segunda-feira, 30 de agosto de 2010

QUEIMADAS e DEVASTAÇÕES

As queimadas, provocadas deliberadamente ou não são a nossa tragédia diária que se propaga pela incompetência oficial em coibi-las e combatê-las. O agravamento da situação ambiental e a ampliação da desertificação em imensas áreas.
O meio ambiente pede ajuda.


"Esquecemo-nos, todavia, de um agente geológico notável – o homem. Este, de fato, não raro reage brutalmente sobre a terra e entre nós, nomeadamente assumiu, em todo o decorrer da história, o papel de um terrível fazedor de desertos. Começou isto por um desastroso legado indígena. Na agricultura primitiva dos silvícolas era instrumento fundamental – o fogo."

A citação acima, refere-se aos desertos provocados na região do nordeste com as queimadas praticadas de modo desastroso que, ao longo do tempo, foram devastando imensas áreas de "flora estupenda".

Não foi ela extraída de algum manual recente de entidade ecológica, entre tantas nacionais e internacionais que criticam a omissão brasileira na questão das queimadas havidas na floresta amazônica. Ela é de autoria de ninguém menos que Euclides da Cunha, ao estudar "a terra" em seu livro "Os Sertões", cuja primeira edição apareceu em 1902.

Esse consagrado autor, já então no início do século passado, demonstrando certa perplexidade e amargura, apontava o absurdo das queimadas para abrir espaços para a atividade pastoril ou, "ao mesmo tempo o sertanista ganancioso e bravo, em busca do silvícola e do ouro".

Décadas e décadas se passaram e a prática do fogo continua destruindo desordenadamente as florestas brasileiras, quase que extinguindo a mata atlântica e agora, em proporções assustadoras, vai predando própria selva amazônica e cerrado.

É brutal a omissão oficial a essa calamidade, cuja fumaça das queimadas – provocadas ou não - cega transeuntes, fecha aeroportos e dificulta a respiração de crianças, exatamente na região antes conhecida como o "pulmão do mundo", qualificativo que fora um orgulho para nós brasileiros, pelo menos para os que pensam um pouco mais à frente.

À omissão, aliam-se o absoluto desrespeito à vida, pela natureza e pelo mistério das matas virgens, com as milhares de vidas que sustentam, levadas de roldão, inapelavelmente, pelo fogo.

Esses indivíduos gananciosos e irresponsáveis que exploram madeira na Amazônia e outros biomas, não respeitam árvores centenárias, salvo pelo seu valor econômico, põem fogo na mata para abrir espaços para pastagens do modo mais desordenado e criminoso possível, de ordem a manter o maior rebanho bovino do mundo.

Nos dias de hoje, ensinam-se os princípios da ecologia e da preservação da natureza nas escolas, praticam-se solenidades simbólicas de plantio de árvores perante alunos que aplaudem e se comprometem com a idéia. Para o futuro. Mas, o futuro já corre sérios riscos. O grave problema se verifica no presente. Ações devem ser tomadas agora, energicamente, de tal maneira que sobre algo para ser cuidado no futuro.

“Diminuiu a devastação na Amazônia: em vez de sabe lá quantos campos de futebol por dia, a predação agora é apenas a metade.”

E há quem comemore esse engodo. É degradante.

Essa realidade é assustadora.

As autoridades que poderiam reverter esse processo criminoso omitem-se, fecham os olhos ao se depararem com a fumaça das queimadas e se voltam para ao dar de ombros, as desculpas de sempre: falta de estrutura de fiscalização e de combate às queimadas e, torcem para que de seus gabinetes não sejam afetados pelos seus resíduos.

O desrespeito chegou ao insuportável. O despreparo das entidades oficiais em enfrentar tais crimes é desanimador. Chega a ser patético.

Há algumas décadas, a publicação "O Correio da Unesco", reportava-se ao "Avanço do Deserto" na Terra, esclarecendo uma das reportagens:

"Muitos acreditam que os desertos do Oriente Médio e da região mediterrânea foram criados pelo homem. Há dois ou três mil anos, as vertentes e as planícies do Líbano, da Síria, o litoral do Egito e da Tunísia eram cobertos por rica vegetação (lembremos os famosos cedros do Líbano) e forneciam a Roma grandes quantidades de madeira, cereais, azeitonas, vinho e outros produtos.

O abate de árvores, a destruição das florestas e da vegetação herbácea e o pisoteio das pastagens, juntamente com a erosão pelo vento e pela água, transformaram esses territórios em semi-desertos".

Incluindo as queimadas que em muito aumenta a gravidade da tragédia, estamos seguindo há muito exatamente essa receita. A de construirmos desertos na região mais exuberante do planeta: a Amazônia.

É chegada a hora da urgência, sim, de encararmos a que ponto estamos e parar para pensar sobre o futuro e para nossas crianças, de tal ordem que vivam num mundo melhor e mais respeitoso com a natureza. Que se inspirem na simpatia que deve existir entre a árvore e o homem. Entre os animais e os homens e entre estes e a água, um elemento vital, preocupante, também descurado.

Há tanto por fazer e a cada ano, quando as coisas se acomodam após as crises constantes como esta que agora se assiste – esse circo de horrores – os projetos vão sendo postergados.

E o jogo da política menor, sórdida, volta a prevalecer com o mesmo ímpeto das queimadas.

Foto: Google Imagens

Textos do colunista com o mesmo enfoque deste. Visitem

http://martinsmilton.blogspot.com/ - Temas Livres

domingo, 22 de agosto de 2010

PSDB: QUE PARTIDO É ESSE?

O virtual abandono do partido e aliados à candidatura de Serra. A tentativa de obtenção de votos preservando o governo e a imagem de Lula, distorcendo a disputa e comprometendo o partido. A questão do saneamento básico no Brasil e dos pedágios em São Paulo.

O PSDB efetivamente não tem um líder popular para se contrapor a Lula e a ele fazer oposição, digamos, de igual para igual, mesmo nas inumeráveis gafes que ele, Lula, pratica.

Ex-presidente, só Fernando Henrique Cardoso, com sua linguagem sóbria, correta e com inumeráveis títulos acadêmicos.

Não dá para qualquer comparação. Fernando Henrique, por isso, não é o melhor cabo eleitoral para Serra, como é Lula para Dilma.

Claro que Lula, com sua ausência de título escolar, salvo aqueles básicos, se recente do nível intelectual de seu antecessor, a ponto de provocá-lo gratuitamente, até na insistência em fazer comparações de realizações de governo, mesmo sendo épocas distantes, cada uma com suas peculiaridades.

A Fernando Henrique coube coordenar o “Plano Real”, que o PT foi contra, no seu governo foram implantadas bolsas diversas que o PT condenou – algo como dar o peixe sem ensinar a pescar – o que seriam atos eleitoreiros e finalmente a estabilidade econômica. Agora, tanto as bolsas, agora “família” que se constitui numa das maiores alavancas eleitorais pró-Dilma, como a estabilidade herdada e mantida ajudam a candidata a remar em águas calmas.

Diria mais que o prestígio intelectual de Fernando Henrique Cardoso, (re) apresentou o Brasil para o mundo. A partir dele, com sua influência intelectual, qualquer outro candidato se daria bem na novel e consolidada democracia brasileira: até mesmo a eleição de um metalúrgico por um partido de esquerda que dá guarida a militantes radicais.

Mas, para o PT, nada disso valeu, nada disso prestou, apenas o que foi feito nestes últimos anos.

A verdade é que desde que assumiu, tudo veio em benefício do governo Lula e, como acima afirmo, não tem FHC estrutura para cabo eleitoral, pelo menos com o carisma e popularidade que desfruta o presidente.

Diante desse quadro dramático da campanha, com as pesquisas indicando derrota fragorosa, eis que Serra, nas sobras da campanha, força a divulgação de aparições suas ao lado de Lula. Não há como concordar com essa atitude.

Se faltam nomes populares no PSDB, não tem qualquer sentido usar a imagem do principal líder de oposição ao seu candidato para eventualmente amealhar algumas migalhas na votação.

Não bastasse isso, o jornal “O Estado de São Paulo” de 21.08.2010 revelou que os aliados ignoram Serra na TV em 22 Estados, mesmo em Minas Gerais. Aliás, em Minas, com Aécio e tudo, mais uma vez o PT deverá vencer as eleições no pleito majoritário Ainda há dúvidas se o seu candidato a governador sairá vencedor no embate com Hélio Costa.

É inócuo e descabido defender-se neste estágio a opção por Aécio, porque se identificaria de modo mais consistente com Lula. Há quem pense dessa maneira. Inacreditável!

Ora, se praticamente no País todo, Serra tem sido ignorado, quer pelos candidatos de seu próprio partido, quer dos partidos aliados, o que esperar de sua candidatura?

Que partido é esse, que não tem capacidade de reação, no qual a maioria, como ele Serra, quer poupar Lula ou aparecer ao seu lado para uns votos a mais?

Que partido é esse?

Serra, até o final da campanha, corre o risco de fazer campanha sozinho, de certo modo o que se deu com Alckmin ou num quadro pior ainda. E de ter um desempenho abaixo do obtido por Alckmin no confronto direto com Lula em 2006. Está pintando com cores berrantes, uma derrota fragorosa dos tucanos porque o tempo de reação é agora se se tratar de um partido que honra seu estatuto..



Enquanto se constata esse estado lamentável de coisas no PSDB, como forma de mostrar que nem tudo são flores no governo Lula, o IBGE revelou nesta semana que quase 35 milhões de pessoas vivem sem coleta de esgoto, informando que 44% desse total são nordestino.

Isto é, essa população recebe “bolsa família”, mas se alimenta nesse ambiente putrefato e sem água tratada. Além disso, essa deficiência tem um forte impacto ambiental porque todo esse esgoto é jogado nos rios após ser escoados pelas beiradas das ruas mal calçadas.

Talvez por conta dessa notícia, Dilma diria que seu governo não fizera tudo e que agiria, se eleita, para minimizar essa deficiência.

Por sua vez, em São Paulo, Geraldo Alckmin que lidera as pesquisas de intenção de voto e que, por isso, deverá o PT intensificar sua campanha para tentar reverter essa tendência afirmou alto e bom som, se eleito, revisará todos os contratos de concessão de estradas paulistas, nas quais á a cobrança de pedágio. (1)

Segundo a noticia, esses contratos serão revistos “um por um” para “verificar se são favoráveis ao Estado”

Favoráveis ao Estado? Que Estado? O Estado Instituição ou a população do Estado que paga pedágios escorchantes.

Uma constatação real: a Via Anhanguera em seus 436 quilômetros é “servida” por 10 pedágios. De Piracicaba a 175 quilômetros de São Paulo, até Minas, por essa via, há 8 praças de pedágio, significando o dispêndio, ida e volta, de R$92,30. Se do percurso partir de São Paulo, o dispêndio será algo em torno de R$115,00.

Isso para carro de passeio. E os caminhões, ônibus? É demais!

Esses pedágios são inflacionários porque afetam os preços de muitos produtos básicos transportados por essas estradas com pedágio.

O Estado de São Paulo, pois, está cercado por pedágios de todos os lados. Um abuso que precisa, tanto quanto a falta de saneamento pelo futuro presidente da República, ser “sanado” pelo próximo governador do Estado.

De modo impreterível.

Legenda:

(1) !O Estado de São Paulo" de 21.08.2010 (!Sabatina")

domingo, 15 de agosto de 2010

ELEIÇÕES EM SÃO PAULO: PSDB x PT

Os pedágios são muitos e caros em S. Paulo, mesmo consideradas as estradas paulistas as melhores do país. O debate na TV Band para o governo de SP foi desigual por impedir respostas do candidato do PSDB sistematicamente criticado pelos demais concorrentes. A atuação de Mercadante

Começo dizendo que no Estado de São Paulo, os pedágios nas estradas estaduais são muitos e caros, a educação não é boa e no que respeita à saúde, ruim, embora não possa atinar até que ponto o Governo Federal não participa dessa ruindade. Aliás, as denúncias de falhas gritantes nessa área ecoam por todo o país situação agravada pela falta de saneamento básico em grandes bolsões de pobreza.

No Estado de São Paulo, não me interpretem como “bairrista”, quando se saí dele ou quando se entre nele pela grande maioria das estradas, constata-se a diferença: um outro “país” tanto na saída como na chegada. “As melhores estradas do Brasil”. Mas, isso não explica o valor dos pedágios. Em artigos passados, referira-me que o PSDB em São Paulo e na campanha presidencial teria muito que explicar sobre eles.

Acompanhei trechos do debate para governador em São Paulo pela TV Bandeirantes havido no último dia 12. Se previamente combinado não sei, mas os ataques da maioria dos candidatos, salvo Fabio Feldman que encarna o PV vigorosamente, ao candidato do PSDB Geraldo Alckmin passou da conta fato que, no meu modo de ver, tornou pouco democrático o debate. Ora, sistematicamente atacado, só de modo fragmentário pode se defender e dar alguma explicação: mas, será que tudo aquilo que foi falado é verdadeiro? Será que tudo é tão ruim assim no Estado de São Paulo?

Por isso tudo, não fui até o fim no debate.

O que vem normalmente do Senado? Escândalos, abusos, uma instituição desmoralizada. Há muita gente séria defendendo até mesmo sua extinção.

Senador desde 2003 o que traz o senador Aloizio Mercadante no seu currículo? Qual sua contribuição para São Paulo? O que me lembro de relevante como fato político: por ocasião dos escândalos que atingiram José Sarney no ano passado, inscreveu no seu currículo um episódio desmoralizante. Assim o descrevi, por ocasião do “cartão vermelho” que erguera Eduardo Suplicy contra o citado senador do Amapá-Maranhão defendendo seu afastamento da presidência do Senado:

“O personagem que jogou todas as fichas pró Sarney foi Lula, que o classificou até mesmo de figura “incomum”, a ponto de desmoralizar (Aloizio) Mercadante no episódio da votação na Comissão de Ética - que queria a saída de Sarney – mas votou ao contrário do que pensava diante do “apelo emocional” de seu chefe maior. Baixou a cabeça e calou sua consciência.” (1)

No debate na TV Bandeirantes, o senador apresentou-se cáustico, zangado, como se nada prestasse no Estado de São Paulo e não me admiraria se, liderando os demais opositores que com ele faziam graça e voz perante as câmeras, todos de gravata vermelha, dissesse:

- Eu sou a verdade!

Sem os efeitos do debate – e provavelmente pouco ou nada seja alterado com ele – a última pesquisa Datafolha para o governo de São Paulo revelou a subida de Geraldo Alckmin na razão seguinte:

“Pesquisa Datafolha divulgada no fim da tarde desta sexta-feira mostra que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) aumentou sua vantagem na disputa do governo de São Paulo, com 54% e venceria a disputa no primeiro turno. O petista Aloizio Mercadante aparece com 16% – mesmo índice da última pesquisa, no fim de julho. Celso Russomanno (PP) está em terceiro, com 11%.” (2)

É cedo para algum prognóstico confiável neste momento das eleições em São Paulo. A campanha para valer ainda vai começar.

Mas, pelos elementos acima já há uma tendência...

Referências:

(1) “O Cartão Vermelho de Suplicy” de 30.08.2009 neste portal.

(2) “O Estado de São Paulo” de 14.08.2010

sábado, 7 de agosto de 2010

DEBATE MORNO NA TV BANDEIRANTES: IMPRESSÕES

Enfrentando forte concorrência do futebol, o debate foi em frente. Embora “morno’, trouxe alguns elementos interessantes. O desempenho de Marina Silva e a simpatia granjeada por Plínio de Arruda Sampaio, mesmo assumindo posições fora da “cartilha” dos demais candidatos.

O debate promovido pela Televisão Bandeirantes não teve muita audiência na TV aberta, embora transmitido na TV a cabo, incluindo o seu canal de notícias e, simultaneamente, as emissoras de rádio de sua rede. Então, a despeito do futebol no mesmo horário transmitido pela TV Globo, a TV Bandeirantes não mediu esforços para fazer assistido ou ouvido o debate que com tanto empenho patrocinara.
Quanto ao debate em si, num momento em que a candidata Dilma Roussef lidera as pesquisa, parece que José Serra perdeu a grande oportunidade de ir para o ataque e encurralá-la porque era notório o seu nervosismo, chegando ao ponto de, em alguns momentos não falar coisa com coisa ou com a clareza esperada.
Serra abordou temas particulares, sujeitos a melhor avaliação, como se deu nas restrições que faria o Ministério da Educação, na educação dos deficientes. Assunto importante que se perderia, como se perdeu, numa resposta vaga de Dilma Roussef. Ora, havia segundo entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo” (1°/08), restrições da candidata petista ao modo de atuar do MST. Havia momento mais propício de obter de Dilma Roussef um posicionamento preciso dos atos ilegais e violentos do MST?
Serra, pelo que demonstra a idade no seu rosto, me pareceu um tanto bonachão, contido, como se não pretendesse ferir (muito) as susceptibilidades da principal adversária.
Parece-me, em outra mão, que a insistência de Dilma e do próprio PT em comparar o governo Lula com o de Fernando Henrique, pelo menos num debate, pode significar um tiro saindo pela culatra.
A tais comparações, houve um tréplica de Serra que ficou sem resposta:
- Você, Dilma, critica hoje a política econômica do governo FHC que seu principal assessor, Palocci, sempre elogiou.
Alhures, na campanha anterior, na qual Lula venceu Alckmin revelei minha estranheza no posicionamento do PSDB em “evitar” os governos de FHC. Um equívoco que, parece, Serra não repetirá.
Aliás, e não tenho como discordar: ao Portal IG (06.08.2010) Fernando Henrique assim se posicionara após o debate:
- Acho muito sem sentido a insistência com que a turma do PT cospe no prato em que comeu. Ademais é uma bobagem querer comparar políticas econômicas em momentos históricos distintos. Se eu não tivesse feito tudo para manter a economia no rumo certo, como o governo Lula poderia estar se jactando agora de que está se saindo bem? E pulam a parte da história em que eles se opunham a tudo que hoje gabam, inclusive as bolsas. Pura falta de respeito a verdades históricas.
Com um mínimo de análise, muito pode ser explorado sob esse ângulo pelo PSDB agora que a campanha tende a esquentar.
Entre os analistas o desempenho de Marina Silva não fora do modo esperado. Talvez porque esteja com porcentual baixo nos índices das pesquisas. Discordo da critica. Embora tensa, ele surpreendeu. Respostas precisas, coerentes, sem escorregões dignos de nota.
A resposta que mais me agradou proveio da pergunta do jornalista Joelmir Betting que incluíra observação capciosa dos protestos pela derrubada de árvores, ficando de lado, sem a mesma proporção de queixas, o saneamento básico, a água, solução para o lixo, esgoto e crianças contaminadas e desprotegidas.
Segundo Marina, essas questões andam juntas e se se partir do pressuposto de que o aquecimento global pode se constituir numa catástrofe para a humanidade “fazem parte da mesma equação” políticas públicas para resolver a questão levantada principalmente do saneamento básico.
E fez uma provocação, porque continuar jogando 40% do esgoto no Rio Pinheiros é acabar com o meio ambiente e destruir a vida das nossas crianças.
Mas, essa provocação, provavelmente para atingir Serra, não se dá só no rio Pinheiros (SP). A própria candidata reconheceu que 50% da população brasileira não tem saneamento básico. Até no Amazonas.
O candidato Plinio de Arruda Sampaio, “do contra” em tudo, “discriminado” porque reclamava que fora aquele menos perguntado, foi ouvido com simpatia, mesmo com suas suas posições um tanto radicais adotadas pelo seu partido, o PSOL. Essa simpatia conquistada, parece, se opõe às suas propostas “radicais”, sem risos. De qualquer modo, criticou os demais candidatos qualificando-os como o grupo “bom mocismo”.
Defendeu a redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários para aumentar a oferta de empregos. Destaco sua postura no que se refere à invasão de terras.
Disse que as invasões são necessárias, para agilizar as ações do INCRA muito lento quando elas não ocorrem.
E a reforma agrária tão decantada pelo Governo Lula? Que contradição é essa? Se há invasão...


Em resumo, embora ameno nas suas demandas, se examinado atentamente, o debate trouxe alguma coisa. Por ser o primeiro, concorrendo com o futebol, foi positivo. Mas, creio, não afetará os rumos da eleição.

Extra autos: Mesmo com o arranjo brilhante do hoje maestro João Carlos Martins – porque fora pianista de primeira linha – com a Orquestra Filarmônica Bachiana do SESI, aquela musiquinha sempre a mesma que permeia ao longo dos anos os debates na Band continou enjoada. Bate no ouvido de modo insistente, aproveitada ao exagero como fundo musical. Na Rede Bandeirantes é assim: há vinhetas e cacoetes que se “eternizam”.


Fotos:
1. Marina Silva que foi bem no debate
2. João Carlos Martins, músico, pianista e maestro de primeira linha

domingo, 1 de agosto de 2010

LULA E SUAS DECLARAÇÕES COMPROMETEDORAS


As declarações impensadas de Lula, como se tudo o que dissesse não fosse para ser levado a sério. A revisão conceitual sobre o apedrejamento da mulher iraniana acusada de adultério. Já se sente um clima melancólico de final de mandato.


Por tudo o que tenho escrito aqui e em outros órgãos, no começo de modo tolerante, depois com impaciência, muitas vezes me posicionei a propósito de declarações polêmicas e comprometedoras de Lula.

Talvez eu tolere menos suas gafes já há alguns anos, porque vi, no ABC, sua ascensão e suas idéias como sindicalista, muitas interessantes, até ser guindado à Presidência da República.

Claro que um líder sindical que como Presidente confessa pouco ou nada ler, não ter se interessado em obter formação superior como alguns dos seus “companheiros” fizeram, há um momento em que o que sustenta publicamente desestabiliza sua credibilidade.

O editorial do jornal “O Estado de São Paulo” de 31 de julho último (‘O preço da verborragia’) lembra algumas de suas declarações entre o infeliz e o ridículo.

Algumas delas.

▪ Fraude nas eleições no Irã: conflitos de rua nos quais houve severa repressão aos opositores que seria algo como “choro de perdedores”... “apenas uma coisa entre flamenguistas e vascaínos”.

Em sendo assim, seria apenas uma coisa entre palmeirenses e corintianos a sempre reclamada repressão aos opositores praticada pelo regime militar por aqui. Do que se queixam alguns, então, com a proposta de revisão da lei da anistia e outros que pretendiam?

▪ Presos políticos em Cuba, comparados a bandidos: “imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade”. Na véspera de sua visita a Cuba, entre risinhos e afagos a Fidel e seu irmão Raul Castro, morrera como decorrência de greve de fome o dissidente Orlando Zapata Tamoyo.

Em entrevista neste domingo (1°.08), ao jornal “O Estado”, a sua candidata Dilma Roussef amenizou as declarações condescendentes de apoio à repressão cubana dadas por seu padrinho político, ofensivas aos presos políticos, afirmando que não concorda com a prisão política e presos por opinião: “Na minha vida inteira não vou concordar”.

Imagine se concordasse, sendo ela quem foi no passado.

O curioso nessa história é o seguinte: por injunção da Igreja com a participação da Espanha, Cuba está libertando presos políticos, num momento de absoluto mutismo da política externa brasileira sobre o assunto, até pelo que declarara Lula, em apoio aos irmãos Castro. Não demoraria nada e o sempre oportunista Marco Aurélio Garcia, assessor para assuntos internacionais, afirmaria que a Espanha levara os louros de uma iniciativa iniciada pelo Brasil. Esse assessor já não é a primeira vez que se excede e importuna. Qualquer que seja o resultado das eleições, espera-se que seja exonerado assim que Lula deixar o governo.

▪ Sobre o iminente apedrejamento da iraniana Sakineh Mohammad Ashtian, acusada de adultério – “apedrejamento” tem muito a ver com “idade da pedra”.

Para Lula, pressionado para que intercedesse pela mulher perante o seu querido amigo Ahmadinejad, saiu-se com esta: “As pessoas têm leis. Se começarem a desobedecer as leis deles para atender a pedido de presidentes, daqui a pouco vira uma avacalhação.”

No sábado, provavelmente sob injunção de sua candidata Dilma Roussef, ofereceu asilo á condenada “se esta mulher está causando problema, nós a receberíamos no Brasil” e que "só Deus dá a vida e só Ele é que deveria tirá-la.”
A proposta de Lula teve repercussão no Irã, considerada pelas autoridades uma interferência "inadequada" nas políticas e legislação iranianas. Mas, essa polêmica em nada desmerece a proposta porque chama a atenção para práticas condenatórias desumanas. "Atire a primeira pedra..."


▪ No caso dos desalinhos entre Colômbia e Venezuela, sempre Lula dá mais apoio a Hugo Chaves, talvez porque, de certo modo, seja ele também um desastrado verbal, havendo aí alguma identidade por esse aspecto sem se fazer ilações com a ditadura particular que implementa no seu país entre outras medidas, perseguindo os meios de comunicação que lhe fazem (ou faziam) oposição. Álvaro Uribe, presidente colombiano, por sua vez, é sério, não sai pelo Continente contando bravatas.

As FARC estão na Venezuela, divisa com a Colômbia. É na Venezuela que parte desse grupelho marginal se esconde e recebe apoio.

Sobre isso, disse Lula que o conflito se resolverá com a posse do novo presidente colombiano, nos próximos dias e que tudo se resumia a um confronto verbal.

Claro que Uribe se insurgiria com essas declarações descabidas de Lula, afirmando que deplorava “que o presidente brasileiro, com quem temos cultivado as melhores relações, refira-se à nossa situação com a Venezuela como se fosse um caso pessoal.”

Bem, esse é o Lula em fim de mandato, que conseguiu passar por muitos episódios comprometedores como no escândalo do “mensalão”, envolvendo a cúpula de seu partido, tão próxima dele, afirmando que nada sabia das manobras milionárias, como pouco sabia do Plano de Direitos Humanos que assinara sem ler.

Há muito mais.

Neste estágio, materializa-se um clima melancólico que promete evoluir até o final do seu mandato.

Por tudo isso, pergunto o que pretende o povo brasileiro ao apoiar até aqui, em índices significativos, esse mesmo esquema de governo – o governo petista?

Talvez a pergunta seja outra: o que pretendo eu?

As coisas se definirão.