sábado, 16 de fevereiro de 2013

RELACIONAMENTOS COMPLEXOS E A PAZ DISTANTE...

...as dificuldades da igreja católica num mundo complexo e violento.



Foi uma surpresa a renúncia do papa Bento XVI?
Talvez nem seja tanto.
Há no seio da Igreja questões profundas, principalmente a eclosão, como se uma bomba fosse com estilhaços violentos espalhados pelo mundo, dos escândalos de pedofilia acobertados por muito tempo pelas altas hierarquias da religião.
Um dia teria que eclodir e eclodiu sob o papado de Bento XVI.
Seria pecado perguntar se teria o papa João Paulo II, sido poupado de responder a tais escândalos ou por omissão?
A Igreja católica é cheia de reservas e mistérios.
Mas, pelas frestas das janelas do Vaticano, o papa Bento XVI deixa escapar suas mágoas. Não só a renúncia pela idade e pela sua fragilidade física.
Referiu-se à “hipocrisia religiosa” e que a “divisão do clero” e a “falta de unidade”, “desfiguram a igreja.” E mais, haveria uma “instrumentalização de Deus para obter “prestígio pessoal e poder.”
É pouco? Não, não é, logo para uma igreja que se proclama a maior representante do cristianismo, desde sua origem, aliás, “bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Sermão -  Mateus, 05-09)
O papa revelara no âmago da imensa instituição religiosa a presença da vaidade sob a batina cardinalícia? Não se duvide.
Mas, a par desse tremor, mais um, na estrutura do catolicismo, lá fora, no mundo, que não anda bem, um sobressalto à pacificação almejada: a Coréia do Norte informa que faria mais um teste nuclear.
Um país atrasado se apresenta ao mundo com o que há de pior para justificar um regime político de opressão e ignorância, que faz “chorar” e obter “aplausos” do seu povo às suas mazelas, mostra seus dentes de aço daqueles que andam pelas sombras empunhando suas espadas sem razões. As "razões" seriam a retaliação do lado ocidental que a pune por esses excessos bélicos. Reação quixotesca, demonstração de força por falta do que mostrar.
Sim, as grandes potências fizeram dezenas de experiências nucleares, mas a atitude da Coréia do Norte é, efetivamente, menos que uma provocação, uma postura extemporânea num mundo já tenso demais.
Assim, a repensar a coincidência da renúncia do papa e a insistência bélica no mundo com conflitos e agressões gratuitas de radicais.
A voz do papa se tornara inaudível nas janelas do Vaticano diante desse mundo tão contraditório, tão complexo e tão perigoso: aumento da população, fome, indiferença, violência crescente, armas cada vez mais mortíferas, terrorismo, guerras, intolerância religiosa, conflitos de toda ordem.
A isso, para a religião católica, afrontada pela expansão do casamento homossexual, liberação, aos poucos, do aborto, e questionamentos ao celibato - não seria este uma das causas da pedofilia vergonhosa no seu âmago?
O mundo em que vivemos é um grande matadouro.
A vida na Terra, quantas vezes disse, não se caracteriza pelo equilíbrio, pela convivência entre indivíduos com certo padrão de conduta e consciência. Não. Aqui sobrevivem todas as escalas humanas, do sábio ao pior pervertido.
Parece que este nosso pequeno mundo precisa mesmo de uma reforma geral – não só o catolicismo como proclamou o papa renunciante, embora nada fizesse para isso - começar de novo.


Charge extraída do diário piracicabano “Gazeta de Piracicaba” de 14.02.2013 talvez um pouco rigorosa mas que reflete, por tudo o que se divulgou até agora, um sentimento de muitos.

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