segunda-feira, 14 de novembro de 2011

OS ESCÂNDALOS E AS ONGs

Até as ONGs, consideradas oportunas pela imagem que traziam de serviço e idealismo se renderam à corrupção. Um quadro lastimável de denúncias diárias que se confirmam, minam órgãos do governo, tiram sua credibilidade e a das próprias ONGs



Não podemos nos acostumar com a rotina dos escândalos de corrupção que se repetem como se tudo fizesse parte da vida brasileira agora agravada com o envolvimento de ONGs.

Essas ONGs, a pretexto de colocarem em prática projetos de educação, de esporte e no âmbito do trabalho e outros recebem não milhares, mas milhões de reais do governo e parte delas – pelo que se constata pelas denúncias não desmentidas – não prestam contas ou sequer existem, são de fachada.

E nesse diapasão, há uma relação espúria entre os Ministérios perdulários e os beneficiários do dinheiro público desviado por essas entidades fantasiadas de ONGs.

Os ministros envolvidos e já exonerados – e a exonerar mais dia menos dia – são de confiança do governo anterior a quem sucedeu a presidente atual, que os recebeu porque, afinal, era a imposição do seu padrinho.

Na verdade, a mim não surpreendem esses ralos fétidos por onde descem os recursos públicos subtraídos do povo brasileiro.

Fácil explicar: se no mensalão, “que não existiu”, segundo o PT e do qual Lula “não sabia de nada” com punições ridículas até agora desproporcional ao tamanho da negociata, como exigir seriedade de quem compartilhava desse ambiente de impunidade até há pouco?

Vejam com o que ocorre em Brasília: o governador, ex-ministro do Esporte de Lula, em desmentidos constrangedores depois de denúncias contundentes de suas exigências em receber propinas de empresa que agia no Ministério, ao receber em sua conta bancária um depósito de R$5 mil, alegou que fora pagamento de um empréstimo que fizera exatamente ao seu denunciante que se retratara.

São situações inomináveis, escárnios, mais se considerado o crescimento rápido do patrimônio desse governador.

Mas, as denúncias estão agora voltadas para a administração do Ministério do Trabalho.

Ali, também, há denúncias de irregularidades no repasse de recursos a ONGs.

Não sei bem como qualificar o atual ministro e serei cuidadoso para não avançar para o lado pessoal: seria um hábil politico? Ou um mero oportunista, deslumbrado pelo seu êxito ungido por Lula?

Os dois: “hábil” politico por tentar desautorizar a presidente Dilma ao afirmar que só sairia do Ministério a tiros, e que fosse munição de grosso calibre, proporcional ao seu peso. E o “colete a prova de balas” foi a ameaça de seu partido o PDT em deixar o governo se o ministro for exonerado.

Pressões, já beirando a chantagem de um partido menor. O que diria Brizola sobre o seu partido hoje...

E oportunista pelo modo como agiria depois.

Com efeito, de modo hilário – reação à advertência que recebera do Planalto pela sua bravata anterior -, mas para ele um gesto “sério”, proclamou o ministro o seu amor pela presidente: “Dilminha eu te amo”. Tudo meio bronco. O que não se faz por um cargo público!

Sendo o sétimo ministro exonerável, explicam-se as dificuldades da presidente em consumar esse ato. Afinal de contas, não tem sido muito apropriado ao currículo de Lula, mais um dos seus ministros saindo pelas portas do fundo sob denúncias de corrupção.

Explicam-se mas não se justificam, porém.

E sendo imparcial, salvo as estatísticas que divulga com frequência, não há pontos altos que destaquem as ações do Ministério do Trabalho...

Um sentido de burocracia, de carimbos, de homologação de sindicatos, aos milhares, de certo mofo.

Uma questão técnica inoportuna – o REP – Registrador Eletrônico de Ponto


Curioso que uma medida que causa muita polêmica se trata do novo controle de ponto que por ato administrativo (Portaria n° 1510/2009), o Ministério do Trabalho vem tentado impor e implantar em todo o país, o REP – registrador eletrônico de ponto.

O seguinte: um novo relógio de ponto que emite uma espécie de comprovante, uma papeleta na qual ficam registrados os horários de entrada e a saída de cada trabalhador, diariamente.

As contas: dois comprovantes por dia (apenas da entrada e saída do trabalho) = cerca de 44 por mês . 60 meses (prazo máximo não atingido pela prescrição) = 2.640 comprovantes em mãos do trabalhador.

(A quantidade dobra se houver marcação de entrada e saída do horário de almoço).

O número acumulado dessas papeletas é, pois, imenso se multiplicado pelo número de trabalhadores ativos no país todo.

Para quem atua ou acompanha os julgamentos da Justiça do Trabalho, a questão do horário, quando não ocorre comprovação convincente por documentos (cartões de ponto atuais) ou sendo eles fraudados, a prova se faz com outros elementos, a confissão que pode se dar nas audiências, a prova testemunhal...

Quanto a essas papeletas, quem garante que o trabalhador terá o cuidado em guardá-la sendo de pequeno tamanho? Certamente que servirá para marcar número de telefone, endereço, número da loteria...e, claro, lixo.

Assim, esse volume de comprovantes aos milhões, aumentará inutilmente o custo das empresas – e quem pagará por isso?

Por isso, a implantação dessa medida descabida – porque já há sistemas eletrônicos de folha que armazenam esses dados -, já foi adiada algumas vezes, devendo entrar em vigor em 1°/01/2012 e, segundo o ministro do PDT – por conta do seu colete e declaração de amor - não será mais adiada.

Essa medida, é claro, incrementará a produção de empresas que produzem esses relógios. E as que produzem as bobinas de papel. A nenhuma outra.

Azar deste país gerido pela incompetência e, também, pela corrupção.

Até quando?

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