domingo, 4 de dezembro de 2011

E LÁ SE FOI O 7° MINISTRO. Esse demorou!

Carlos Lupi, “demitiu-se” do Ministério do Trabalho. Resistiu o quanto pode, desgastou-se e desgastou a presidente Dilma que vacilou e demorou em decidir por sua saída. Carlos Lupi me lembra Bronco Billy, personagem de Clint Eastwood no filme do mesmo nome.

Haveria, talvez, mais o que dizer nestes tempos conturbados, mas me obrigo a, também desta vez, me referir ao ex-ministro do Trabalho, demissionário da pasta, depois que sua gestão foi envolvida numa série de escândalos e denúncias não desmentidas de desvios de recursos, via ONGs a serviço do Ministério.

Após as mentiras descaradas que proferiu no seu depoimento na Câmara – e o pior é que nelas foi pego -, mais aguçou em mim compará-lo com Bronco Billy, personagem de Clint Eastwood no filme do mesmo nome, no qual o herói Bronco era a principal atração do circo, por ser exímio atirador. (1)

No caso do nosso Bronco Luppy, antes de declarar seu amor à presidente Dilma – e me parece que ficou ela um pouco enternecida com a declaração a ponto de suportar semanas de desgaste com a insistência do ministro em permanecer no cargo – dissera que para derrubá-lo, os tiros teriam que ser de grosso calibre.

Os tiros vieram e tal qual no filme referido, a lona do seu circo pegou fogo.

Mas, já disse antes que Lupi não fora propriamente ministro de Dilma, mas parte da quota de Lula, que não se preocupara muito com as manobras dos seus ministros ou dos ministérios, que havendo como, poderiam desviar, como desviaram, recursos públicos. Ou por omissão. Todos felizes e Lula, complacente, de nada sabia. Afinal, o apoio dos partidos dos seus ministros fazia parte da “governabilidade”.

Ele tem esse mérito: o de tornar ministros figuras sem expressão ou não conscientes que ao assumir cargos de alto escalão é para defender o interesse público pelo que seria obrigação elementar resistir às tentações da corrupção ou beneficiar interesses de grupos, como tem ocorrido.

Curioso que, à medida que Dilma – vacilante, mas obrigada – vai expurgando os ministros de Lula, recebe elogios por esses atos moralizadores até do exterior.

Pode até ter lá seus méritos, mas não faz nada mais do que sua obrigação elementar até porque como ministra da Casa Civil, convivia cotidianamente com esses mesmos ministros e com o “estilo Lula de governar”. Ela já disse não faz muito algo com este sentido qual seja de que os erros de Lula eram também os seus erros”.

E o que dizer de Lula e esses seus ex-ministros? Se não o repreenderem as próximas eleições a tais abusos contra si e contra o seu partido, o PT, dirá a “história” - um consolo remoto -, por um conceito vago a ser inserido nos livros que documentarão estes tempos e seus eventos irregulares, abusos tolerados, a começar pelo mensalão, um marco significante do que de pior houve na sua gestão.

O povão que vota a seu mando, vivendo em condições precárias e sem saneamento aos milhares, acredita, ainda, no carisma alimentado pelo menino pobre e sacrificado que fugiu dos sertões pernambucanos para vencer em São Paulo.

Há esse sentido de identidade que o fortalece.

NOTAS CURTAS


1. O Jornal Nacional da Rede Globo não contará mais com Fátima Bernardes a partir desta segunda-feira. Constitui-se fato com alguma importância sua saída, pelo que se noticiou, a pedido? Sim, porque, no fundo ela era que dava aquele sentido de credibilidade, mais do que William Bonner ao programa. “Coisa da vida”, mudar é preciso (?!).

2. Fernando Henrique Cardoso, numa recente intervenção, sugeriu a Dilma Rousseff que diminuísse o número de ministérios. Pedido “politicamente correto”, conveniente. O que haveria que pedir – mas talvez não interesse ao seu partido que vem batendo cabeça – seria a redução do tamanho do Legislativo. Imaginem se o Pará for desmembrado? Serão mais 6 senadores e no mínimo 16 deputados! Aonde vamos parar com esse excesso de políticos e politiqueiros, a mediocridade muito bem paga pelo erário público? Como controlar essa massa de inoperâncias que pode girar em torno de 530 deputados (hoje são 513) e 87 senadores (atualmente são 81, incluindo Brasília). Este país é mesmo um a manancial de incoerências. Nem sei se terá conserto, um dia.

3. Atores globais e a própria Rede Globo, parece, se voltam contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, Estado do Pará (pelos lados de Altamira) uma aberração que afetará extensa área da Amazônia. Por conta da facilidade de inundar a floresta, ninguém neste e em outros governos tem respeitado o que de mais “sagrado” há nessa riqueza (não econômica – que é a regra que predomina na mente desses tecnocratas embrutecidos) da flora e a fauna ricas num momento em que poderiam ser pensadas – já é hora - novas alternativas de energia, excluindo a nuclear.

Quem desejar conhecer o posicionamento dos atores da Globo contra a Usina de Belo Monte acessem o blog: http://martinsmilton.blogspot.com (encontrem na crônica “Meus fantasmas, meus sustos, sonhos” de 27.11.2011)

Legenda:

(1) O circo mambembe "Bronco Billy's Wild West Show" viaja pelo interior dos Estados Unidos, apresentando números artísticos de faroeste. O proprietário e a principal atração, Bronco Billy McCoy, "o gatilho mais rápido do Oeste", está com problemas para conseguir uma assistente. As duas últimas se deram mal na apresentação e abandonaram McCoy. Os demais artistas também estão irritados porque não recebem salários há meses. As viagens e os problemas continuam, até que a crise mais grave ocorre quando um incêndio destrói a grande tenda do circo. (Wekipédia)

A foto é do ator e diretor Clint Eastwood numa cena do filme. (Google)

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