segunda-feira, 18 de julho de 2011

MEIO ANO DE GESTÃO


Os percalços de Dilma Rousseff nos primeiros 180 dias. Os desgastes nas exonerações no Ministério do Transporte. Estaria ela dando sinais de se afastar da “herança bendita” do seu padrinho? Até agora muitas interrogações!



Em junho a presidente Dilma Rousseff completou um semestre de mandato. O que dizer de sua atuação nesse período?

Um duro aprendizado, recheado de vacilações, de idas e vindas.

Ligada ao seu padrinho, com ministros “indicados” por ele, foi com muita dificuldade que decidira exonerar Antônio Palocci – não sem antes se avistar a propósito dos melindres com Lula.

Depois, tentara adotar, por ocasião da discussão do Código Florestal na Câmara Federal, a administração do “não”, de gerenciamento eficaz, isto é, negando peremptoriamente nomeações e trocas de favores por conta de votações do interesse do Governo naquela casa. Fechando o “balcão de negócios”.

Mas, não deu certo, porque o seu padrinho adotara sempre a administração do “sim” e consta até que Lula recomendara que ela adotasse postura mais distendida com os políticos aliados.

Desgastes.

Não demoraria muito e explode o escândalo no Ministério do Transporte, cujo titular era indicado por Lula.

Por ordem de Dilma fora demitida toda a cúpula do Ministério, mas mantivera o Ministro Alfredo Nascimento numa já numa posição insustentável para apurar as denuncias em sua volta. Ato surreal, infeliz, máxime porque nas suas proximidades, nas manobras da propina conforme denúncias agia com desenvoltura ninguém menos do que Waldemar Costa Neto, um dos envolvidos no mensalão e presidente de honra do partido “aliado”, o PR – Partido da República.

É de se admitir que não transpirasse essa presença num Ministério com essa importância como é o dos Transportes?

Lula movimenta-se dentro de seu estilo “exacerbado” e agora empurra para São Paulo o Ministro da Educação Fernando Haddad que no Ministério fizera, segundo ele mais do que qualquer outro na pasta.

Paulo Haddad pode até ser uma cara nova nesse PT desgastado em São Paulo, mas não é verdade que seja o Ministro que “mais fez pela educação”. Aquele cacoete de Lula do “nunca antes nesse país...” muda agora de tom.(1)

Se prosseguir o processo do mensalão no STF - e espera-se que seja concluído com condenações – um dia este país precisará mudar, quem sabe comece com esse processo -, claro que sobrará fagulhas para Lula, “que nada sabia...”

De modo discreto, por outra, há sinais de que Dilma tenta se afastar ainda que sutilmente da “herança bendita” (?!) de Lula, reconhecendo o valor da outra herança, a do governo do PSDB.

Além das exonerações que já fez a indicados de Lula, a carta elogiosa que remeteu por ocasião do 80° aniversário de FHC incluindo palavras positivas ao seu governo, arquivando aquela demagogia da “herança maldita’, que Lula incansavelmente citava em seus discursos mas da qual se beneficiou no seu governo, há uma outra manifestação, manchete de página interna de jornal, mas que se perdeu pela fugacidade da imprensa diária. Eis o trecho da notícia:

“Pouca antes da presidente discursar, a ministra de Desenvolvimento Social, Tereza Campello, fez um histórico das ações na área social e reconheceu o trabalho de Wanda Engel, secretária de Estado de Assistência Social no governo tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e considerada, por representantes do setor, como uma das pioneiras na política de transferência de renda no País”. (2)

Essa “revisão” do governo FHC pela presidente é mais consentânea com a realidade, com a verdade e neutraliza aqueles discursos despeitados de Lula que, infelizmente, deram - tem dado - resultado pela sua constância, insistência e...repetição.

Nessa conformidade, o governo de Dilma Rousseff – que nesses seis meses deixa a desejar - se encontrará, firmará sua “personalidade” a partir do momento em que se afastar da “herança bendita” do seu padrinho.

Legenda:

(1) V. "Desvios da Educação" de 22.05.2011

(2)Jornal “O Estado de São Paulo” de 07.07.2011 (“Avanço social precede Lula, admite Dilma”)._

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