"Para conter a inflação consuma o mínimo. Nada de excessos. Basta a cesta básica básica."
Prossigo na minha análise sobre a inflação e os juros aumentados de modo inconsequente pelo Banco Central. (*)
Assim qualifico esses atos do BC porque tenho já convicção de que o porcentual de juros quando elevado tem efeitos maiores ou menores sobre a inflação. Um efeito reverso.
É ingenuidade pensar que quem paga o nível de juros atual não repassa aos preços — empresários e serviços — e, como decorrência, elevando a inflação cujo efeito, nesse caso, se dilui nos vários itens pesquisados.
Já disse e repito: a meta da inflação fixado pelo BC se dá no começo do ano como um índice incerto na base do "quem sabe" um tipo de jogo de azar. Porque muitos são os fatores que podem alterar esse índice pretendido, ao longo do ano.
Outro dia, no "Jornal da Cultura", quando se discutia a inflação dos alimentos, preço dos tomates, coisas assim, um dos analistas do programa, sem entrar nessas questões muito próprias das causas, se saiu com aquele argumento desprovido de seriedade:
— Tem inflação porque o governo gasta muito!
A todo momento exsurge esse "argumento" no debate sem que se exemplifique um item sequer dos gastos descontrolados sobre a inflação.
Há dias, num supermercado que não prima pelo melhor preço, ao criticar eu o preço de um produto, a moça do caixa afirmou que era culpa do Lula.
A moça humilde refletiu o conceito falho de que "o governo gasta muito".
Essa ignorância explica a queda de popularidade de Lula.
Eu noto um fenômeno: qualquer tentativa do Governo Federal em melhorar o poder aquisitivo do povo mais simples ou carente e, então, um outro "argumento" perverso: a oferta de recursos extras movimenta inadequadamente a economia e, como decorrência, aumenta a inflação.
Pelo que se conclui para melhorar a economia brasileira: o brasileiro deve ficar em casa confinado tal qual nos tempos da covid, se alimentar mal ou menos, e seria bom que o desemprego aumentasse porque o emprego também movimenta a economia
isso é uma aberração.
E não faço aqui uma proposição cerebrina.
O jornal "O Estado de São Paulo" que se notabiliza nestes tempos ao completar 150 anos em publicar editoriais e artigos medíocres confirma essa aberração. Trecho do editorial de 28 de março:
"O fato de que o governo avalia antecipar o 13.º dos aposentados é mais uma prova de que Lula da Silva continua empenhado em injetar recursos na economia, apesar da necessidade de conter o consumo, conforme manifestou o Comitê de Política Monetária do BC. As iniciativas do governo vão em sentido contrário, como o programa de incentivo ao empréstimo consignado privado que, ao menos nesta primeira etapa, é voltado ao aumento da demanda. Se isso vai alimentar a inflação, é problema do próximo presidente."
E nesse quadro de contradições e de real incompetência tudo se "resolve" com a elevação irresponsável dos juros pelo BC que também é um fator inflacionário.
Este país tem analistas tendenciosos, ideológicos, desinformados e tudo vai sendo decidido de modo improvisado com sérios problemas à economia "sustentável".
Um detalhe a mais: e o Congresso Nacional dispondo de mais de R$50 bilhões para gastar de preferência no reduto eleitoral de cada senador e deputado é também, ao seu tempo, um forte apelo inflacionário.
E os 58 novos novos pedágios no Estado de São Paulo que o governador alienígena imporá aos paulistas.
Claro que o BC vai ignorar esses abusos e tenderá a aumentar os juros
País sem juízo, sem seriedade, gerido por amadores e aproveitadores.
(*) No mesmo sentido, acessar: A INFLAÇÃO, OS JUROS E AS CONTRADIÇÕES (i))