terça-feira, 22 de novembro de 2011

DILMA E A HERANÇA MALDITA

Até que ponto Dilma, como ministra da Casa Civil não captava sinais de corrupção nos vários ministérios de Lula? A faxina parecia uma questão de consciência, mas vacilou mantendo o ministro do Trabalho.


Tenho notado um grau importante de apoio à presidente (a) Dilma Rousseff até pela sorte que teve nestes meses em exonerar ministros acusados de corrupção. Confirmam as estatísticas de opinião pública.

Ora com vacilações ora de modo mais decisivo, foram sendo afastados por ela um por um daqueles cinco que não poderiam mais suportar as denúncias que sobre eles pesavam ou de malversações de recursos praticadas nos respectivos ministérios.

Por desaprovar há muito o modo de conduta do PT e de Lula, condescendentes ou omissos com os abusos de seus aliados que compuseram seu ministério, instaurando-se a prática da corrupção, do tráfico de influência e tudo o mais que denigre uma administração pública tenho qualificado essa influência no governo Dilma como a efetiva herança maldita.

Lula, para esconder suas deficiências, até mesmo no nível cultural, afinal de contas não gosta sequer de ler, insistira a atribuir o mesmo qualificativo, o da “herança maldita” ao governo do PSDB (leia-se FHC) exatamente por ele que a tudo aproveitara das políticas implantadas que passara a assumir de seu antecessor quando na presidência da República.

A par disso houve distorções: penso que nunca jamais a política externa foi tão ruim quanto no seu governo, tão sem rumo e até certo ponto comprometedora ao colocar o país como se aliado ou tolerante a ditadores assassinos.

Mas, em termos de escândalos recentes, foi duramente atingido o Ministro do Trabalho, Carlos Lupi.

Fez cena no depoimento à Câmara para “se lembrar” do nome de um dirigente de ONG – “que não conhecia” – mas, que viajara com ele no avião que aquele contratara.

Ingênuo nas suas explicações imaginou que também ingênuos fossem todos os outros que o ouviam e os pudesse engodar.

Pego na mentira, desmoralizado no Senado, para se manter no cargo vai à presidência explicar o inexplicável e esta, talvez penalizada após o brado público de “amor” que proclamara, contemporiza e o mantém no Ministério deixando que ele sobreviva com o seu próprio desgaste.

Embora mantido é Lupi de fato o sexto ministro exonerado do Ministério. Enquanto mantido, lá estará ele com seus passos, suas estatísticas, as ONGs que se aproveitaram do dinheiro público na mais tranquila impunidade, agarrando-se ao cargo que não mais lhe pertence.

Por conta disso algo não cala para mim.

Todos esses ministros exonerados provem do Ministério do seu padrinho Lula, sua quota de indicação por fazê-la presidente (a).

Antes e durante a campanha o próprio Lula a qualificara de “gerente” da administração. Se assim fora, não notara ela esses desvios todos no âmago do mandato lulista do qual intimamente participara...e administrara?

Essa pergunta sempre esteve comigo e constituíam-se alívios as faxinas que vinha fazendo afastando seus antigos colegas de ministério envolvidos em desmandos. Era o preço a pagar para ir se libertando da herança maldita do seu padrinho e do seu partido. Mesmo uma questão de consciência.

Nesse passo, em termos de imagem pública o que esperar do ministro do Trabalho depois de todos esses desgastes? Para que mantê-lo? Por pena?

A continuidade da angústia. Se exonerado, uma semana depois, pouco dele se falaria, seria esquecido como mais um ex-ministro que não se houve bem no trato da “res publica”.

Não creio que tal relutância seja por receio de ameaças do PDT em deixar o governo. Esses deputados, valho-me de expressão popular, “não tem peito” para tal atitude.

Diante disso, houve a substituição do interesse público imediato pela tolerância ao individuo mesmo que sabidamente comprometido com as inverdades que proferira e com as denúncias graves que não conseguira desmentir.

Um tempo à faxina que bem começara para negar o que provavelmente tolerara quando ministra.

NOTA CURTA

Disse o “governador” de Brasília Agnelo Queiroz num nível elevado de deslumbramento:

“Palavra de um governador de Estado já é, por si só, uma prova”, ao se negar “a provar que o depósito de um lobista era apenas um empréstimo pessoal.” (1)

E o pior é suportar a imagem de um político dessa “grandeza” nos meios de comunicação com alguma frequência.

Aliás, Brasília, pelo seu tamanho quando muito haveria que ser dirigida por um prefeito e uma câmara municipal. Não por um “governador”. Mas, não é assim. Tem lá sua Câmara Distrital com 24 deputados e no âmbito federal é representada por oito deputados federais e três senadores.

Essa “representação” constitui-se na maior demonstração de desperdício de recursos públicos e que afeta no geral o “custo Brasil”.

Entre as minhas utopias, está a de se instalar uma nova ordem constitucional que reduza o número de deputados e senadores respeitando as possibilidades de um país pobre que há décadas desperdiça recursos vultosos com esses políticos, a maioria inexpressiva ou medíocre.

Referência:

(1) Jornal “O Estado de São Paulo” de 20.11.2011 (“Aliás”)

Imagem:

Blogs Diário de Pernambuco

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