sexta-feira, 11 de novembro de 2022

RESCALDO DE UMA ELEIÇÃO, O FACEBOOK E OUTROS. FINAL

1.PASTORES”:

A eleição desmoralizou os “pastores” que profetizaram a vitória de Bolsonaro mesmo com aquelas rodas de orações, como se Deus pudesse ser cabo eleitoral dum sujeito declaradamente aético, sem compaixão como se revelou o capitão nos quatro anos de mandato;

2. O ATO EXACERBADO:

Lula fora humilhado. O PawerPoint apresentado por Deltan Dallagnol tendo Lula no centro como artífice da corrupção investigada pela lava jato, não foi ato de promotor – acusador fazendo seu trabalho, mas de um verdugo. Ato irresponsável;

3. QUE IMPARCIALIDADE?:

A imparcialidade dele e de Sérgio Moro foi colocada sob suspeita ao se aliarem a Bolsonaro no final da campanha. Quanto a Moro, depois de tudo o que disse do seu ídolo ora derrotado quando, humilhado, deixou o Ministério da Justiça! E, chega a afirmar ter se colocado ao lado de Bolsonaro, para combater um “projeto de poder” do Lula. Que “projeto de poder”? Quem entre eles não tem um “projeto de poder”? E eu que o tinha como destacado candidato da 3º via!

4. FACEBOOK - REAÇÕES:

a) As mensagens provindas dos porões do bolsonarismo, quando não simplesmente mentirosas distorciam os fatos para delírio dos bolsonaristas. Por causa delas, chegando ao insuportável, “bloqueei” três ditos “amigos” da rede;

b) Mas, houve quem me bloqueasse, mas não por remessa daquelas mensagens sórdidas, porque meus motivos dou por escrito. Expliquei porque votei em Lula. Então, é possível que o que escrevi tivesse afetado o brio de bolsonaristas enrustidos e, quem sabe, minha defesa fanática da Amazônia ao chamar a atenção dos defensores dos animais, daqueles que amam seus bichinhos caseiros e tapam os olhos com o que se passa, principalmente na Amazônia, entregue à bandidagem predadora. Esses marginais livemente tolerados vêm provocando a morte de milhares de animais selvagens e espécies da flora, exatamente pela omissão do agora ex-presidente Bolsonaro;

c) Velhas amizades foram arranhadas – nem sei se em alguns casos haverá recuperação. Esse clima menos de contenda política mais de ódio explícito eu nunca havia visto antes. E o ódio é o que há de pior no individuo que o irradia. Digam quem é esse indivíduo…

5. COMUNIDADE INTERNACIONAL E O ESTORVO

Para a comunidade internacional a derrota de Bolsonaro, foi um alívio, porque fora um estorvo em sua gestão pela sua irresponsabilidade, deboches, o ardoroso praticante de motociatas. Ele não foi convidado para a Conferência do Clima no Egito. Claro que Lula foi. E poderia ser diferente?

 

VOTO IMPRESSO vs URNA ELETRÔNICA


Vejo as Forças Armadas, enroladas em tentar colocar uma “peninha” de dúvida no resultado das eleições assumindo de modo indevido e absurdo a voz de um derrotado, no caso o “comandante” Bolsonaro…

Mas, numa das cidades já então, das mais destacadas culturalmente do país e mais ainda hoje, São Caetano do Sul, faz tempo mas é válida a experiência, fui escrutinador.

Vou relatar o que encontramos nas urnas com os votos de papel:

1. Em vez de registrar o eleitor o seu voto apenas apondo o X seu candidato majoritário, escrevia o nome num canto qualquer da cédula;

2. Até aí tudo bem. O pior era decifrar num garrancho incontornável qual fora a intenção do voto do eleitor posto em “código” num canto da cédula;

3. Numa das urnas, a apuração revelou que para um único candidato a vereador, 80% dos votos lhe foram destinados… Como assim? Vacila-se, como se deu isso? O juiz pensa um pouco… Mas, os votos foram considerados. A “explicação”: talvez todos os eleitores fossem do mesmo bairro!

4. Apuradas as urnas, os votos eram repassados a mão, numa espécie de mapa e, depois, remetidos à Justiça Eleitoral para a devida computação.

Já imaginaram esse procedimento no país todo?

Ressalto a imensa possibilidade de fraude no sistema do voto impresso.

E esses ignaros, ouvindo a voz antes de um derrotado potencial e agora real, querem a volta desse atraso.

O país, hoje, ainda está travado por causa dessa insanidade.


COMENTÁRIO ANTERIOR:

Acessar: A volta de Lula. O golpe frustrado.

https://martinsmilton2.blogspot.com/2022/11/a-volta-do-lula-o-golpe-que-frustrado.html




quarta-feira, 2 de novembro de 2022

A VOLTA DO LULA. O GOLPE FRUSTRADO


Quantas vezes já disse – e disse há mais de dois anos – que o modo de agir de Bolsonaro se apresentava como um antidiscurso que, vagarosamente, ia corrompendo suas chances de reeleição? Quantas vezes disse que com a volta de Lula após os julgamentos no STF ressurgia como um adversário com possibilidades reais de o derrotar? 









Mas, Bolsonaro com suas atitudes vulgares, desrespeitosas, debochadas se apresentava como vigoroso cabo eleitoral do seu adversário. Quantas vezes disse isso? (*)

Antes disso, com as suas derrotas no STF porque sobretudo fazia discursos golpistas, incentivava as fake news mais se acentuou exatamente essa sua disposição ao golpe.

Mas, quem era ele, com suas idiossincrasias deturpadas para ter apoio militar a um golpe?

Sim, com esse discurso golpista, tentou ele amadurecer a “ideia” perante não só entre seus pares militares como entre os milhões de bolsonaristas, um “clube” que acreditava como acredita no discurso de Deus, pátria e família, mesmo que quanto ao conceito de “família” tenha ele constituído três. E entre os pastores ditos “evangélicos” que o bajulavam como se fosse um “ungido”, uma farsa, mesmo que demonstrasse durante a pandemia, compaixão zero.

Pois não foi Friedrich Nietzsche – o filósofo ídolo de uma plêiade de filósofos por aqui – que perguntou na sua obra “O Anticristo”:

O que é mais nocivo que um vício qualquer? A compaixão em um ato para todos os fracassados e os fracos – o cristianismo”. (**)

E, nesse diapasão, foi corroendo sua imagem e até digo que em muitos momentos mostrou-se aético.

Por causa disso, para conter seus excessos se deparou com um inimigo corajoso, o ministro que o enfrentou de modo a não vacilar: Alexandre de Moraes do STF.

Na escalada vergonhosa das “fake news”, o ataque às urnas, o ministro fez um tipo de intervenção contra esses farsas e, por isso, impropriamente acusado de censor. Mas, não. O que fez Moraes foi eliminar o “lixo político” que exalava com reflexos golpistas garantindo por sua vez, à manutenção da estabilidade política, da isonomia. A ele, a democracia brasileira deve muito nesse estágio conturbado.










Com a volta de Lula ao quadro sucessório, a angústia de Bolsonaro se tornara evidente.

Nada me tira do senso aquela reunião recente com os militares convocada por Bolsonaro depois de “constatar” (mais uma “fake news”) que rádios do No e Ne haviam inserido menos mensagens do que deveriam à campanha presidencial como mandava a lei.

O que teria decorrido dessa reunião se os militares o incentivassem ao golpe? Não pretendera ele ouvir algo assim?

Afinal de contas, Lula vinha liderando as pesquisas.

Na semana das eleições, como atos incompreensíveis do ponto de vista político-eleitoral (dai porque disse que o resultado das eleições teve algo de “divino” pelos atos que vieram a calhar), o ex-deputado bolsonarista Roberto Jeferson agiu como um “sniper” ao receber policiais da Polícia Federal a tiros de fuzil e lançar granadas em direção aos agentes que cumpriam mandado de prisão. 

E na véspera das eleições, o ato tresloucado da deputada bolsonarista Carla Zambelli, mentindo quanto às causas, com revólver um punho, correndo atrás de um homem negro desarmado, pelas ruas de São Paulo a ponto de ameaçar frequentadores numa padaria lotada quando aquele ali se abrigara.

Querem cabos eleitorais melhores que esses em prol de Lula?

E deu no que deu. Lula venceu, mesmo que os mais de dois milhões de votos significassem pequena margem se considerado o conjunto dos eleitores brasileiros.

E, então, no dia seguinte, caminhoneiros desavisados, irresponsáveis, “a mando de quem”?, impediram o livre acesso dos próprios caminhões de abastecimento (daqueles motoristas a maioria que queria trabalhar) em dezenas de estradas pelo país.









Paralisação irresponsável sob comando bolsonarista - derrotados inconformados

Esses atos são de bolsonaristas, conspiradores de quarteirões que me lembram Ernesto Geisel ao responder esta pergunta referente eleição de 1994:

- Se Lula vier a ganhar eleição deste ano de 1994, por exemplo, o senhor acha que não haverá problema militar?

- Não, mas aí as vivandeiras que rondam os quartéis, como dizia o Castelo, virão insuflar a área militar. Os políticos, os industriais, o alto comércio etc. começarão a procurar os militares e a encher a cabeça deles para derrubar o governo. (***)

Quando inquirido sobre as greves lideradas por Lula no ABC a partir de 1978, disse Geisel que o país vivia tranquilo mas começava a ser perturbado por elas: “Eram fatos desagradáveis, mas que faziam parte da liberdade que a distensão procurava assegurar”.

No caso ora analisado, não se tratava antes em derrubar o governo, mas o golpe se daria para estabelecer a continuidade, a ditadura bolsonarista que tanto admitira Bolsonaro e seus adeptos, um suposto ditador incompetente já apenas por ser ditador nestes tempos cuja ideia por si só insuportável

E do ponto de vista militar, fora Geisel quem qualificara Bolsonaro como um “mau militar”.

Mas, não só os caminhoneiros como outros conspiradores que atilam a mediocridade. Pois assisti vídeos de “vivandeiras” falando abertamente em resistência ao resultado das eleições e um outro até mostrando o número do “pix” para obter recursos para o mesmo objetivo.

Essa gente não entende o que se passa, estão vivendo noutros tempos, nos tempos que já se foram.

Este país não pode voltar ao passado de regime de exceção, impensável, máxime com um ditador com a mentalidade de um Bolsonaro.

Os tempos são outros.

Não foi Lula quem venceu. Foi Bolsonaro, seus seguidores e conspiradores que perderam. A “culpa’ não é de Lula pela vitória.

Conspiradores, evoluam, enfrentem a democracia como gente grande e não como conspiradores acéfalos ou irresponsáveis!


Referências:

(*) DECISÃO DIVINA

(**) O ANTICRISTO

(***) Neste texto referências ao Livro de memórias de Geisel: A TRAGÉDIA BRASILEIRA