terça-feira, 16 de março de 2021

UM MISTO DE AGENTE DO MAL E DO GRANDE IRMÃO

Há muito que escrevo neste blog. O tempo vai passando e o entusiasmo diminuindo. Se há os que o acessam o blog sempre? Sim, há, não muitos. Mas, nestes tempos de pandemia severa, há em princípio esse recuo em transmitir alguma coisa e porque as atitudes políticas não mudam.

Porém, cheguei à conclusão que com esse quadro grave de obscurantismo que se vive hoje, a luta para tentar mudar, por qualquer meio que seja o desastre do 'governo' atual, deve continuar.

Das irresponsabilidades do capitão-presidente já se disse tudo:

● Que ele se pôs a receitar drogas com efeito zero no tratamento da pandemia, beirando o ridículo internacional;

● O descaso com as vítimas da covid-19 – em março deveremos chegar a 300 mil mortos – e o capitão-presidente dá de ombros naquela sua linha de deus dos destinos, morre quem tinha que morrer, conceito equivocado porque a vida tantas vezes precisa de ajuda para… viver!




● O descaso com as vacinas, adiando a compra quando o mundo já sabia que para salvar vidas não havia outro remédio que não a vacina. Tripudiou a coronavac obtida de modo providencial pelo governador de São Paulo que, de certo modo, como se diz, "livrou sua cara" do capitão em responder por tragédia maior;

● A humilhação que impôs ao ministro da saúde, um general a quem desautorizou o que pôde, tornando-o um mero soldado raso;

●  Não parece que projetos importantes sejam materializados no seu mandato. O capitão, desde a posse pensa em 2022 além de proteger seus filhos, todos com denúncias graves de prevaricação;

●  Neste seu primeiro mandato, foram introduzidas as denominadas fake news, desviando a atenção para temas essenciais com distorções e ataques a reputações, um modo de amenizar seus atos intempestivos e o baixo calão.

E por aí vai.

Em 27.11.2020 escrevi um artigo, com o título “Agente do Mal”. (*)

A abertura desse artigo fora assim:

Aqueles que onde pisam ou mexem pioram ou estragam...

Após resenhar o livro “O Anticristo” de Nietzsche (**) fiz buscas no Google para copiar uma capa melhor que aquela que dispunha no meu volume.

Para minha surpresa, entre tantos “anticristos”, apareceu em diversas buscas, a foto de Jair Messias Bolsonaro.

Ele seria se não o “anticristo”, o agente da discórdia.

Que eu me lembre ele nunca mencionou a palavra ‘paz’ até porque seria uma contradição ao “empunhar” sempre armas fictícias, em gestos que fazia e faz com as mãos. Também com armas verdadeiras...

Uma característica do anticristo de Nietzsche é a ausência de compaixão. Essa virtude muito humana, significa para o autor alemão, sobretudo, um sentimento de fraqueza. Sem compaixão, eis aí o homem superior.”

Eu tenho pensado muito nisso, porque com outras palavras ele chegou a falar sobre sua superioridade por ter sido atleta e não seria uma gripezinha que o abateria.

E o pior nisso tudo é que seitas religiosas, de cunho comercial porque enriquecem seus “pastores” o apoiam de modo incondicional. Falam em Jesus, o Cristo, em Deus como forma de impressionar os pobres crentes que acreditam nas posturas soberbas desses pregadores cuja “sermão”, todavia, é de falsidade na fé, por agirem como agem.

Com esse quadro atual, além da classificação que dou, de “agentes do mal” tenho prestado muita atenção na irradiação da figura do capitão, o que ele transmite.

E fico preocupado.

No dia 14 de março de 2021, em várias localidades do país, houve carreatas demonstrando apoio ao seu governo, certamente que para minimizar o “fator Lula” posto de volta na cena política por obra de trapalhadas do STF que dirá o que pensa sobre o capitão daqui para frente.

Então, esses partidários do capitão-presidente, desafiaram o que há de elementar nos cuidados em relação à pandemia, promovendo aglomerações e desprezando as máscaras porque assim propõe o capitão e seus agentes no Planalto, naqueles desvios que são imaginados nos seus subterrâneos sem luz.

Por mais que a realidade agrida, esses adeptos estão cegos. E ainda gritam, “mito”, “mito”.

Por mais que se denunciem as farsas e as falsidades divulgadas nas ditas redes sociais por seus agentes esses apoiadores insistem em as repassar.

E, dentro do possível, esse contingente fanatizado, agride os que se opõem e só recua quando exposto à ignorância notória, às mentiras reveladas, a desinformação que divulga e o ódio que transmite.

É ele tão perigoso esse estado atual de divergências, nos embates que se dão em sua defesa ou de oposição, que há divergências sérias no âmbito familiar. Alguém que provoca tal fenômeno não pode ser “normal”.



(***)

Então, nessas meditações, repensando o livro 1984 de George Orwell encontrei elementos nesse livro festejado identificados à personalidade do capitão-presidente.

Nessa obra, a presença do “Grande Irmão” controlava todos os habitantes por um sistema de “teletela” que propagava todos os êxitos do governo, distorcendo os fatos, usando uma língua limitada para transmitir informações, a novilíngua.

O Grande-irmão, o mito: “O Grande Irmão zela por ti”.

E os que se opõem a esse controle absoluto do “Grande Irmão”?

Orwell não dá esperanças: Winston, o herói "dissidente", submetido a todas as torturas e sofrimentos, "espontaneamente", com convicção, se convence que "dois e dois são cinco". O seu axioma antes fora: "A liberdade é a liberdade de dizer que dois e dois são quatro; admitindo-se isto, tudo o mais decorre".

A “teletela” tem o uso que atribuo às redes sociais nas quais os “assessores” do capitão-presidente divulgam suas distorções e mentiras. E todos os que amam o mito, as repetem como se fossem verdades absolutas – não questionam, não pesquisam. Novilíngua bolsonarista.

No livro 1984, para ajustar a história o Times eram reescrito tantas vezes necessárias para equilibrar as informações no interesse do poder.

Havia a categoria dos proles, uma comunidade à margem do poder, alienados e distantes da proteção do governo que nada significavam porque não tinham qualquer possibilidade de acuar o “Grande Irmão”.

Concluindo:

Digo isso tudo para ratificar esses tempos perversos, turvos e torpes constatando que há milhares os que amam o "mito" cegamente por mais distorcido e desqualificado que seja ele proclamando esses ignaros que a liberdade é aquela que gritam sem pensar, de boca cheia, que dois e dois são cinco.


Referências:

(*) Acessar: AGENTES DO MAL

(**) Acessar: O ANTICRISTO

(***) Acessar:1984