domingo, 31 de maio de 2020

A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM

Um quadro preocupante nos tempos do bolsonarismo… radical



1ª Premissa

Se metade do que acusam Lula e o PT for verdade e tudo se encaminhou para a confirmação da corrupção havida nos seus mandatos, o ex-presidente sindicalista, uma esperança de melhores dias em termos de igualdade social quando eleito, merecera a condenação e, no mínimo ser relegado ao ostracismo até por seus apoiadores, aos milhões.

Mas, na linha da esquerda inconformada, a culpa fora do juiz e do Judiciário em suas instâncias. Ele sempre fora inocente….

2ª Premissa

Os que não aceitavam o sindicalista e diante da corrupção denunciada e muitas provadas, surgiu um militar medíocre, um deputado trintenário medíocre que defendia a bandeira radical da direita, Jair Bolsonaro, que elogiou em momento o mais descabido (na sessão do impeachment de Dilma), o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um notório torturador dos tempos dos militares, nos porões do DOI-CODI vinculado ao II Exército. E repetiria os elogios ao coronel em outros momentos.

Apresentou-se como candidato para as eleições de 2018 como representante da extrema direita.


Então, a campanha...

A campanha do capitão fora a de mudar tudo o que havia, o fim de lulopetismo, o fim da corrupção, o fim do apadrinhamento, o fim de acordos com partidos para obtenção de apoio e, nesse diapasão, o fim da distribuição de cargos como moeda de troca.

Aos saudosistas de 64 e os que ojerizavam o petismo e a esquerda, foi um recado muito convincente: quem sabe não seria a repetição da ditadura de 64 com a reprise do AI-5?

Esquecem e não se perguntam todos esses já no “outono” de sua vida por que os militares, conhecendo todas as manobras da esquerda no poder, a aproximação com Cuba, investindo em obras por lá, com a Venezuela de Hugo Chaves, que fez do país isso que está aí com seu sucessor, apoio ao “Foro de São Paulo” e o que mais para não estender a lista, mas se mantiveram silentes nos quartéis, sem reação alguma, apenas obedecendo sua missão constitucional.

Com a chegada do capitão ao poder, aviventaram-se essas esperanças, as esperanças da “solução militar” sem qualquer crítica à omissão dos quartéis que se dera nos tempos do petismo!

Voltemos às eleições de 2018.

O PT como de costume, por seu líder maior, não quis apoiar qualquer outro candidato de esquerda, o Ciro Gomes, por exemplo, que poderia ser um candidato forte, então, mas que não convence os eleitores à esquerda com a projeção que seria exigida, optando por indicar um candidato improvisado, o Haddad, iniciando-se com ele uma campanha bastante expressiva, apesar de tudo o que de ruim tinha o PT a responder.

Sem o Lula disponível, que estava preso, com todas as denúncias e obrigado a permanecer na defensiva, obteve, o “poste” 47 milhões de votos. O candidato da direita, no caso o capitão Bolsonaro, 57 milhões.

Nessas eleições, ficou claro que o petismo e a esquerda não estavam mortos: 47 milhões de votos foram muitos, muito além do que se esperava.

Eleito Bolsonaro, os prognósticos eram otimistas. Moro fora chamado para o Ministério da Justiça, como um avalista do novel governo considerando sua fama internacional no julgamento dos processos intrincados da lava-jato.

Mas, aí, com o poder da presidência, algum tempo depois, passou a fazer discursos polêmicos, atacando os demais poderes que o enfrentavam, em muitos casos segurando seus excessos e, numa linha de defender seu governo, há alguns meses, fora instituído, nos porões do Planalto aquele que se chamou “o gabinete do ódio” por onde circulam mensagens as mais absurdas, falsidades, distorções, aberrações de natureza religiosa – como a imagem de Jesus Cristo segurando sua mão, salvando-o do afogamento que lhe era imposto pelos adversários —, ataques a estes criando um clima, no país, não de ideias – que lhe falta –, mas de permanente confronto entre “nós” e “eles”, como se dera nos tempos do petismo.

Aliás, a aproximação no modo de agir que se constata hoje entre Bolsonaro e seus adeptos e o petismo de Lula muitos são os pontos em comum. Já se disse, os extremos se atraem e se tocam.

Mas, das maiores omissões ou atos propositados, se dá na administração do meio ambiente que demonstra que essa riqueza natural não lhe causa emoção nenhuma. Desaparelhando os órgãos de fiscalização, mantendo um ministro incompetente que não ousa contrariá-lo nessa política de predação, a Amazônia vai sendo exterminada gradativamente e, se não bastasse, há ataques à “Mata Atlântica”, isto é, ele e seu ministro, são ameaças à desertificação de imensas áreas do modo mais vil. Não pensam no futuro da descendência.

Penso que ele numa autocrítica, incluindo seus filhos, reconhecendo mentalmente seus desvios de personalidade cercou-se de militares para servirem de anteparo às críticas e mesmo a processos de impedimento possível, que os defendem a despeito das aleivosias que proferem, se omitem quando proclamam a volta da ditadura, a intervenção no Congresso e no Judiciário nos moldes do que se dera em 1968, com o AI-5 ditado por Costa e Silva.

E se não bastasse, sua união ao grupo do “Centrão” aquele que age nos fundões do Congresso, para ter seu apoio em embates que podem ser graves, passou a distribuir cargos, exatamente contrariando o ponto central de suas promessas de campanha.

Isto é, as manobras espúrias das quais sempre se valeu o petismo.

Quem foram os traídos e o traidor?

No tocante à pandemia do coronavirus sua atenção tem sido, digamos, de indiferença às mortes, às vítimas afetadas gravemente pelo doença. Ora se morreram pessoas, “E dai?”, ironizou. Morreram 10 mil vítimas, há que comemorar com um passeio de jetski no Lago Paranoá. Nos quase 30 mil mortos, uma andança a cavalo no meio de sua torcida organizada em Brasília, como se a pandemia não fosse com eles.

Há no seu inconsciente a figura de Ustra.

E o pior é que se diz religioso!

Se em junho/2020 as vítimas fatais continuarem nesse ritmo, no final do mês beiraremos 70 mil mortes pela Covid-19. E ele jamais apoiou o isolamento que o mundo praticava. Ao contrário, pela sua rebeldia infantil desautorizava esses cuidados criticando os governos estaduais que o praticavam. Nunca saberemos, mas quantas seriam as vítimas sem o isolamento?

E nessa incerteza que ele age.

Muita das ameaças radicais que faz, tem a ver com a pressão da Polícia Federal e do Judiciário em apurar malfeitos de seu filho mais velho (Queiroz e as “rachadinhas”, lavagem de dinheiro) e outras acusações de menor escala mas relevantes com acusações a outros membros da família.

Mencionei acima os saudosos de 64. Eu sou daquele tempo. E na minha opinião, havendo um golpe tipo AI-5, não serão aqueles esquerdistas precipitados que reagirão. Haverá uma parte imensa da sociedade, a maioria, que reagirá a tal ato insensato porque Bolsonaro não tem o apoio que teve o golpe de 64 tanto pelos arroubos comunistas de deslumbrados como o apoio americano havido então às voltas com a guerra fria.

Os tempos são outros. E um ditador sem equilíbrio como ele? A história já não narrou casos parecidos e que se tornaram catástrofes políticas e humanas?

Mas, vamos pensar de modo positivo e esperar que Bolsonaro, que se invista de responsabilidades (!?) proximamente, sobreviva até 2022 e concorra à reeleição.

Com tudo o que ele tem propiciado, ele já inscreveu um grosso volume para a campanha de 2022… contra ele.

Seus adversários, ou a esquerda, como queiram, farão a festa com material tão rico para derrotá-lo do mesmo modo como se deu em 2018 com o PT. Ele e seus adeptos “pensam” que ainda poderão contar com 57 milhões de votos!

E será ele o cabo eleitoral inconsequente para proporcionar a gloriosa conclusão:

A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM

Nenhum comentário:

Postar um comentário