quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A IMPRENSA E OS + DE 80% DE APROVAÇÃO DE LULA


A contribuição da imprensa nos mais de 80% de aprovação do governo Lula, segundo o IBOPE. O “caso” e a decisão lamentável da não extradição de Cesare Battisti.

Símbolo das Olimpíadas


É tanta a repetição de que Lula sai com mais de 80% de aprovação de seu governo que começo a acreditar que esse porcentual é verdadeiro.
Já apontei certa contradição entre esses elevados índices e a votação expressiva de Serra nas últimas eleições. A derrota do PT no Estado de São Paulo. Esses votos não são a expressão dos que discordavam do governo Lula, mas silenciosos nas suas manifestações? Penso, assim, que há certa superficialidade nessas pesquisas - "está tudo ótimo, não está?" -, certa euforia desmedida no momento de sua coleta se considerarmos o descalabro que se dá na saúde pública e no saneamento básico, para ficarmos apenas nesses pontos.
Há méritos, sim, na continuidade do que herdara quando assumiu Lula o primeiro mandato: moeda estável, inflação controlada e política econômica austera. Dai, havia apenas que bem cuidar da horta. E ao bem cuidar a colheita foi soberba.
Postos esses elementos, há que ser pensada a contribuição da própria imprensa nesses altos índices de aprovação. Nos jornais de projeção, não há que se considerar influentes os editoriais e artigos de fundo que criticavam o governo e os deslizes de Lula em assuntos sérios – que poucos leitores sobre eles se debruçam e meditam – mas no noticiário geral, nos portais, na televisão e na própria imprensa escrita.
Quantas e quantas manchetes noticiavam com destaque o crescimento de sua aprovação, quantas vezes repetidas essa informação, à exaustão. A materialização da verdade.
Dos seus discursos repletos de metáforas, de bobagens mesmo, de deslizes a imprensa, de regra, editava e levava ao ar aqueles trechos considerados os melhores além de repercutir a sua autoavaliação em tudo, do “nunca antes neste País.” E também: “eu sou a encarnação do povo”, “vocês podem chegar lá como eu cheguei.”
Nessa linha se tem um veículo que colaborou com esses altos índices de aprovação fora ninguém menos...que a imprensa.
A despeito disso, sempre que a imprensa noticiava algum escândalo – e não foram poucos – ou mazelas do governo Lula, era ela “culpada” de só enxergar o lado ruim.
E por conta da liberdade que desfruta como elemento fundamental da democracia, há os que a tentam controlar, diminuir sua influência, propondo medidas iniciais aparentemente sem muita repercussão. Mas, após o primeiro passo, outros poderão se dar...
Um desencanto a postura do assessor especial de comunicações jornalista Franklin Martins que se empolgou fazendo discursos acaloradas nesse objetivo, mesmo sendo contraditado pelo que dizia a presidenta recém-eleita Dilma Rousseff que em seus discursos insiste em ter a imprensa livre. Do seu discurso de posse: “Prefiro o barulho da imprensa livre do que o silêncio da ditadura.” (*)
Essas distorções, pois, são arroubos do poder que subiu à cabeça de alguns do governo que sai. No caso do citado assessor, parece que não terá espaço no novo governo. E se assim se der, provavelmente volte para a TV Bandeirante para reiniciar seus comentários amenos sobre a política brasileira, máxime porque estará no poder a continuidade do governo Lula – pelo menos em suas linhas gerais, pela assunção de Dilma Rousseff. Se sua tese era o início do controle dos meios de comunicação, certamente que se valerá da autocensura em seus comentários nos meios de comunicação os quais, depois de externados deles pouco se lembrará.
Sai Lula em boa hora ufanista e consagrado.
Só espero que Dilma Rousseff faça seu próprio governo, expondo-se ao sol para fugir da sombra de Lula.

“Caso” Cesare Battisti

Condenado na Itália o citado “ativista” por quatro assassinatos, Lula, como esperado, negou sua extradição. Prevaleceu a “doutrina” Genro que já havia concedido ao terrorista a condição de refugiado político.
O argumento frouxo que prevaleceu fora de que, se extraditado, poderia Battisti, condenado à prisão perpétua, sofrer “perseguição política”. Ora, ele apenas voltaria para a prisão de onde, por tudo o que se noticia, nunca deveria ter escapado.
Há, também, o argumento de que tal condenação severa se dera por conta da revelia. Revelia? É revel quem assim decide ser geralmente para não responder diretamente por seus crimes.
Claro que a Itália, um pais civilizado, a despeito dos escândalos de Berlusconi, haveria que se indignar porque a condenação atendera lá o princípio do “devido processo legal”.
Infelizmente o Supremo Tribunal Federal – que deverá reapreciar o assunto – embora tivesse julgado pela extradição deixara a decisão final para Lula.
Ademais, nessa doutrina inconvicta e contraditória que ainda prevalece em setores desavisados do petismo, todo terrorista ou o eufemismo “ativista” tem que ser perdoado. Suas vítimas, ora essa, já estão enterradas há décadas, para quê desenterrá-las?
Será possível que esses “doutrinadores” não perceberam que os tempos mudaram? Que Cuba está caindo de velha? Que já não se aceitam mais os acintes iranianos de apedrejamento e de repressão às manifestações políticas? Que nada de positivo foi alcançado com “novos companheiros comerciais”, relevando ditaduras e governos retrógrados na África?
Lula perdeu a grande oportunidade de agir dentro dos melhores princípios democráticos respeitando o decidido pelo Judiciário italiano que condenara o “ativista” pelos seus crimes. Aliás, não fora em Cuba que Lula preferira não interferir na política daquele País? Em comparar dissidentes políticos cubanos em greve de fome com marginais, mesmo tendo ele, Lula, sido preso nos tempos dos militares, em 1980, também por dissentir e fazer greve de fome? Não foi no seu governo que surgiu o conceito, no caso do Irã e do apedrejamento, que a questão dos direito humanos é preocupação “ocidental”?
E pior, por aqui se fez um calhamaço “doutrinando” os direitos humanos. Não façam o que eu digo!
Aliás, nem tão humanos assim!
E o ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao divulgar a decisão brasileira falou em “decisão soberana”! A “decisão soberana” se deu no último dia do mandato de Lula, um ‘modo razoável’ para desviar a atenção de assunto de tal gravidade, porque no dia seguinte haveria a solenidade de posse da recém eleita.
Talvez Dilma Rousseff que foi “ativista” repense essa matéria e dê um novo enfoque a ela. E se assim for que seja com urgência.

Símbolo das Olimpíadas

Não tenho nenhum talento para ser destrutivo mas não consigo me conter: o símbolo aprovado das Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, me lembra menos o “Pão de Açúcar” e mais uma sunga estilizada e colorida. Fazer o quê?

→→ (Coloco-me disponível para sugestões e críticas às minhas opiniões e mesmo correções às informações que as fundamentam. Liberdade de opinião!).

(*) O discurso de posse da presidenta Dilma Rousseff foi muito convincente. Transmitiu confiança e esperança. Torço a favor!

Imagem: 1a. página do jornal "Folha de São Paulo" de 28.03.2010

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