sexta-feira, 28 de outubro de 2022

MORO E DALLAGNOL E TIRIRICA. UM TRIO

Fora o Moro para mim, num dado momento, a grande figura da 3ª via, contra o Lula e o Bolsonaro.

Ora, os processos da Lava Jato mesmo anulados pelo voto de Gilmar Mendes ganho no berro perante seus pares no STF, não o desmereciam.

Teria, porém, havido excessos nas provas coligidas, a efetiva propriedade do apartamento triplex no Guarujá e o sítio de Atibaia?

Hoje com muita calma, conclui que excessos houve, mas havia os desvios na Petrobrás, que fora reembolsada em R$6 bilhões tais os saques de que fora vítima a empresa até por seus executivos. Isso não poderia ser ignorado e eu me perguntava se, anulados os processos julgados por Moro, por absurdo que fosse, os bandidos teriam o ressarcimento dos valores devolvidos à Petrobrás?

Gilmar Mendes era para mim o que podia ter de pior no STF.

Mas, as coisas caminham e nada como o tempo.

Moro, aceitara o Ministério da Justiça e Segurança Pública, com a promessa de Bolsonaro de que teria carta branca. Com tais promessas não vacilou em renunciar à magistratura. 

Mas, nem carta branca e nem autonomia: o capitão começou a se incomodar com ações da PF e passou a dar “recados” diretos de que se não pudesse mudar a cúpula da polícia, mudaria o ministro.

Fora naquela reunião ministerial grotesca de 22 de maio de 2020, sim, aquela mesma do “sócio” dos madeireiros, Salles, que sugeriu diante da preocupação com a pandemia, que poderia "passar a boiada", isto é, tudo que facilitasse a devastação da Amazônia.

Moro, humilhado, se demitiu do ministério, caminhou de lá para cá, meio sem rumo até aceitar concorrer à presidência, pelo Podemos, apresentando como candidato da 3ª via.

Antes de tudo, Moro sabia:

 Das fake news, esse método sórdido de fazer política,

● E nesse lapso de espera, começaram a surgir informações mais precisas das rachadinhas praticadas pela família do presidente (e ele, Moro, sabia do processo instaurado);

 Da compra de dezenas de imóveis com dinheiro vivo, o “orçamento secreto” do qual, embora negue, é Bolsonaro o pivô do seu "sustento", comprando o centrão;

Do escândalo de sonegar informações do cartão corporativo e outros atos suspeitos “arquivados” por cem anos. 

Da proliferação de armas como se fora uma "conquista".  

Da devastação ambiental;

Da cloroquina contra a vacina;

● Do deboche às vitimas da pandemia, imitando pacientes com falta de ar; 

Da manipulação religiosa com  "pastores" em busca de favores e até casos de corrupção como no Ministério da Educação;

Desses falsos evangélicos controlando fiéis ingênuos. Tudo em nome da "política" em prol de um "ungido" num processo de hipocrisia nunca vista.

Ora, me perguntava e me pergunto: qual o significado do sítio de Atibaia e o apartamento do Guarujá, comparados com as mansões adquiridas pelas três famílias de Bolsonaro? E as dezenas de imóveis adquiridos com dinheiro “vivo”?

Os impolutos da lava jato, Moro e Dallagnol sabiam disso tudo e a tudo ignoraram. O desvio moral de ambos tinha a ver com a fixação apenas nos atos do PT e de Lula. Isso para “provar” que agiram corretamente na obtenção de prova e correção nos julgamentos, depois anulados pelo STF por suspeição. 

Como se interpretar essa conduta? Não há indícios de suspeição? Pois, há.

Então, essa dupla jogou no lixo o que restava da lava jato ao assessorarem, de modo inconsequente Bolsonaro no debate da TV Bandeirantes já eleitos Moro como senador e Dallagnol deputado federal ambos pelo Paraná.

Moro punha a cara fora dos estúdios para mostrar a Lula que lá estava como se pretendesse intimidar o candidato ou representar a imagem do justiceiro. Mas, na adesão lamentável de ambos ao capitão os fizeram figuras submissas,  políticos de baixo relevo como qualquer outro, oportunistas e sem ética.

Eu me envergonho de ter considerado Moro um sujeito diferenciado.

Moro e Dallagnol estarão muito bem se, no Congresso Nacional, armarem um trio com o deputado bolsonarista Tiririca.

Por isso votarei em Lula.

Uma página suja que relato nesse texto pouco mais longo, escrito para mim mesmo, como registro das minhas decepções neste país de absurdos.


Um comentário:

  1. Artigo bem elaborado. Vou arquivar na minha pasta de referências para consultas. Obrigado.

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