" para a oposição e os que a ele se opõem.

Exatamente por sua omissão, há uma situação nacional estabelecida no pais e ele não é levado a sério.

3. UMA CRISE VERBAL POR SEMANA OU DELE OU DE UM DE SEUS FILHINHOS

Na condição de capitão Jair é ele useiro e vezeiro em proferir frases importunas  que geram uma crise semanal desnecessária: ora engraçadinho, ora destemperado, ora irresponsável.

[Já falei sobre isso no artigo Variedades Temáticas VI(**)]

Nesses comentários que aparentemente o fazem um militar "macho" em nada ajudam na avaliação do seu desempenho que gente com um pouco de senso começam a questionar.

No tocante aos seus filhinhos, é claro que a última crise verbal ou no twitter se deu pelo ex-futuro embaixador - que nem sei como isso chegou a ser cogitado - que falou a verdade, concordo, no tocante ao coronavirus que eclodiu na China.

De lá vêm cenas impressionantes de consumo alimentar, que vão desde sopa de morcegos, de ratos assados, de cachorros, gatos. E de regra, a matança com extrema crueldade. Uma soma de imundícies.

Mas, naquele momento tenso aquela afirmação fora um deslize infantil até porque a China é forte parceira comercial do Brasil.

Aí, o embaixador reage de uma maneira hostil à própria família Bolsonaro e o ditador Xi Jinping não atende Bolsonaro num primeiro contato.

Os bolsonaristas logo partem para explicitar o  perfil do embaixador. 

Ora, se ele se liga em personalidades da esquerda por aqui  é porque ele é representante de uma ditadura comunista. Esperar o quê?

Só insensatez.

Mas, o que precisa se dar é o Bolsonaro e seus filhinhos rebeldes pararem de expandir o besteirol semanal gerando crises.

4. O GABINETE DO ÓDIO

Não sei se foi o jornal "O Estado de São Paulo" que qualificou o gabinete de decisões reservadas no Planalto de "gabinete do ódio".

Ele existe e já não de agora tenho notado uma série de mensagens de rancor que os bolsonaristas divulgam com a alegria de quem, em nome do capitão, tudo aceitam, até as aleivosias contidas em textos desqualificados.

Esse último pronunciamento sobre a gripezinha fora forjado nesse gabinete, do qual participa um dos filhos do capitão Jair.

Esse pronunciamento já "rendeu" demais na imprensa e nas ditas redes sociais, especialmente no fb.

Então, eu vou para o varejo.

Nesse dia a dia não cessam mensagens ainda contra a Greta Thunberg, contra Macron, contra o Papa Francisco como uma forma de reafirmar diretamente ou indiretamente  a política ambiental deplorável do governo atual. Afinal, o que se esperar de um ministro do meio ambiente como esse e que continua no cargo?

Então a compensação para o fracasso ambiental é a reintrodução seguida dessas mensagens que tentam denegrir esses personagens que criticaram o descaso oficial na matéria. 

E se "esquecem" os "atores principais" canastrões prestigiados.

Uma dessas recentes é chamá-los supostamente à razão, por nada fazerem contra a China na questão da Covid-19.

É que na questão ambiental, a despeito de todos os costumes alimentares eméticos da China, o país está reflorestando uma área equivalente ao território da Irlanda do Norte, ou 6,6 milhões de hectares. 

Lançam-se essas mensagem gratuitas, de conteúdo falso ou desprovidas de lógica como forma de escamotear as omissões oficiais. 

E a turma toda dos bolsonaristas embarcam, compartilham felizes, vivendo numa espécie de mundo da fantasia.

O Papa Francisco foi criticado à exaustão por ter recebido o Lula, mas esses inocentes inúteis, esquecem que a cada dia passa pelo Vaticano todo tipo de personalidade, incluindo o Trump, o Mourão. Chico Buarque também foi recebido, mas foram recebidos Angeline Jolie, George Clooney, Leonardo DiCaprio,  Mark  Zuckerberg...
A esquerda é mais inteligente: ela não critica o Papa pelas visitas que o pontífice recebe.
Lula está recobrando espaços não pela visita ao Papa, mas pelas trapalhadas do governo atual.

Há dias, essas distorções caem para o campo religioso: Jesus Cristo andando sobre as águas,  segurando a mão do capitão que se continha nas águas, plagiando a cena do novo testamento quando Pedro, sem fé afundava e fora salvo. Também Jesus Cristo, do céu conduzindo os passos do capitão ou  simplesmente o orientado a "fazer o que precisa ser feito".

São mensagens ridículas, sacrílegas mesmo, exaltando alguém que a cada momento transmite no mínimo, rancor.

Se o gabinete é de ódio, é também o da demagogia no seu pior estilo.


Referências:

(*) COVID-19: "Desde o início de fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a chamar oficialmente a doença causada pelo novo coronavírus de Covid-19. COVID significa COrona VIrus Disease (Doença do Coronavírus), enquanto “19” se refere a 2019, quando os primeiros casos em Wuhan, na China, foram divulgados publicamente pelo governo chinês no final de dezembro."

(**) "Variedade Temáticas VI".  Acessar:

https://martinsmilton2.blogspot.com/2020/02/variedades-tematicas-vi.html