sábado, 18 de janeiro de 2020

TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO & BOLSONARO

Como espécie de memória destes dias conturbados do governo Bolsonaro que quero preservar, já cumprido um ano de mandato, escrevi textos curtos que explanam sobre  conspirações e contradições que ele enfrenta ou decorrências de como age:

1. Bolsonaro não irá a Davos, na Suiça porque a "estrela" será a Greta Thunberg, a jovem ambientalista sueca que é levada a sério por gente séria. Claro que ele não sairia numa foto oficial com a Greta. Ele seria escanteado por aqueles países quem ofendeu e menosprezou ninguém menos que Alemanha, Noruega e França. 

Talvez tivesse que almoçar no bandejão, longe dos líderes mundiais que não o veem com respeitabilidade. Seria esnobado.

No caso do francês Emmanuel Macron, os bolsonaristas radicais não se cansaram de fazer do quadro medíocre provocado pelo brasileiro na questão Amazônica, um fato político insano nas redes sociais.

[Não dá nem para comparar a jovem com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles que ninguém mais ouve no mundo até porque o que fala se perde na inação. Ação só dos grileiros e bandidos que consomem a Amazônia pela irresponsabilidade oficial];

2. E aí à exaustão e ao ridículo mesmo, os "bolsonaristas da continência" chamavam Greta, Macron e Papa e quem mais estivesse no caminho para se manifestarem sobre os incêndios na Austrália de modo exacerbado como se hipócritas fossem. Mas, esses submissos sequer pesquisam o mínimo que seja sobre os incêndios provocados na Amazônia por bandidos e os incêndios australianos que eclodem pelo clima seco e vento forte. Ignorâncias e ignorantes. E a nióbio na Amazônia, então? É de dar dó as tolices divulgadas.
Mas, é sempre bom lembrar que os ambientalistas  não querem saber do subsolo amazônico, apenas querem a floresta em pé. 

3. Conspiração científica: o cientista Ricardo Galvão, demitido por Bolsonaro do INPE porque apresentou dados alarmantes do desmatamento na Amazônia, verdadeiros, foi eleito um dos dez cientistas do ano, indicado pela prestigiada Revista Nature;

4. Conspiração no cinema: a indicação do documentário "Democracia em Vertigem" da brasileira Petra Costa ao Oscar 2019 apresenta tudo o que ele nega. Assisti o trailer e confesso que não gostei a partir da voz da narradora e acho, sim, que a indicação, por revelar só um lado do tema, foi uma provocação ao presidente brasileiro, que vai ficar ouvindo sobre o documentário por algum tempo;

5. De uma funcionária pública federal graduada: "eu não assisto mais jornal na TV porque só noticia falcatruas e desonestidades... o que deve estar pensando Sérgio Moro ao abandonar a magistratura para se engajar no governo de Bolsonaro? Para voltar a ser juiz, tem que fazer concurso...deve estar arrependido" concluiu ela. Até porque ele vem sendo sistematícamente sabotado pelo próprio Bolsonaro e pela política sórdida.

[O pior é que há uma versão, não desmentida de que Sérgio Moro quase foi demitido, mas Bolsonaro foi contido pelo ministro Augusto Heleno que disse: "Se demitir o Moro o seu governo acaba". Essa ameaça foi relatada no livro da jornalista Thais Oyma, porque Moro requerera ao ministro Toffoli, do STF, que reconsiderasse a decisão de paralisar as investigações com base em dados do COAF - é que envolvia o "interesses" de seu filhinho Flávio].

6. Para mostrar sua confusa religiosidade com forte aproveitamento ideológico, o capitão Jair propusera subsídios para diminuir o valor das contas de consumo de energia elétrica das igrejas, transferindo o valor do benefício a todo o povo brasileiro. A gente sabe quem foi que o orientou a não prosseguir com essa ideia absurda.

[Se tivesse consciência religiosa, estaria cuidando dos "templos amazônicos - a flora e a fauna bens sagrados da natureza" que vão sendo destruídos pelo seu discurso torpe que liberou a predação oficiosamente].

7. A todos os impropérios proferidos por Bolsonaro, seus deslizes, os bolsonaristas radicais o comparam com os tempos de Lula ou com o próprio Lula e suas imprecações. Mas, afinal, a eleição de Bolsornaro não prometia mudar os paradigmas para um estágio superior? Se o lulismo é execrado, como aceitar que ele seja a todo tempo trazido como paradigma?

8. A Dilma por tantos discursos descabidos, sem "pé nem cabeça" faz parte do folclore político e, queiram ou não, por vezes se constituem verdadeiras anedotas. Tudo bem, mas e o ministro da Educação Abraham Weintraub que comete erros de curso primário em mensagens? Como é que fica? 

9. O discurso de inspiração nazista do secretário da cultura Roberto Alvim se constitui em algo absolutamente impensável. Como foi possível, o citado fazer um discurso tão empolado, tão "solene" inspirando-se nos "princípios de cultura" do nazista Joseph Goebbels e ainda com música de fundo de Richard Wagner, compositor preferido de Hitler. Como é possível? Como o ato insano não poderia passar em branco, a advogada Manuela Lourenço meio ao acaso, identificou a peça e felizmente a divulgou. E deu no que deu, com a demissão do plagiador do nazismo.

[A repercussão explodiu no mundo para afetar um pouco mais a imagem do Brasil de Bolsonaro. Então, sem mais, convidou a atriz Regina Duarte para o cargo - melhor que não aceitasse].

10. Bolsonaro fala em reeleição e monta um novo partido. Mas, quem garante que ele seja reeleito? Suas reações são tão descabidas que eu pelo menos não vejo a reeleição como "favas contadas". Se ele pensa que não será cobrado á exaustão sobre a questão ambiental, está muito enganado. Pelos seus destemperos. E também a reforma da previdência que adiará a aposentadoria de milhões de trabalhadores. Haverá, aí, uma revolta silenciosa que pode afetar o voto.

[Ele fala em Moro como vice, que seria uma "chapa imbatível". Não sei. Quando eleito significava o futuro mas pode dar a volta ao passado - não subestimem o "passado"];

11. Ainda Sérgio Moro: na sua demagogia evangélica, Bolsonaro diz que pode indicar um jurista evangélico para o STF, na vaga de Celso de Mello, que completará 75 anos em novembro vindouro. Essa vaga é do JUIZ Sérgio Moro e nenhum outro porque ele seria voz divergente para ir mudando a postura de um tribunal desmoralizado, deparando-se com figuras rejeitadas como Gilmar Mendes, Lewandowski e Marco Aurélio.

12. Bolsonaro não gosta da imprensa mas não perde oportunidade de chegar perto e propagar impropérios e comentários grotescos. Ele é mestre em arrumar o antifato-político a troco de nada. Ganharia muito mais se se moderasse: ¿Por qué no te callas? 

Ele tem que ser contido e ser lembrado a todo momento que não atua no quartel, mas na presidência da República.

[Bolsonaristas batem na mesma tecla: não assistam a Globo, não assistam o JN, mas no dia seguinte aparecem uns até meio insanos falando do noticiário dito "negativo" contra Bolsonaro. Afinal, assistem ou não, esses, o JN? O Jornal Nacional atrai porque tem a melhor dupla de apresentadores dos últimos tempos e transmitem credibilidade que muitas vezes falta no palavreado de quem deveria se conter. Fazer o quê? Bolsonaro diz que os jornalistas são raça em extinção. Torço que jamais, especialmente durante o governo dele].

APÊNDICE

Roger Scruton




No dia 12 de janeiro faleceu o filósofo conservador Roger Scruton, com 75 anos de idade (ele nascera em 27.02.1944).
A divulgação do seu passamento partiu de "filósofos" conservadores que apoiam, é claro, o capitão Jair.

Scruton era conservador num nível superior. Admirava coisas do passado quando expressavam o belo - digamos, "a arte como expressão do belo" - inclusive inspirando-se em imagens da natureza aí compreendidas as matas, as florestas...

Então eu estava esperando alguns desses "filósofos" de hoje, aproveitando o falecimento de Roger Scruton para algum tipo de comparação ou alguma ilação oportunista.

Fiquei aliviado porque não precisei fazer um contraponto entre um quadro de Sandro Botticelli, "O nascimento de Vênus", por exemplo, com traços de grafiteiros "filósofos" que agem por aí nestes dias. 

Quadro de Botticelli:


domingo, 12 de janeiro de 2020

A IGREJA CATÓLICA E O ISLAMISMO. A VISÃO DE JOÃO PAULO II EM 1993





Publicação católica Christo Nihil Pareponere (“A nada dar mais valor do que a Cristo”) de 20 de novembro de 2017 divulgou visão do papa João Paulo II que revelara que o “o Islã invadirá a Europa”.

Nenhuma novidade porque os muçulmanos já invadiram a Europa e até discutem a introdução da “sharia” – a lei islâmica baseada no Alcorão e nas pregações de Maomé – e a preservação da indumentária “padrão”, especialmente a burqa para as mulheres o que significa o corpo todo coberto com vestimenta preta.

Disse o papa naquele ano de 1993, revelada pelo  Mons. Mauro Longhi, sacerdote da Prelazia do Opus Dei que teve estreita relação de amizade com João Paulo II (Trecho...):

"O Santo Padre acrescentou: “Invadirão a Europa, a Europa será arruinada, uma sombra do que foi outrora, como uma lembrança de família. Vocês, Igreja do terceiro milênio, têm o dever de conter esta invasão. Mas não com armas: elas não são suficientes; antes, com a sua fé, vivida integralmente”.

Eis o precioso testemunho de alguém que durante anos esteve em contato direto e estreito com o Santo Padre, com quem concelebrou inúmeras vezes. Não é preciso ressaltar que a confissão do Papa Wojtyla remonta a março de 1993, há vinte e quatro anos, quando a presença islâmica na Europa era, social e numericamente, muito diferente.

Não é por acaso que na hoje em dia tão esquecida Exortação Apostólica Ecclesia in Europa, de 2003, João Paulo II falava claramente de uma relação com o Islã que deveria ser, ao mesmo tempo, “correta”, conduzida com “prudência, com clareza de ideias acerca das suas possibilidades e dos seus limites” (n. 57). Apesar da linguagem típica de um documento magisterial, sóbrio e contido por natureza, o Santo Padre parecia implorar que os cristãos conhecessem “de modo objetivo o islamismo.” (*)

No primeiro parágrafo do item n° 57 da Exortação Apostólica  Ecclesia in Europa (Ecclesia = Reunião) se lê:

“Trata-se ainda de deixar-se estimular a um melhor conhecimento das outras religiões, para se poder instaurar um colóquio fraterno com as pessoas que aderem a elas e vivem actualmente na Europa. De modo particular, é importante um correcto relacionamento com o islamismo. Tal relacionamento, como várias vezes ao longo destes anos se deram conta os Bispos europeus, «deve ser conduzido com prudência, com clareza de ideias acerca das suas possibilidades e dos seus limites, e com confiança no plano salvífico de Deus em relação a todos os seus filhos». Para além do mais, é preciso ter consciência da notável diferença existente entre a cultura europeia, que tem profundas raízes cristãs, e o pensamento muçulmano.”

Nessa publicação referida, muitos católicos leitores preocupados emitiram opiniões alguns fazendo severas restrições ao modo como a Igreja caminha nestes tempos tormentosos:

 O papa Francisco é comunista, o papa Francisco não é comunista; estranhamentos a atitudes de condescendência de João Paulo II em relação ao Islã no seu pontificado; “O Papa Francisco disse que o Islã é a religião da "Paz" – Então a palavra paz mudou de significado"...

Mas, parece que o posicionamento atual da Igreja é manter o quanto possível um sentido de “convivência” com o islamismo que vai se assenhoreando da Europa.

Mas, o arcebispo italiano, Mons. Carlo Liberati, deu esta opinião recentemente;


“Dentro de 10 anos seremos todos muçulmanos por causa da nossa idiotice. Na Itália e em boa parte da Europa vive-se como se Deus não existisse. Fazem leis que vão contra Deus e cultivam suas tradições pagãs. Toda essa decadência moral e religiosa favorece o Islã.”

Sem medir palavras, sentenciou: “Temos uma fé cristã fraca. A Igreja hoje em dia não funciona bem e os seminários estão vazios. Precisamos de uma verdadeira vida cristã. Tudo isso abre o caminho para o Islã. Além disso, eles têm muitos filhos e nós, não. Estamos em pleno declínio”. (**)

"Fazem lei que vão contra Deus": por aqui se debocha do cristianismo em cenas da mais sórdida concepção.

 Em linguagem bem acessível eis em linhas gerais o que é o islamismo:

 A forma “Islã” é derivada do árabe “assalã”, que significa paz, harmonia, confraternização. Islã exprime, afinal, resignação à vontade de Deus.

Para o árabe muçulmano, a denominação de infiel é dada a todo indivíduo não-muçulmano, isto é, ao indivíduo que não aceita os dogmas do Islã e não segue a trilha do Alcorão, que é o Livro de Allah. (*)

Um muçulmano piedoso, sincero, quando se refere a um infiel (cristão, idolatra, pagão, judeu, agnóstico ou ateu), isto é, quando cita o nome de um servo de Allah que viveu no erro, nas trevas do pecado (depois da revelação do Alcorão), por não ter sido esclarecido pela fé muçulmana, acrescenta este apelo:

- Allah se compadeça desse infiel!

Ou recorre a esta fórmula, que é, igualmente, piedosa:

- Com ele (o infiel) a misericórdia de Allah!

Aceitam os muçulmanos, como dogma, que o infiel, depois da vitória do Islamismo, tendo vivido na heresia, longe da verdade, estará, fatalmente, depois da morte, condenado às penas eternas. É preciso, pois, implorar sempre para os infiéis (especialmente para os sábios), a clemência infinita de Allah, o Misericordioso. (**)

Temos que há vertentes do islamismo que não são misericordiosas, mas cruéis que sacrificam cristãos, intolerantes e terroristas e que querem levar os infiéis (e até mesmo fieis) desde logo “às penas eternas” do modo mais doentio, hediondo. Há os fiéis soberbos, certos de que o islamismo dominará o mundo ocidental a partir exatamente da Europa.

Todos, olhados de longe, pela sua roupa e modo de vida transmitem falta de alegria, não são descontraídos e, por isso, apenas por esses detalhes, há um choque cultural, choque cultural que deve ser compreendido de modo bem amplo.

Já se disse, é e certo, que há muitos muçulmanos piedosos que vivem ou viveram ao lado de muçulmanos cruéis e se mantem silentes assumindo uma cumplicidade tácita e tocando a seu modo, a vida pra frente no dia seguinte.

Com tudo isso, nas minhas meditações sobre o mundo a caminho do caos, tenho pensando positivamente em relação à Igreja Católica – sem a professar. Porque com todos as seus defeitos e virtudes após dois mil anos, período no qual chegou a implantar o terror com a inquisição, hoje ou há muito todos sabemos como ela age. Sim, há contradições e os papas têm atos falhos ou mudanças de atitudes quebrando tradições, muitas vezes criticados sem que se busque as razões. É um modo de enfraquecê-la.

Todos os que a condenam ou não aceitam seus dogmas, criticam o papa Francisco que foi escolhido para mudar seu modo de agir no mundo, especialmente o combate à pedofilia, uma chaga que precisa ser extirpada do seu corpo e, para tanto, aboliu os ditos “segredos pontifícios ".

Por quantos papas esses segredos escabrosos foram acobertados?

É por isso que o papa Francisco tem diante de si tarefas árduas.

A Igreja ainda é forte, sempre aberta. Não me canso de relembrar:

Quando ia muito a São Paulo "descansava" um pouco na Catedral da Sé, sempre aberta, sempre receptiva às suas vibrações ou ao seu silêncio a despeito do tamanho da metrópole. Chegava a me emocionar com pessoas geralmente humildes ou não tanto, que se ajoelhavam no chão, na frente de imagem qualquer e então, de cabeça baixa e olhos fechados oravam por alguns minutos. E, depois, saiam discretamente.

Não sei, não professo a religião de minha infância há muito passada, mas me parece que é também no catolicismo silencioso, que faz bem para tanta gente. Uma Igreja aberta para os que quiserem entrar.

Por aqui, ao acharem defeito em tudo no catolicismo, engrandecem essas igrejas sem fé que pululam e se multiplicam por aí. Uma delas já tem espécie de "exército" que não é o da salvação. Como estarão daqui a uns 20 anos? Multimilionárias e politicamente influentes? Quem as controlará? Qual a sua "ideologia político-religiosa"? Qual será seu contraponto?

Na América Latina há essa outra espécie de invasão tão perigosa quanto: a religião ideológica sem fé, abarcadora, descaradamente adoradora do tal bezerro de ouro. 

É preciso cuidado, muito cuidado, perante a quem se ajoelha...

O seu contraponto é o catolicismo que precisa ser fortalecido por aqueles que não se negam ou tem inteligência para entender estes tempos incertos.

Mas, em menor escala podem contribuir outras religiões em que a fé cristã é o princípio essencial - e não a riqueza de seus fundadores.

Apêndice:

"O relatório final da reunião episcopal, realizada em outubro passado, sugere que homens casados, com liderança reconhecida pela comunidade e preferivelmente indígenas sejam ordenados na Amazônia para administrar os sacramentos. Essa seria uma forma de combater a escassez de padres na floresta, o que abre espaço para o avanço de igrejas neopentecostais e impede que fiéis recebam a comunhão com regularidade. (ANSA)"

Referências:


(**) Todo o texto em itálico foi extraído do livro “O Homem que calculava” de Malba Tahan (Edição de 2005 – Editora Record).