Eu venho acompanhando, como leigo, o conflito que se dá entre o consumo e a meta de inflação que o Banco Central fixa, sem atinar com eventuais percalços que podem se dar no período.
É um índice ideal, quem sabe dê certo!
Tenho notado que para conter a inflação assim fixada pelo BC, rígida, o brasileiro não pode gastar ou se gastar, que o faça moderadamente. Que coma pouco. Que fique em casa, tal qual nos tempos da covid.
Mas, aos primeiros sinais de inflação, o BC se reúne e, então, os juros são elevados em porcentagem das maiores do planeta.
E, claro, contenção do consumo e juros elevados, aumentam as dificuldades de quem produz.
Não me canso de dizer do alto da minha ignorância — e não vai adiantar nada quem tripudie essa "confissão" — que esse jogo simplista e nem sei se irresponsável, não traga um efeito reverso sobre a... inflação!
E também sobre a geração de empregos.
Como admitir que os afetados pelos juros altos não transfiram aos preços o que mais têm a pagar!
Repito: é um jogo simplista e todos os analistas da área econômica ficam ansiosos esperando o que diz a ata do BC que de regra traz a previsão de novos "ajustes" dos juros no período vindouro.
Já se disse que o BC deveria pensar em novos métodos para controlar a inflação porque os juros são prejudiciais para a economia como um todo e, repito, com efeito reverso sobre a própria inflação que pretende controlar.
Custo de vida mais caro sem explicação racional.
Num jornal do Interior de São Paulo leio longa afirmação do empresário Rubens Ometto, fundador da Cosan que participou da CEO Conference realizada pelo BTG Pactual em São Paulo (26 de fevereiro). Disse ele:
"Se você tem a condição de aplicar o seu dinheiro a 15%, 16% e em alguns casos a 20%, 25% ao ano, você vai ficar vagabundo. Por que você vai correr risco? Com esse nível de juros reais de 9%, 10% ao ano é impossível você administrar qualquer investimento."
O empresário revelou que o prejuízo da empresa em 2024 foi de R$9.424 bilhões contra o lucro em 2023 de R$1.094 bilhões.
Assim, pois, há algo de falso nesse equação que precisa ser revista, a "solução" simplista da elevação dos juros pelo Banco Central que não se preocupa com as consequências desses atos que vêm se repetindo, prejudicando a atividade econômica e os empregos.
Será possível que esses luminares do BC não pensam em soluções mais realistas, mais responsáveis do que simplesmente subir os juros?
Não se trata aqui, de posição ideológica, defesa ou crítica a quem quer que seja. O quadro é grave para a continuidade dessas decisões ortodoxas demais, contraproducentes.
(*) "Jornal de Piracicaba" de 1º.03.2025
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