domingo, 23 de janeiro de 2011

TRAGÉDIAS NO RIO DE JANEIRO & Anexos

A tragédia no Rio de Janeiro. As chuvas intensas no Brasil, distúrbios ambientais severos no mundo. Consequências do aquecimento global.

Da necessidade de se ocupar da política ambiental em projetos de ocupação do solo.


O Rio de Janeiro pela sua exuberância e orgulho tem um modo muito próprio de resolver ou de não resolver os seus problemas.

Já me posicionei sobre eventos recentes havidos na “Cidade Maravilhosa” qual seja a expulsão dos marginais do "Complexo do Alemão” episódio que revelou quão armados estavam eles, detentores de arsenal incomum. E grande quantidade de drogas estocadas.

A reação que desencadeou o desmantelamento do reduto desses bandidos na verdade se deu pela ação deles em atacar a cidade.

E se tal não se desse?

Talvez ainda estivessem pelos morros ameaçando os moradores, traficando e ostentando armas de grosso calibre.

O êxito das ações haveria que ser comemorada até pelo modo como foram desentocados os marginais muitos escapados pela tubulação de esgoto bem a caráter.

Não se pergunte, porém, como foi possível se armassem tantos os bandidos. Não há interesse nos antecedentes.

Nestes últimos dias choveu demais em regiões várias do País. São Paulo vive debaixo das águas há semanas, Minas Gerais conta mais de 80 cidades em situação de calamidade pelas chuvas.

Mas, foi para o Rio de Janeiro que as atenções do País e do mundo se voltaram num espaço curto de tempo após as ações nos morros pela tragédia em sua região serrana, Petrópolis, Nova Friburgo, Teresópolis e adjacências. No instante que redijo já se contam mais de 800 as vítimas fatais dos deslizamentos dos morros devendo passar de mil porque há muitos desaparecidos.

Choveu demais. A quem atribuir a responsabilidade pela hoje considerada a maior tragédia “natural” do País?

Entre um discurso e outro, ouviu-se que a população cresceu e os grupos mais carentes ocuparam essas áreas de risco, embora nas regiões da tragédia, havia moradias de alto padrão.

De quem é a culpa? Não se busquem, mais neste caso, os antecedentes.

Pela extensão dos eventos, não creio que até um eficiente sistema de comunicação disponível ordenando a evacuação pudesse, talvez minimizar um pouco, evitar o todo da tragédia. Porque as pessoas se apegam ao lar, ao seu reduto que pensam preservado com a chave que tranca a porta.

Mas, essa tragédia, não só para o Rio, significa, mais que mera advertência, sério aviso de que as coisas precisam mudar, de que, definitivamente, haverá, nas ações urbanas, que ser considerado o aspecto ambiental. Não há mais como improvisar ocupações desordenadas, até por negligência ou tolerância da má política e maus políticos que propõem “soluções” de risco, acomodações, não avaliando as decorrências que advirão, o perigo inscrito.

Não se trata de postura esotérica ou de visionários aquela de acentuar as mudanças que se processam na atmosfera pelo aquecimento global.

Em uma edição passada, o Jornal Nacional da Rede Globo apresentou outras tragédias ocorridas nos morros do Rio de Janeiro que vem crescendo com o tempo, culminando com esta última deste janeiro de 2011 que ultrapassou, nos seus efeitos todas as outras de longe. O mesmo se constata com as enchentes em São Paulo. Aqui, o rio Tiete, principalmente, cada vez com mais frequência, avança sobre margens que lhe foram sonegadas há décadas.

Enchentes de grandes proporções atingem a Austrália e outros países, inclusive nos Estados Unidos. Neste País, as nevascas severas se repetem como nunca antes. Em outros continentes, dá-se o frio intenso como em alguns países da Europa e calor acima da média na África e oeste da Ásia.

Notícias dão conta de que o derretimento de geleiras na Groelândia fora acentuada em 2010, como nunca antes prevendo os pesquisadores que o aumento do nível do mar por esse fenômeno pode ter consequências graves. Aliás, muitas são as praias que recuam em seus limites por conta, certamente, dessa ocorrência que gradativamente vai se ampliando.

Estamos sendo “esotéricos” nestas considerações?

Não estamos.

Em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo” o biogeógrafo Jared Diamond adverte que “esta é a primeira vez em que o mundo inteiro se encontra sob risco de suicídio ecológico”. E diz a certo ponto da entrevista rebatendo aquelas posições de cientistas de que estamos apenas assistindo a um ciclo natural da Terra:

“Sabe a palavra inglesa rubbish? Significa lixo, mas é usada em linguagem coloquial em referência a ideias ridículas. O argumento de que as mudanças climáticas que estamos presenciando hoje sejam apenas naturais é simplesmente ridículo. Tanto como aquele que nega a evolução das espécies. As evidências de que tais mudanças se devem a causas humanas são irrefutáveis. Os anos mais quentes registrados em centenas de anos se concentram nos últimos cinco que passaram. O planeta já enfrentou flutuações de temperatura no passado, mas nunca nos padrões registrados hoje. Não conheço um único cientista respeitável que afirme que as atuais mudanças de clima não se devam à ação humana. É por isso que eu digo: rubbish.” (1)

Na condição de observador, viajando em regiões no Estado de São Paulo e Minas, constato IMENSAS áreas plantadas sem que os agricultores sequer em pequena extensão preservam florestas naturais. A terra fica a mercê de canaviais e outras culturas sem qualquer defesa e, embora sejam áreas plantadas, pouco contribuem para diminuir o aquecimento que delas emana.

A devastação prossegue praticamente livre na Amazônia – mesmo com comemorações descabidas de que teriam elas diminuído - e até no Cerrado que vira carvão significando irresponsabilidades até mesmo considerando o argumento de que essas práticas geram empregos mesmo que signifiquem serrar o galho na ponta em que se assentam, não medindo as consequências do que advirá de pior. Aliás, já há os primeiros recados e epístolas eloquentes.

Assim, rejeito de modo veemente o projeto de reforma do “Código Florestal” proposto pelo deputado Aldo Rebelo, pela sua inconsequência, pela pretende perdoar punições a agricultores que não cumpriram a lei, que devastaram e, pior, entre outras aberrações, propõe diminuir as matas de proteção de margens de rios e córregos. (2)

Ao contrário, esta é a época em que a questão ambiental, políticas de prevenção devem ser consideradas com rigor a par de exigir a ampliação de áreas florestais.

Sobrará ainda muitas áreas para o plantio e até mesmo para manter o maior gado bovino do mundo. (3)

Este é, efetivamente, o país dos besteiróis e o pior de tudo que muitos deles se efetivam como política oficial. Caso, por exemplo, da guarida oficial dada ao terrorista italiano Cesare Battisti, pelo aumento sórdido de vencimentos que deputados e senadores aprovaram para si próprios. E não se esqueça a eleição de tiritica, o mais votado do País – uma forma de protesto, que não resolve nada, só piora.

Referências no texto:

(1) Jornal “O Estado de São Paulo” de 23.01.2010. Jared Diamond é professor da Universidade, autor do livro “O terceiro chimpanzé, Armas, Germes e Aço e Colapso” – Editora Record – 2005.

(2) Meu artigo “Reforma do Código Florestal” de 04.07.2010

(3) Meus artigos “Resenha ambiental” de 10.11.2010 e “A criação bovina e o custo ambiental” de 21.06.2010.

→ (Coloco-me disponível para sugestões, críticas e principalmente correções às minhas opiniões e informações).

Foto: Mata Atlântica (Fonte: http://educar.sc.usp.br/licenciatura/trabalhos/mataatl.htm

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