domingo, 11 de junho de 2017

MICHEL TEMER, ANTECEDENTES ATÉ O JULGAMENTO DO TSE








Lembro de Michel Temer como professor de pós-graduação da PUC São Paulo. Imagem que permaneceu daqueles idos fora a de um sujeito simples, terno cinza largo e, se não me engano, portando uma pasta comum 007.



Entre o magistério e a advocacia pública se passou pelo menos uma década. Em 1981 filou-se ao PMDB. Em 1983 o governador Franco Montoro o nomeou Procurador-Geral do Estado de São Paulo. Em 1984 assumiu a Secretaria da Segurança Pública e a partir daí sua ascensão nos meios políticos só cresceu.



O PMDB nos tempos de Franco Montoro – que também foi professor da PUC, de Introdução à Ciência do Direito e de Ética – era de outro timbre. Que falta faz um Franco Montoro nestes tempos de vadiagem e malandragem com propina farta.



Não posso negar: a propina sempre existiu. Sinto que nestes tempos e não receio afirmar, a partir do PT no poder ela se multiplicou a mil ou mais. Deixou de ser 100 mil para ser fixada em 10 milhões, não poucas vezes essa quantia em dólares.



Por essa visão do passado que registrara quanto ao Temer, imaginava que mesmo um vice-presidente subalterno, sem expressão, não poderia se contaminar com tudo o que se passava com os delitos do PT e, num dado momento, com os movimentos daquela massa imoral do PMDB, partes menores do PSDB e de outros partidos inexpressivos que têm tudo para serem extintos.



Não seria possível essa contaminação considerando suas origens. Dava-lhe esse crédito.



Mas, esses últimos eventos a mim foram de profunda decepção: seria um ingênuo, omisso ou um cúmplice nas salas palacianas obscuras? 

Afinal, sua viagem no avião dos Batistas não seria mero aproveitamento de sua condição de vice inexpressivo que apenas se valia de mordomia casual, mesmo sabendo que era oferecida por um corruptor de seu partido e do partido ao qual infelizmente se aliara?



Sua condescendência duvidosa com o Batista Joesley no evento da gravação, atiçando-o com uma conversa fiada, grotesca no final de uma noite na sua residência oficial imaginando que seu interlocutor era apenas o bom ladrão (?), mas na verdade uma figura falsa, diabólica.



Alias, esse qualificativo me leva à tentação de Satanás a Jesus (Mateus 4-8.11):




8 Depois, o Diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor.

9 E disse-lhe: "Tudo isto te darei se te prostrares e me adorares".

10 Jesus lhe disse: "Retire-se, Satanás! Pois está escrito: 'Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto'".

11 Então o Diabo o deixou, e anjos vieram e o serviram.”


Mas, os fatos estão revelando isso que ele, Temer, se prostrara à possibilidade do dinheiro fácil um aspecto “cultural” no meio político que coordenava ou convivia.


Como seria bom se provasse o contrário!


Devo acreditar que Temer passou até agora incólume à propina rodeado de tantas tentações, do dinheiro a um estalo de dedo? O que dizer do seu deputado estafeta, correndo com uma mala de dinheiro por caminhos espúrios, uma armadilha preparada pelos marginais Batista (s) da JBS – Friboi?


Nesse quadro triste para o Brasil e para os brasileiros adveio, quase que simultaneamente o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral.


O Ministro Herman Benjamin num primeiro momento aos seus atos que antecederam o julgamento não parecia que daria uma lição, como deu, a todos os ministros no seu relatório que concluiu pela cassação da chapa Dilma – Temer pelo notório volume de propinas comprovadas provindas da Odebrecht obtidas de operações fraudulentas que quase levaram a Petrobras à falência.


Por isso tudo, “não seria necessário” no julgamento se aproveitar das gravações do marginal da Friboi, a cilada engendrada contra Temer.


É que prêmio receberam os irmãos “Fri-boi” por essa manobra espúria!


Reconheço, porém, que esse volume astronômicos de recursos ilícitos engordaram a campanha de Dilma e do PT, menos à de Michel Temer, um candidato, então, do “amém” e da inexpressão pró-petista.


Mas, haveria como ser salvo se compactou com seu silêncio comprometedor com todas essas falcatruas?
 

E quanto a ela, Dilma, por tantos meios e promessas, que desastre para o país, a presidenta que lamentou não poder estocar vento para ficar num dos absurdos, entre tantos, de sua passagem pela presidência!


Claro que em oposição ao Ministro Benjamin no julgamento, lá estava o Ministro Gilmar Mendes, contundente em suas posições, vaidoso e ciumento com pares que alcançam a mídia por mérito e coerência como ocorreu com o relator vencido.


Num dos trechos de sua fala, lembro que dissera ter autorizado a tramitação do processo, mas não para cassar mandatos.


Ora, se não fora pela punição diante de tantas provas robustas apuradas, para que serviria um processo assim tão custoso, tão tormentoso? Para acionar a mídia e ficar tanto tempo no seu foco? 


Já se disse isso nestas horas há pouco, que o resultado do julgamento por graves que fossem os crimes, a presidência haveria que ser ser preservada, porque afinal, “não se pode depor presidente com constância, ainda que fosse desejado”. E que a se levar em conta o que provado no processo, haveria que se retornar a 2006 já no primeiro mandato de Lula...


Mas, ainda que se lamentando, a moralidade exigiria, sim, a cassação do mandato também do Temer como um forma severa de quebrar essa corrente que prejudica o Brasil e os brasileiros sofridos.


Na minha visão, pior do que isso, fora minimizar as provas sobre o crime da distribuição de propinas que circularam com os Odebrecht e circulam ainda com os irmãos Batista postura que  pode enfraquecer a “lava jato” que tem como fundamento esses delitos.



Para finalizar, uma mensagem oportuna de reflexão de Bahá’u’lláh fundador da Fé Bahá’i:


Do Prisioneiro:

Ó reis da terra!... Vossos povos são vossos tesouros. Acautelai-vos

para que vosso governo não viole os mandamentos de Deus,

e não entregueis vossos tutelados às mãos do ladrão.

Por eles governais, com os recursos deles subsistis, com

ajuda deles conquistais. No entanto, com que desdém

olhais para eles! Que estranho, muito estranho!” 
Bahá'u'lláh



2 comentários:

  1. Os bahá'ís não são contra ninguém, nenhum grupo, nenhum partido,
    nenhum politico, nenhuma ideologia, nenhuma teoria, nenhum gênero.
    Somos a favor de união, harmonia, eliminação de preconceitos e
    “a felicidade de todas as nações”, libertas do canceroso cultivo de
    preconceitos, que está corroendo os órgãos vitais
    de uma sociedade já debilitada.

    Os bahá'ís não se permitem opinar sobre se o governo é justo ou não –
    pois cada bahá'i certamente teria um ponto de vista diferente e, dentro
    do próprio aprisco bahá’i, surgiria um ninho de dissensão que
    comprometeria a união e harmonia.
    Ao expor os princípios básicos da Fé, os bahá’ís procuram assegurar
    que nenhuma referência direta, ou crítica especial, tenha a tendência
    de antagonizar qualquer instituição existente.

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    1. Caro Mohiman

      Creio ter entendido as entrelinhas de sua mensagem, inspirada, creio, nos princípios mais preservados da religião que vc professa e ama. Todavia, aquela mensagem que vc há pouco enviou e que utilizei para encerrar o meu artigo tem, a meu ver, forte apelo "político", de moralidade e respeito aos cidadãos. Não dá para afastar esse aspecto tão relevante.

      Dai a minha decisão de aproveitá-la sem vacilar em linha com estes tempos brasileiros.

      Forte abraço.

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