domingo, 22 de agosto de 2010

PSDB: QUE PARTIDO É ESSE?

O virtual abandono do partido e aliados à candidatura de Serra. A tentativa de obtenção de votos preservando o governo e a imagem de Lula, distorcendo a disputa e comprometendo o partido. A questão do saneamento básico no Brasil e dos pedágios em São Paulo.

O PSDB efetivamente não tem um líder popular para se contrapor a Lula e a ele fazer oposição, digamos, de igual para igual, mesmo nas inumeráveis gafes que ele, Lula, pratica.

Ex-presidente, só Fernando Henrique Cardoso, com sua linguagem sóbria, correta e com inumeráveis títulos acadêmicos.

Não dá para qualquer comparação. Fernando Henrique, por isso, não é o melhor cabo eleitoral para Serra, como é Lula para Dilma.

Claro que Lula, com sua ausência de título escolar, salvo aqueles básicos, se recente do nível intelectual de seu antecessor, a ponto de provocá-lo gratuitamente, até na insistência em fazer comparações de realizações de governo, mesmo sendo épocas distantes, cada uma com suas peculiaridades.

A Fernando Henrique coube coordenar o “Plano Real”, que o PT foi contra, no seu governo foram implantadas bolsas diversas que o PT condenou – algo como dar o peixe sem ensinar a pescar – o que seriam atos eleitoreiros e finalmente a estabilidade econômica. Agora, tanto as bolsas, agora “família” que se constitui numa das maiores alavancas eleitorais pró-Dilma, como a estabilidade herdada e mantida ajudam a candidata a remar em águas calmas.

Diria mais que o prestígio intelectual de Fernando Henrique Cardoso, (re) apresentou o Brasil para o mundo. A partir dele, com sua influência intelectual, qualquer outro candidato se daria bem na novel e consolidada democracia brasileira: até mesmo a eleição de um metalúrgico por um partido de esquerda que dá guarida a militantes radicais.

Mas, para o PT, nada disso valeu, nada disso prestou, apenas o que foi feito nestes últimos anos.

A verdade é que desde que assumiu, tudo veio em benefício do governo Lula e, como acima afirmo, não tem FHC estrutura para cabo eleitoral, pelo menos com o carisma e popularidade que desfruta o presidente.

Diante desse quadro dramático da campanha, com as pesquisas indicando derrota fragorosa, eis que Serra, nas sobras da campanha, força a divulgação de aparições suas ao lado de Lula. Não há como concordar com essa atitude.

Se faltam nomes populares no PSDB, não tem qualquer sentido usar a imagem do principal líder de oposição ao seu candidato para eventualmente amealhar algumas migalhas na votação.

Não bastasse isso, o jornal “O Estado de São Paulo” de 21.08.2010 revelou que os aliados ignoram Serra na TV em 22 Estados, mesmo em Minas Gerais. Aliás, em Minas, com Aécio e tudo, mais uma vez o PT deverá vencer as eleições no pleito majoritário Ainda há dúvidas se o seu candidato a governador sairá vencedor no embate com Hélio Costa.

É inócuo e descabido defender-se neste estágio a opção por Aécio, porque se identificaria de modo mais consistente com Lula. Há quem pense dessa maneira. Inacreditável!

Ora, se praticamente no País todo, Serra tem sido ignorado, quer pelos candidatos de seu próprio partido, quer dos partidos aliados, o que esperar de sua candidatura?

Que partido é esse, que não tem capacidade de reação, no qual a maioria, como ele Serra, quer poupar Lula ou aparecer ao seu lado para uns votos a mais?

Que partido é esse?

Serra, até o final da campanha, corre o risco de fazer campanha sozinho, de certo modo o que se deu com Alckmin ou num quadro pior ainda. E de ter um desempenho abaixo do obtido por Alckmin no confronto direto com Lula em 2006. Está pintando com cores berrantes, uma derrota fragorosa dos tucanos porque o tempo de reação é agora se se tratar de um partido que honra seu estatuto..



Enquanto se constata esse estado lamentável de coisas no PSDB, como forma de mostrar que nem tudo são flores no governo Lula, o IBGE revelou nesta semana que quase 35 milhões de pessoas vivem sem coleta de esgoto, informando que 44% desse total são nordestino.

Isto é, essa população recebe “bolsa família”, mas se alimenta nesse ambiente putrefato e sem água tratada. Além disso, essa deficiência tem um forte impacto ambiental porque todo esse esgoto é jogado nos rios após ser escoados pelas beiradas das ruas mal calçadas.

Talvez por conta dessa notícia, Dilma diria que seu governo não fizera tudo e que agiria, se eleita, para minimizar essa deficiência.

Por sua vez, em São Paulo, Geraldo Alckmin que lidera as pesquisas de intenção de voto e que, por isso, deverá o PT intensificar sua campanha para tentar reverter essa tendência afirmou alto e bom som, se eleito, revisará todos os contratos de concessão de estradas paulistas, nas quais á a cobrança de pedágio. (1)

Segundo a noticia, esses contratos serão revistos “um por um” para “verificar se são favoráveis ao Estado”

Favoráveis ao Estado? Que Estado? O Estado Instituição ou a população do Estado que paga pedágios escorchantes.

Uma constatação real: a Via Anhanguera em seus 436 quilômetros é “servida” por 10 pedágios. De Piracicaba a 175 quilômetros de São Paulo, até Minas, por essa via, há 8 praças de pedágio, significando o dispêndio, ida e volta, de R$92,30. Se do percurso partir de São Paulo, o dispêndio será algo em torno de R$115,00.

Isso para carro de passeio. E os caminhões, ônibus? É demais!

Esses pedágios são inflacionários porque afetam os preços de muitos produtos básicos transportados por essas estradas com pedágio.

O Estado de São Paulo, pois, está cercado por pedágios de todos os lados. Um abuso que precisa, tanto quanto a falta de saneamento pelo futuro presidente da República, ser “sanado” pelo próximo governador do Estado.

De modo impreterível.

Legenda:

(1) !O Estado de São Paulo" de 21.08.2010 (!Sabatina")

Um comentário:

  1. Dr. Milton, parabens pelos artigos, estas trocas de ideias, pensamentos e sentimentos é que nos ajudam a crescer. Com relação ao PSDB tenho observado, do mesmo modo em que observou "aquela mangueira" que a administração "PSDBista" promoveu o maior crescimento em todas as regiões em que administra, vejo por Piracicaba, até poço entender que tiraram da educação, da saude, da segurança, etc, mas mesmo assim, fico com minhas perguntas, de onde tiraram todo esse "dinheiro" ? porque as administrações anteriores como a do próprio PSDB não promoveram antes todo esse progresso, aonde está o secredo?

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