sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

OS DIAS SEGUINTES DAS ARRUAÇAS E OMISSÕES










Faço um novo relatório mesmo sabendo que muito ainda vai ser produzido após a depredação dos vândalos bolsonaristas que, rigorosamente, tinham em Bolsonaro a inspiração golpista

1. GOLPE FRUSTRADO: Não se deu porque os militares, embora muitos o apoiassem, receavam a reação internacional. Alguns mais lúcidos – e não me refiro ao general Heleno, claro – não tinham o apoio até bélico dos Estados Unidos como se deu em 1964. Não havia a crise dos mísseis e nem o avanço soviético na América Latina via Cuba comunista, nem Fidel Castro e sua influência.

2. BOLSONARO: Ele se rodeou de militares – elevou o soldo dos mais próximos -, premiou-os até em funções civis para se garantir no poder e fazer o que bem entendesse, falasse as aberrações que quisesse, sabotasse as vacinas no pior momento da pandemia, propagando aos seus acéfalos naquele discursos ridículo de que a covid-19 não passava de uma gripezinha. E falasse seguidamente de golpe, criticando sem base as urnas eletrônicas e, inacreditável, chegando a pleitear a volta do voto de papel. No item golpismo, ele foi ajudado até por jurista de renome como Ives Gandra Martins, que inventou o poder moderador das Forças Armadas com base no artigo 142 da Constituição. Gandra, bolsonarista de agora viu nele a incorporação dos ditadores pós 1964 dos quais ainda tem saudades pelo que demonstrou.

3. MILITARES: não aceitaram participar do golpe mesmo se lambuzando nas mordomias, inclusive a livre obtenção de viagra. Eu tenho para mim que o discurso de Mourão no dia 31 foi claro: os militares pagavam o preço de suportar os acampamentos na frente dos quartéis mas não pensavam em golpe que sempre esteve na cabeça deturpada de Bolsonaro. Aqueles acampados golpistas, “salvadores da pátria” pensavam ter a proteção do Exército. Hoje se constata a tolerância dos militares a eles, mas nunca prometeram nada. Com toda a desconfiança do Governo Lula aos militares, as omissões veladas que lhes são atribuídas, eles se mantém silenciosos. E é bom que assim permaneçam.

4. “RELIGIOSOS”: Bolsonaro teve o apoio de “evangélicos” desequilibrados, hipócritas que o elegeram “ungido” das Divindades. Brincaram com Elas, fizeram profecias torpes pela reeleição. A cena mais patética impossível, foi a esposa Michele ajoelhada ouvindo a profecia de uma pastora que garantia a reeleição do marido porque ouvira o “deus” ...dela. Uniu-se a ele um sujeito como o Silas Malafaia, o arauto do antievangelismo e com ele convivia como se fosse, o Mafalaia, o seu protetor contra os “inimigos”. Mas ele espantou Deus se formos pensar em religião com a glória que deve ser pensada.

5. “JOVEM PAN E SEUS COMENTARISTAS”: essa emissora de rádio e TV caricata foi o voz dos golpistas, com comentaristas não só radicais como desequilibrados e mentirosos: Augusto Nunes se transformou numa figura raivosa que acreditava e acredita nas tolices que engendra. Mas, o pior deles é Rodrigo Constantino, valente de Miami, que rigorosamente diz sempre a mesma coisa, com aquela pose de “dono da verdade”. O seu “discurso” aos bolsonaristas ingênuos que o seguem é sempre preenchido com o mantra, “a Venezuela vem aí” ou qualquer coisa do tipo. Refreado na sua insânia golpista, demitido, também da emissora, tem agora um portal no qual pede colaboração em dinheiro via PIX. Virou “pastor” tentando sobreviver com “dízimos” em Miami. Um farsante.

6. O ASSALTO DO DIA 8/01 (i): Claro que a turba que depredou os próprios dos três poderes foi alimentada pela esperança de um golpe militar que recolocaria Bolsonaro de volta na Presidência (continuidade da tragédia) porque na cabeça da maioria, havia a ameaça “comunista” propagada por comentaristas detratores que acreditam em fantasmas. Não uma vez li de bolsonaristas ignorantes que a vitória de Lula significaria a implantação do comunismo e a perda do seu apartamento. Mas, sobretudo, pelo modo como se comportou até pelo que não disse, ele tem participação indireta na barbárie.

7. O ASSALTO DO DIA 8/01 (ii): Não há dúvida de que houve a “participação” e ajuda das forças militares em prol das depredações. O governo de Brasília, pagou para ver e viu. Tudo muito confortável, tudo muito tolerado. Mas, eu não estou aqui para olhar apenas um lado mesmo que seja esse o mais omisso e culpado. Tenho para mim que o próprio Ministro da Defesa, ainda mal sentado na cadeira ministerial, não tomou os cuidados devidos, não exigiu rigor policial e nada fez que não fosse aceitar o descaso dos comandantes de Brasília.

8. O MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES: Criticado exacerbadamente pelos bolsonaristas mesmo aqueles com algum discernimento (existem), na verdade foi ele o guardião do antigolpe. Corajoso, não sei se sem suas atitudes severas não estaríamos agora lamentando a perda da liberdade democrática, que essa gente golpista e desequilibrada despreza. E despreza porque tem mesmo a liberdade de desprezá-la. Tomou medidas severas de repressão, inclusive vetando comentaristas golpistas a maioria egressa da Jovem Pan. Sofrem os efeitos da libertinagem. A liberdade permanece.

9. PREJUÍZOS E PRISÕES: os prejuízos da depredação são imensos. Mas, aquele contingente de arruaceiros que a provocaram aumenta o prejuízo com a alimentação que precisa lhe ser garantida na prisão.

10. CRITICAS AO GOVERNO LULA QUE NÃO COMEÇOU: Comentaristas que se ajoelham ao ungido Bolsonaro, como se mostra sempre Alexandre Garcia e outros menos ou mais moderados começam a fazer críticas ao governo Lula, que não estaria funcionando, que não dará aumento real ao salário-mínimo (sem expor as razões) e por aí vai. É que o governo não começou porque está resolvendo a crise das depredações e o que de má política existe por detrás delas e que estão influenciando no próprio Palácio do Planalto (não esquecer os milhares de militares que no governo exercem cargos civis e estão bem agarrados a eles). A exoneração signficará a a perda da mamata, na melhor expressão.

Mas, independente disso, acho que Haddad no Ministério da Fazenda foi um erro de Lula. Ele não é o expert nessa matéria fundamental podendo gerar conflitos até conceituais. No caso não caberia “prêmio de consolação” às derrotas seguidas nas últimas eleições que Haddad disputou. E são muitos ministérios.

O MEU MANTRA: NÃO FOI O LULA QUEM VENCEU FOI O BOLSONARO QUEM PERDEU.


domingo, 8 de janeiro de 2023

RESPONSÁVEIS E IRRESPONSÁVEIS








Lula lendo o decreto de intervenção federal em Brasília

O que se assistiu hoje (dia 08.01.2023) em Brasília revelou o abuso de adeptos bolsonaristas extremados, esses atos criminosos praticados por esse gente acéfala, desocupada, que vem sendo sustentada, nos acampamentos na frente dos quartéis e agora na invasão bárbara com predação no Planalto, no STF e no Congresso Nacional… por quem?

Quem são esses bandidos por trás dessa corja?

Esses cujos interesses estão sob ameaça, menos por interesse eleitoral, mas por interesses financeiros – e digo isso há tempo e não por causa do discurso de hoje do Lula – que devastam criminosamente a Amazônia e outros biomas, roubam riquezas e madeiras do modo mais irresponsável que se possa imaginar, porque devastam e não replantam.

E isso com a complacência do desgoverno que foi derrotado.

Há outros interesses que não podem ser ignorados especialmente a exoneração de milhares de servidores assessores de assunto nenhum, nesses incluídos militares em funções civis garantidos por Bolsonaro que deles não só se cercou como contemplou com altos soldos aqueles à sua volta, os próximos que o garantiram nos seus desmandos.

Esses vândalos tiveram, sim, hoje, impulsos principalmente de Bolsonaro que passou quatro anos falando em golpe se não fosse eleito, insistindo que as urnas não seriam confiáveis, chegando ao cúmulo, ele e seu asseclas submissos, a defender a volta do voto impresso.

Insanidades.

E depois, a ligação de Bolsonaro com o marginal Trump que ao não ser reeleito, incentivou nos Estados Unidos a invasão do Capitólio – o centro Legislativo daquele país – em janeiro de 2021 resultando em vítimas fatais.

Bolsonaro em Miami, hospedado na mansão de um profissional de luta livre – e se anunciara que ele seria hospedado num resort de Trump – mais uma farsa – de longe, choroso, sem qualquer manifestação de apaziguamento político por aqui, ficou sentado esperando o que poderia dar.

Como presidente fora uma tragédia, e como político, um fujão inconsequente. Ele tem alta dose de responsabilidade sobre essa vergonha

Mas, esses golpistas irresponsáveis, ignorantes, estúpidos, alguns chegaram a imaginar que ele governaria ocupando o corpo de Lula. A insânia total.

E acéfalos, como estouro da boiada, "livres", invadiram Brasília como… boiada.

No grupo de Bolsonaro que por aqui ficaram, há muitos incentivadores do golpe, mas tudo indica que o discurso de Mourão no dia 31, deu o recado das próprias Forças Armadas que não apoiaram o golpe que Bolsonaro ensaiara, um desequilibrado que envergonhou o Brasil durante e depois.

Incluo como responsável, também, o general Augusto Heleno com suas intervenções antiLula como se fosse o grupo da presidência composto de virgens vestais. Cai essa impressão no mínimo porque ele compactou com a fake news, vergonhosas. E usa capuz quando há referências às rachadinhas do seu protetor e dos seus filhinhos.

Pelos aloprados golpistas e imbecilizados, ele chegara a ser apontado como o interventor sine die enquanto Bolsonaro não voltasse de sua fuga.

É um sujeito patético, ultrapassado que tem dose de culpa no que se deu hoje e, mesmo pela eleição de Lula, tal seus despautérios.

E outro golpista, Silas Malafaia aquele que provocou a desmoralização “evangélica” e que se diz pastor, mas pelo modo como age, um impostor que aguçava com suas pregações grotescas a mente das “ovelhinhas” humildes e ignorantes a votarem no seu ungido que sempre demonstrara uma face perversa. É a união dos perversos, dos anticristos.

Claro que os governantes de Brasília se omitiram de modo notório porque os ônibus, cerca de cem, iam chegando e nada foi feito, não houve alertas, pedido de ajuda, Não houve a “desconfiança” mesmo com tantas evidências, de que o tumulto seria iminente,

Aproveitaram o momento de definição do Governo ainda se compondo e se inteirando dos desastres bolsonaristas praticados.

Covardes.

Nesse caso, terá muito que se explicar o governador Ibaneis Rocha Barros de Brasília, porque sua polícia não cuidou dos próprios públicos. Ele não coordenou a prevenção dos ataques, “pagou” para ver e viu. Agora terá que explicar.

Enquanto isso, perde poder com na área de segurança pela intervenção federal no DF decretada por Lula.

Mas, esse golpismo, esses atos de vândalos estúpidos, essa gente atrasada, não afetarão a democracia brasileira, mas que a envergonha, isso envergonha. E muito.

Esses atos vergonhosos terão desdobramentos e a lei terá que ser aplicada aos responsáveis e irresponsáveis.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

NÃO DÁ PARA IGNORAR: A "VITÓRIA" DE BOLSONARO FOI ELEGER O LULA



        Momentos da posse de Lula (1º.01.2023)

Neste blog de artigos políticos e sociais, o primeiro que escrevi foi em 02.10.2010 fazendo severas críticas a atos "terroristas" promovidos pelo MST.

Não posso esconder esse posicionamento.

Depois, em 28.10.2018 ao registrar a vitória de Bolsonaro, "acachapante" diante de Haddad, afilhado de Lula, então preso, eu conclui assim:

"Embora eu não suporte mais nada do PT, estarei na oposição se discordar de atos do novo governo a partir de 1º de janeiro de 2019".

Isso tudo sob os efeitos da operação "lava-jato" na qual apareceram os desvios e atos de corrupção em áreas diversas dos governos petistas, especialmente na Petrobrás.

Mas, de Bolsonaro, com sua inoperância como deputado federal por décadas, um militar medíocre, depositei alguma esperança, embora desde então, do ponto de vista ambiental ele fosse ameaça declarada.

Travou-se logo após a posse um embate nesse matéria: os bolsonaristas fanáticos, ignorantes, punham a culpa na devastação da Amazônia às centenas de ONGs (!) que lá atuavam e que extraiam riquezas escondidas na selva e não cuidando da própria selva.

Toda esse debate e o que fez o governo Bolsonaro não demoraria muito: liberou a Amazônia aos grileiros e madeireiros ilegais, todos bandidos, que passaram a devastar a floresta de modo implacável e irresponsável sob o incentivo do governo.

A isso, ao ser questionado até internacionalmente, dizia de modo inconsequente: "a Amazônia é nossa". Não era e ainda não é. Ela pertence àqueles bandidos que exultam porque "a boiada passou livremente". E impunemente.

Essa é apenas uma das faces perversas da mau governo que claudicava.

E mais a frente: a onda das fake news que emitidas às dezenas no Palácio do Planalto diariamente sustentavam os incautos e entre eles, até os instruídos que nelas "acreditavam" multiplicando sua divulgação e a mentira.

Eu não sei dizer se a eclosão do ódio entre os divergentes se deu a partir das fake news ou das pregações dos "evangélicos". Um fenômeno a ser um dia estudado, porque esse ódio significou desentendimentos sérios até no âmbito familiar.

Nessa linha, o ponto que me deixou perplexo foi a reunião de pastores e "evangélicos" em sua volta, certamente que incentivados pela esposa Michele. Entre a maioria deles Bolsonaro fora proclamado um ungido escolhido pelas divindades.

As cenas de fé, na verdade, foram discutíveis, o seu batismo no Rio Jordão, por pastores mais para o lado da "impostura" e algo que me deixou pasmo: a cena recente patrocinada por uma dita pastora que fez a profecia da vitória de Bolsonaro, fazendo ilações entre o número 22 e a ano de 2022 e que "Deus a comunicara que seria ele reeleito". Lá estava a Michele ajoelhada enquanto a pastora se valia daquela linguagem cifrada algo mais ou menos assim: "labarasaia", "ricalabara". E deu no que deu...

Essa gente brincando com as Divindades...

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Mas, aquele que se autoproclama "pastor", naquele seu linguajar truculento, antievangélico em prol do seu candidato que dizia ser ungido, Silas Malafaia, proferiu  ofensas exacerbadas a Lula quando este disse, num dos discursos que para falar com Deus, para orar, não precisa de pastores e nem de padres, bastando que se isolasse e, então, buscasse o consolo Divino.

Mateus 6.6:

"Mas, tu, quando orares, entra no teu aposento, e fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em oculto, e teu Pai que vê secretamente, te recompensará."

Essa gente brincando com os Evangelhos e com as Divindades, hipócritas. Que tipo de recompensa esperavam ter?   

Sim pastores e padres são guias para quem precisa de guias. Se não, basta seguir o que disse Jesus ao orar.

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Essa soma de incoerências e falsidades já de há muito minavam minha crença em Bolsonaro que para mim demonstrava ser um sujeito desqualificado, aético e, sobretudo, desprovido de compaixão. Se valia do baixo calão certamente que produto de sua "educação" no Exército.

Como se comportou na crise da covid-19? Fez promoção de drogas ineficazes, a cloroquina como "tratamento alternativo", agiu com absoluta insanidade e irresponsável submetendo à sua pressão ministros da saúde incompetentes e ineptos.


Bolsonaro, as emas e a cloroquina 

Subestimou as vacinas, fez imprecações sórdidas sobre seus efeitos. 

No auge do sofrimento às milhares de vítimas da doença, ele tratava as cobranças com desdém, "não sou coveiro", chegando ao cúmulo de ignorar momentos graves,  patrocinando "motociatas" e se exibir com "jet ski" no Lago Paranoá.

Para mim ele se tornara uma figura insuportável, embora antes disso, desde 2020 eu já vinha sustentando que ele preparava, com suas insanidades, a vitória de um adversário que surgisse em 2022. Não se cogitava de Lula, então.

Outra coisa: se tem alguém insuspeito para perder a crença em Sérgio Moro esse sou eu que o "elegera" o candidato ideal da 3ª via diante de Lula e Bolsonaro candidatos. 

Fizera eu críticas severas às decisões do STF  quando anulou os processos da lava jato tendo como uma das causas a alegada parcialidade do juiz Moro. Eu me revoltara muito com essa decisão, afirmando que o voto vencedor de Gilmar Mendes fora no "grito", uma despeitada atitude anti-Moro.

Mas, havia nesse contexto,  ainda, Danton Dallagnol que saíra num dado momento  do âmbito dos Autos para, eufórico e deslumbrado, acusar Lula por um "pawer point", um excesso muito além do seu dever de acusar, o que me levou a o considerar um tipo de verdugo imaturo.

Moro, saíra ruidosamente do Ministério da Justiça, alegando  a interferência de Bolsonaro na PF - o que aliás se confirmaria - a par de fazer referência a processo sobre as "rachadinhas" que o presidente e sua família praticavam...

Tudo isso foi amadurecendo uma reação a esses fatos todos: Moro fora parcial ou não? E o abuso do "pawer point" de Dallagnol?

Mas, meus limites de tolerância à dupla Moro-Dallagnol explodiram após a eleição de ambos. Moro para o Senado.

Bom que sc diga que não me pareceu muito ético o modo como agiu Moro na campanha. 

Com efeito, ele fora o indicado pelo partido de Álvaro Dias para candidatura à presidência como 3ª via. Abruptamente abandonou a ideia e tentou sair candidato ao Senado por São Paulo. Sua candidatura fora rejeitada por aqui por questionamentos ao domicílio eleitoral (mas a esposa foi eleita deputada federal... por São Paulo!).

Correu para o Paraná e se elegeu senador pelo União Brasil, dando um verdadeiro passa-moleque no senador Álvaro Dias, candidato à reeleição pelo mesmo estado - que não se reelegeu - mas que antes o prestigiara do modo mais leal.

Nesse quadro de intrigas, desde há muito em seu mandato, Bolsonaro fazia alegações infundadas da eficiência das urnas eletrônicas com as quais fora eleito em 2018. Chegara a defender o voto de papel, pretensão absurda, materializando uma espécie de conspiração até porque vinculava a crítica às urnas a um não impossível golpe de estado que proclamaria se perdesse as eleições. Foi incentivado, com base no que dispõe o artigo 142 da Constituição - o poder de moderação das Forças Armadas -,  pelo advogado Ives Gandra Martins, que delirava voltando-se para os idos de 1º de abril de 1964.

Essas alegações todas enchiam a cabeça de seus eleitores menos conscientes.

E, então, o 2º turno das eleições presidenciais eis que  Lula que tivera 6 milhões a mais de votos do que Bolsonaro, participam no 1º debates na TV Bandeirantes.

Moro lá estava assessorando o Bolsonaro e lá estava, também, o Dallagnol. Moro se esforçava para se mostrar presente para possivelmente constranger Lula. E todas as acusações que fizera a Bolsonaro? Seria apenas um momento de contrariedade? Políticos sim, estultices eu não posso aceitar.

Então, "rompi" com esses dois e, no tocante a Bolsonaro, minha repulsa chegara ao auge com o "orçamento secreto" que ele assumira, em nome da governabilidade, se submetendo ao "centrão". Desmoralizou de modo categórico o general Augusto Heleno, essa figura patética que cantou em ato público, "se gritar pega centrão não sobre um meu irmão"...

Com esse quadro formado, deprimente, optei por Lula. Nunca havia votado no PT mas se apresentava ele como uma opção para derrotar essa gente toda, esse gente nefasta que enganava o país.

E, vejam só, com tudo o que improvisou Bolsonaro nos meses que antecederam as eleições, tudo o que manobrou ele ainda conseguiu "eleger" o Lula. A mágoa silenciosa  extravasada por eleitores nas urnas, inconformados com sua irresponsabilidade, pela falta de solidariedade? Ou houve intervenção Divina?

Sim, ele elegeu o Lula. Ele e seus adeptos radicais que não se aperceberam na sua insânia, da campanha pró-Lula que faziam.

E quem são esses radicais: os "evangélicos" que desmoralizaram os Evangelhos, os radicais da imprensa, como a Velha-Jovem Pan, uma caricatura de seu passado glorioso no jornalismo, mantendo comentaristas golpistas, inconsequentes, alguns raivosos e mentirosos. A emissora se livrou daqueles mais extremados e, recentemente, do modo mais desfaçado, num editorial, se proclamou avessa ao golpismo. 

Todos esses excessos, incentivo ao golpismo, as críticas e ameaças de Bolsonaro, tiveram uma barreira intransponível: o TSE presidido por Alexandre de Moraes. Com ele deram-se prisões aos golpistas tresloucados, as ameaças à sua própria integridade. Ele agiu contra as mensagens golpistas nas redes sociais vetando sua divulgação que, para criar mais animosidade, essas proibições foram impropriamente qualificadas, pelos raivosos, de "censura". Nem sei se sem essa postura do TSE um golpezinho de acéfalos, não teria sido tentado. Fora ele o escudo da legalidade, da constitucionalidade. A história fará justiça ao ministro Moraes.

Então, com todos esses elementos, o aceno insistente de um golpe com o eventual apoio das FA, a farsa do seu partido (PL) alegando falhas nas urnas eletrônicas, o apoio de comentaristas raivosos como os da Velha-Jovem Pan, a pregação antievangélica dos diversos "pastores", o silêncio dele, Bolsonaro, com o resultado das eleições nas quais fora perdedor, as lágrimas que fez questão de mostrar ao lado da esposa, levaram que bolsonaristas iludidos - para ser educado na adjetivação - acampassem na frente dos quartéis - até de Tiros de Guerra - pedindo e esperando o golpe de estado pelas forças armadas tendo como ditador ninguém menos do que... Bolsonaro. Circo de horrores!

Ai, o pior se deu como todos sabem: Bolsonaro dois dias antes da posse de Lula, partiu para Miami, fugiu, largou toda essa turma golpista que há quase 60 dias "resistira" ao sol e à chuva nesses acampamentos, na base do "tamo junto", colocando na cara sua orfandade política. Se iludia essa turma na espera sempre das próximas 72 horas quando o Exército sairia dos quartéis para consolidar o golpe. Dentre esses "órfãos" alguns tiveram reação histérica à iminência da posse de Lula que se deu normalmente no dia 1º. 

EM NENHUM MOMENTO DE SEU GOVERNO FEZ BOLSONARO UM GESTO DE GRANDEZA.

Essa gente queria o Brasil transformado numa republiqueta perante o mundo, o corolário de um governo que já o tornara pária.

E, então, para nada mais faltar, o vice-presidente Hamilton Mourão, no dia 31 ocupou as redes de radio e TV para a despedida desse governo trágico. E disse, entre outros:

"Lideranças que deveriam tranquilizar e unir a nação em torno de um projeto de país deixaram com que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criasse um clima de caos e de desagregação social e de forma irresponsável deixaram que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta, para alguns por inação e para outros por fomentar um pretenso golpe".

Claro que bolsonaristas radicais, aqueles acampados, em especial, vaiaram o discurso de Mourão. Um dos filhos de Bolsonaro, como não poderia deixar de ser, porque tal tal pai tal filho, o ofendeu com termos chulos.

Mas, eu me pergunto se Mourão não deu o recado das próprias Forças Armadas pelos desmandos praticados pelo seu chefe que fugira para os Estados Unidos.

Tudo muito trágico. 

Indo para o futuro a partir de 2023:

Quero dizer que neste meu "canto sagrado" serei oposição como fui e sou do governo que felizmente saiu. 

Desde logo vou dizendo que 37 Ministérios, para acomodar todos os partidos apoiadores, alguns premiados demais, é muito e acho, também, que Fernando Haddad, uma insistência de Lula, não seria o melhor nome para a Fazenda. Ele recita linguagem econômicos como recitam textos sagrados esses "evangélicos". 

E pelo apoio que Simone Tebet dispensou a Lula, com seus quase 5 milhões de votos, seria muito mais recomendada no Ministério do Desenvolvimento Social e não no Planejamento. Ela é muito mais segura e carismática do que o Wellington Dias o nomeado. Mas, dizem que o PT pressionou Lula para que não fosse ela a escolhida para essa pasta poque poderia, com a administração do bolsa família e outros programas sociais se tornar presidenciável destacada em 2026. 

E o PT não divide "poder". Ele tudo faz para tudo ficar no seu cercado.