quinta-feira, 9 de julho de 2015

RESENHA DO QUE VEJO HOJE (II)




1. AJUSTE FISCAL [DILMA E EDUARDO CUNHA]

A presidente Dilma, não é novidade para ninguém, está politicamente fragilizada, não se sabe até quando aguentará a pressão política, de sua rejeição pública e pelo que ainda advirá com julgamentos no TCU e das próprias denúncias que se sucedem na operação “lava jato”.

A isso se some o aumento da inflação, o desemprego...

Sua fragilidade é manifesta a ponto de não vetar proposta faraônica, que seria uma parceria público-privada de construção de anexos na Câmara Federal, incluindo um “shopping” para dar mais conforto aos 513 deputados.  Em plena discussão do ajuste fiscal, claro que não quis ela contrariar o presidente da Câmara Eduardo Cunha que lhe faz oposição aberta e a contraria sempre que oportunidade surja.

Esse projeto é vergonhoso para o país!

Aliás, em termos de ajuste fiscal, quem está suportando tudo o que dele de negativo decorre são os trabalhadores assalariados. O número de ministros continua mantido em 39 e assim permanece porque, no nível de fragilidade da presidente, não quer melindrar supostos aliados, todos ávidos por cargos e “boquinhas”, principalmente o PMDB.

Em termos de ajuste fiscal, qual a contribuição do Congresso Nacional nesse projeto? Do Poder Judiciário?

Até agora, esses poderes não renunciaram a nada e nada anunciaram.

Silêncio, Ora, tem quem pague por todas essas exorbitâncias, mordomias e abusos: nós, o povo.

Quanto já disse que este país não aguenta uma Câmara com 513 deputados, tantos mercenários, proporcionalmente suportando maior número que o Congresso Americano, num país em torno de 100 milhões de habitantes a mais que o Brasil.

2. APOSENTADORIAS COM O MESMO REAJUSTE DO SALÁRIO MÍNIMO

E há os que criticam essa medida recém-aprovada pelo Senado. A presidente deve vetar a proposição. Ajuste fiscal somente para o povão, incluindo os aposentados.
Para o meio político esse tipo de assunto é quirera.  

3. “O PT ENTORTOU O ESTADO”

Esse é o título de artigo de Suely Caldas no Estadão de 05 de julho último.
Vou transcrever alguns trechos da articulista que sustenta outros aspectos das imensas dificuldades por que passa a Petrobrás e os equívocos políticos indo além. Vamos lá:

“A decadência da indústria naval é emblemática de um modelo de política industrial que os governos do PT ressuscitaram dos tempos da ditadura militar, em que Estado e empresas estatais são usados – para atos de força e autoritarismo – para atender a desejos políticos equivocados (por vezes megalômanos) de quem está no poder. A parcela maior da falência fiscal que o Brasil vive hoje decorre justamente de erros – grandes e menores – cometidos por Lula e Dilma, ao desperdiçarem dinheiro público em projetos que não se sustentam sem a muleta do Estado.”

E prossegue a articulista:
“No caso da indústria naval, além de obrigarem a Petrobrás a comprar aqui navios e plataformas pelo dobro do preço dos produtos importados, eles impuseram à força uma política de conteúdo local que custa muito caro à estatal e ao País. É a repetição do erro dos governos militares, que deram vida aos estaleiros no ventre dos cofres públicos e decretaram sua morte quando o dinheiro secou.”

Refere-se também aos projetos superdimensionados como 800 aeroportos e 6 milhões de moradias, 6 mil creches, 100 mil bolsas de estudo, 20% de desconto na conta de luz...

A hora do anúncio é apoteose numérica. Mas a da entrega é uma decepção: aeroportos, nenhum novo, o desconto na conta de luz virou aumento de 60%...

E por aí vai. O texto original é longo, mas eu registro esses trechos como parte de diagnósticos que explicam as moléstias políticas e morais que atacam o país.

4. JOSÉ DIRCEU, UM ZUMBI POLÍTICO

José Dirceu está receoso de nova prisão por denúncias no “lava jato”. Não o tripudio, sou contemporâneo dele na PUC. Mas, hoje, envelhecido pelos efeitos do cárcere, abandonado pelo partido, por Lula, tornou-se espécie de zumbi político. Certamente que Cuba não seria o melhor refúgio já que o país dos Castros está ansioso pela chegada dos Estados Unidos. Talvez a Venezuela, nesse estágio com Maduro que sustenta espécie de encarnação do regime cubano de outros tempos.

O que terá ainda que responder o José Dirceu?

5. MAIORIDADE PENAL

Não vou discutir o mérito da dupla votação da redução da maioridade penal, patrocinada pelo presidente da Câmara. Apenas registro que houve deputados que mudaram o voto, os “arrependidos” que de uma hora para outra, ouviram o “clamor das ruas”.

Pensei muito sobre essa tremenda polêmica e conclui que o item educação não resolverá a índole criminosa de muitos jovens que se envolvem em graves delitos, de arrepiar.

Então, em vez de 16 anos para mudar a maioridade penal, defendi sempre que a idade fosse um número impar, 17 anos e, depois de alguns anos de experiência [cinco anos?], quem sabe com a melhoria da educação, fosse avaliada a mudança: ficaria nos 17 anos ou recuaria para 16 anos.

6. CARLOS LACERDA E O PRAZER DE GOVERNAR

Com a mudança da capital para Brasília, Carlos Lacerda foi eleito governador do então Estado da Guanabara (1960/1965); em seu mandato, realizou profundas modificações e obras importantes que deram condições de vida á população carioca, à mobilidade, à educação, um conjunto de realizações fundamentais.

Eis o que ele disse sobre o prazer de governar, desprezando a “clientela, no sentido de dar emprego em troca do voto ou dar voto em troca de emprego.”

E mais disse o polêmico e saudoso político:

"O mais era realmente uma prebenda [nesse sentido, tarefa trabalhosa], mas nós nos sentíamos tão realizados! Dava um sentimento de felicidade tão grande, que um dia sem trabalho – e não me lembro de um só dia sem trabalho em todo esse tempo – seria um dia monótono, um dia longo demais e de certo modo melancólico pela sensação de tempo perdido. De maneira que, se alguma vez eu tiver que relatar mais longamente esse período do governo, gostaria de deixar essa ideia de que o poder bem exercido é extremamente gratificante. Quando digo bem exercido quero dizer com o sentido de servir, com o sentido de doação, de uma entrega absoluta ao dever. (...) É uma espécie de alegria permanente, mesmo nas horas de indignação” (“Carlos Lacerda – Depoimento” – Ed. Nova Fronteira).

Que diferença destes tempos! Que diferença!








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