quarta-feira, 15 de julho de 2020

LUCUBRAÇÕES TENEBROSAS

A "arte" de escrever para mim mesmo

Esses pesadelos noturnos que me atacam

Há pouco me dera em dar uma olhada na ascensão de Hitler – o Führer - no governo alemão e, a seu lado, um fiel escudeiro, Goebbels – aquele de célebre frase, “uma mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade”. Não só, mas ambos com a insistente propaganda de elevação ao extremo do culto à personalidade, fez de Hitler uma presença sonambúlica na mente da grande massa alemã.

E dele um desastre mundial.

Os alemães nos tempos do nazismo, perderam a censura aos atos de violência e extermínio porque qualquer um que não fosse medido nas réguas da raça superior ariana faria parte da fila do extermínio inapelável.

Essa fila significou milhões de pessoas mortas nas câmaras de gás, vítimas de fuzilamento e o que mais pudesse ser aplicado naquele momento.

Eu me refiro a essa tragédia humana apenas para destacar o culto à personalidade e a obediência cega, mas, sobretudo, a atitude de homens e mulheres que se tornam obcecados pelos seus líderes.

E não há efeito nenhum ao ser demonstrada a verdade dos atos ignominiosos praticados por certos líderes, porque a “mentira os libertará”.


                                    

Do livro “1984” de George Orwell destaco este trecho de minha resenha:

“Orwell não dá esperanças: Winston, o herói "dissidente", como desejado, submetido a todas as torturas e sofrimentos, "espontaneamente", com convicção, se convence que "dois e dois são cinco". O seu axioma antes fora: "A liberdade é a liberdade de dizer que dois e dois são quatro; admitindo-se isto, tudo o mais decorre". 
No auge de sua "recuperação" passa a amar o "Grande Irmão".

 Amar o grande irmão a força, mas a grande massa, submetida a intensa propaganda pela “teletela, é incentivada ao não raciocínio porque o “Grande Irmão zela por ti”. (*)

Já disse isso, escrevi sobre isso, sobre “ O Anticristo”, um livro que li há pouco para conhecer um dos pensamentos delirantes de Friedrich Nietzsche que não pode ser subestimado pela legião de estudiosos de sua obra.

Mas, nesse livro, além da crítica implacável ao cristianismo, o autor destaca que o “homem superior” não pode ter compaixão, porque esse sentimento o enfraquece. E, nesse diapasão, a tragédia humana haveria que ser encarada com absoluta indiferença pelos circunstantes.

Não é, todavia, hipócrita, Nietzsche. Ele não faz “média” a qualquer religião embora informe numa das suas linhas, que o islamismo, por desprezar o cristianismo, é constituído de verdadeiros homens. (**)

Entendo que o cristianismo “puro” é um conceito interior, de espiritualidade. Não convence, salvo aos obcecados que acreditam que “a mentira os libertará”, gritar-se cristão e agir contra o cristianismo nos seus ensinamentos mais elementares. E porque ele conta, sobretudo, com a compaixão.

O Brasil de hoje

Primeiro a pandemia do novo coronavírus. Decisão acertada transferiu o STF aos Estados e Municípios o controle das medidas de prevenção da doença e, claro, ficando o Poder Central com as medidas de apoio e de coordenação pelo Ministério da Saúde.

A doença de modo vagaroso, mas sistemático vai fazendo vítimas.

O governo Bolsonaro, contrariado pela exclusão de tais medidas em nível nacional, até porque pretendia implantar medidas temerárias de prevenção “vertical” que consistiam em isolar apenas os indivíduos em grau maior de risco – critério desmentido pela realidade da pandemia que atinge todas as idades – não se cansou de sabotar qualquer tentativa séria de isolamento proposto pelos governadores.

Não assumiu como seria o seu dever dar o exemplo quanto ao isolamento e uso de máscaras e sistematicamente promoveu aglomerações, sem se preocupar com os riscos que corriam aqueles que o bajulavam. Quantos desses foram para os hospitais em Brasília?


                                    
                           Bolsonaro a cavalo por ocasião dos 30 mil mortos, vítimas da pandemia. Depois, aglomerações.

Beirando neste instante das 75 mil mortes (em julho a “meta” será 100 mil? - “E dai?”), sua propaganda desqualificada atribui aos prefeitos e governadores a culpa pelo desemprego e pelo avanço da doença. 

Uma postura censurável sob todos os pontos de vista, mas aceita pelos obcecados defendendo seu modo de agir, ainda que indiretamente negando o cristianismo que alega professar porque seu vocabulário de baixo calão do pior nível não pode atrair divindades relativas ao “deus” que invoca.

Não se espera sua santidade, apenas coerência.

E não somente nesse tema as mensagens mentirosas (as “fake news”) rodaram às centenas, algo parecido com a repetição da mentira se tornará uma verdade (“a mentira os libertará” – os seus homens obcecados vibram com elas porque têm como confirmar o seu “amor” pelo líder “espezinhado pelos inimigos”).

[As mentiras e distorções chegaram a tal ponto que o "Facebook", dos bolsonaristas, excluiu dezenas de páginas provindas do denominado "gabinete do ódio"]

Pior que a propagação das “fake news” seria uma forma de liberdade de pensamento. Hoje há entre os obcecados do presidente e outros que defendem essa distorção. Um absurdo ao aceder ao princípio de que a mentira significa "liberdade de expressão"!

Não, nesse emaranhado todo, não houve tempo para ou interesse à compaixão. Então, o “homem superior” de Nietzsche no seu “O anticristo” prevaleceu, nos atos e nas palavras de Bolsonaro.

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A segunda questão que neste meu canto me leva à emoção é a destruição irresponsável da Amazônia, como política bolsonarista.

A insanidade chegou a tal ponto, nesta hora que escrevo, que até empresários nacionais e internacionais - afeitos à linguagem do dinheiro - fazem apelos sinceros no sentido de acabar com as queimadas e grilagens na floresta, preservar a Amazônia e a vida indígena que lá sobrevive. Quanto a esta, o desprezo constatado no dia a dia parece ir se materializando - eu não digo (ainda) em prática genocida silenciosa.

Todos se emocionam em ver um animalzinho doente, maltratado pelas ruas, abandonado. Imaginaram os milhões deles, de múltiplas espécies que são ceifados pelos incêndios e devastações das matas, seu habitat natural? E o que mais choca é o bolsonarismo não se dar conta disso na sua “religiosidade”. (***)

É que há a consciência de que o planeta e sua natureza não agem de modo estanque. Tudo está ligado com tudo e à ação criminosa, como se dá no ataque ao ambiente, há a reação planetária e, nesse diapasão, a pandemia de agora que os maiores cientistas ainda não a explicam de modo convicto. 

Muitos são os que acreditam nessa correlação, mas silenciam para não parecerem "esotéricos" demais, neste mundo da linguagem do dinheiro, das coisas materiais, embora a vida seja curta e, à sua extinção, também ninguém explica.

No que se refere, porém, às mudanças climáticas para pior que vem se agravando com a poluição do ar, dos oceanos e com a perda dos fenômenos que a mata produz em relação à melhoria do clima, todos os que tenham um mínimo de discernimento, sabem disso. E, também, há que se pensar nas gerações futuras.




                                   O desprezo ambiental exacerbado na Amazônia pelo governo Bolsonaro

Enquanto isso, em matéria de vida e morte o coronavírus vai ceifando vidas sem cessar especialmente no Brasil e Estados Unidos.

Por tudo que tenho visto e lido nestes últimos dias os bolsonaristas radicais e obcecados pela postura do seu líder que tudo o que fala por pior que seja a falsidade ou a distorção, é retratado como verdade a ser divulgada de modo até irresponsável.

“A mentira vos libertará”. Repita-a muitas vezes e ela será a “tua” verdade.

Na questão ambiental, aqui no meu canto como costumo dizer, tenho o direito de dizer, “eu não disse?” no tocante à desastrosa política ambiental do governo Bolsonaro tão predador quanto seu ministro anti-ambiental por tudo o que escrevi desde a posse.

Os tempos são de temor, de trevas e de ignorância razões que clamam a luta a ser empunhada pelos que, como eu, não aceitam esse descaso.

Porque todos aqueles que percebem estes tempos turvos, percebem essa nuvem negra encobrindo o planeta "materializada" por essas forças vandálicas que predominam nestes tempos.

A guisa de conclusão

1. Aquela introdução acima tem a ver com a falsidade oficializada no regime nazista – “a mentira repetida muitas vezes se torna verdade” – o culto obsessivo à personalidade do líder por uma massa de milhões levada a sequer a não pensar na tragédia diante dos seus olhos, anulada pelos seus encantos de poder;

2. A perda de liberdade em dizer que dois e dois são quatro - qualquer mentira proferida e repetida afeta essa liberdade;

3. E a indiferença com o sofrimento alheio rareando a compaixão, faltando aquele sentido superior da religiosidade.


Explicando, por fim...

No tocante ao bolsonarismo e o culto à personalidade de seu líder, além do já exposto, cheguei à conclusão de que há, realmente, um quadro obsessivo em relação a Bolsonaro ao constatar a reação de amigo de mais de meio século que comigo enfrentou desafios interessante na vida estudantil em São Caetano do Sul, que se valeu do baixo calão – uma característica do bolsonarismo – porque talvez não tivesse meios de combater meu posicionamento em artigos diversos em relação ao governo atual ou se tivesse, não quis perder tempo expondo suas ideias faltando com o padrão de debate sadio pelo menos em homenagem à longa amizade. Preferiu o  baixo calão.

Referências no texto:

(*) "1984" de George Orwell.
Acessar: https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2017/07/12-1984-de-george-orwell.html

(**) "O Anticristo" de Friedrich Nietzsche.
Acessar: https://resenhadoslivrosqueli.blogspot.com/2020/06/o-anticristo-de-friedrich-nietzsche.html

(***) Meu artigo "A alma da floresta e os animais viventes".
Acessarhttps://martinsmilton.blogspot.com/2020/05/a-alma-das-florestas-e-os-animais-almas.html


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