terça-feira, 13 de julho de 2010

DOS CRIMES E DAS PROVAS

O que há de enlace entre o crime do casal Nardoni, da ex-procuradora que agrediu a menina de dois anos aos seus cuidados em processo de adoção e até mesmo do goleiro Bruno.


Relembro que não sou criminalista. Mas, nos meus contatos com colegas que atuam nessa área, por ocasião do julgamento do casal Nardoni, alguns lançavam dúvidas de sua culpabilidade porque não havia uma prova definitiva do crime que vitimara a menina, atirada do 6° andar do prédio onde residia.

Nessas lucubrações reservadas nos cantos do Fórum, insistia que à defesa do casal pouco restara a argumentar: os poucos segundos entre a subida do elevador do prédio e a queda da menina, a marca da tela empoeirada na camisa do pai, a marca da sola de seu calçado na cama...

Com tais elementos entre tantos outros, quem poderia ter executado crime com a presteza de segundos se não o casal?

A seta da culpa se voltou contra ele. Não havia como ser diferente até porque longa a repercussão do caso sem que houvesse, nesse lapso, qualquer fato novo, qualquer argumento diferenciado que pudesse colocar em dúvida a sua culpa que haveria de ser reconhecida pelos Tribunal do Júri unanimemente.

Esse mesmo afunilamento se deu com a ex-procuradora carioca condenada por agressão a uma menininha em fase de adoção por ela, com apenas dois anos de idade.

Ora, confessara ela ter gritado e usado palavras desqualificadas com a adotanda porque teimosa em não comer e batera nela apenas uma vez, dissera. Mas, e os olhos roxos, inchados e divulgados, comprovados por laudo pericial?

Negando a agressão numa entrevista emocionada, quem poderia ter praticada aquela violência se não ela considerando o modo como vinha tratando a menina?

A seta da culpa voltou-se contra ela o que proporcionou dura condenação: saiu do purgatório de sua vida sem brilho, direto para o inferno do sistema prisional.

Nessa mesma linha se insere o advogado, ex-policial, apontado como o principal suspeito da morte da advogada Mércia Nakashima. No instante destas linhas, seu namorado, considerado foragido, acusado de autor do seu assassinato, diante da ordem de prisão expedida parece o princípio que o conduzirá àquele funil estreito da autoria qualificada: carro afundado na lagoa, tiro no rosto da advogada!

Não o acuso, mas o modo como se deu o assassinato tende a deixá-lo sem opção de defesa, do mesmo modo como se deu com o casal Nardoni e com e ex-procuradora. É esperar o desenrolar dos acontecimentos para que esse quadro se confirme...

Finalmente, a brutalidade inimaginável que se deu no assassinato da ex-amante do goleiro Bruno do Flamengo, Eliza Samudio, de 25 anos.

Nesse caso, há um quadro mais complexo.

Bruno além de ídolo da torcida flamenguista, fora do campo e dos holofotes era espécie de mandatário de asseclas reverentes e fanáticos que o seguiam e o “assessoravam”. Afinal, trata-se de um deles que se dera bem na vida, percebia salário astronômico de R$200 mil por mês, ficara rico e nesse submundo quase tudo podia se desejasse. Veja-se a mensagem tatuada nas costas de seu “secretário”, Luiz Henrique Romão, o “Macarrão” quão patética ao jurar fidelidade indeclinável ao seu ídolo: “Bruno e Maka: a amizade nem a força do tempo irá destruir amor verdadeiro”.

Em sua volta, pois, a submissão e a reverência sem censura e senso chegando ao máximo com barbárie praticada contra a moça Eliza.

Claro que o inquérito não está terminado, muito há apurar, mas se metade do que foi divulgado coincide com os fatos, já serão atos de extremo pavor.

Não serei eu que chutarei o “goleiro” enquanto o inquérito não esteja concluído, mas pelas suas reações, parece ter dificuldades em entender a gravidade das acusações que lhe pesam, como o mandante de um crime assim bárbaro. Talvez haja a perturbá-lo um sério problema de QI.

Tantos os envolvidos nessa barbárie contra a moça massacrada covardemente que obriga, necessariamente, esforço concentrado das autoridades policiais e judiciárias no intuito de obter a verdade ou o máximo próximo dela, com ou sem os restos (na acepção do termo) mortais da vítima.

E será então o momento em que Bruno estará só e totalmente implicado, sem que lhe socorra qualquer atenuante.

Eu acredito que isso ainda se dará.

Mas, começa a luta da defesa.

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