segunda-feira, 11 de abril de 2011

O QUE JÁ NÁO SE DISSE SOBRE REALENGO?

A tragédia na escola no Bairro do Realengo no Rio de Janeiro dificilmente explicável. A emoção real mesmo ignorando “apelação” das redes de TV que se excedem na repetição das cenas mais chocantes. Bullying, armas e drogas. O que esperar do futuro?


Ainda não me acostumei com o crescente nível de violência que estes tempos oferece.

Guerras insanas, insanos se agarrando ao poder como se imortais fossem e, nessa quadra tresloucada, os meios de comunicação repercutem o pior com todos os detalhes.

Bem, é o trabalho da imprensa, que não haverá como conter assoprando aqui, do lado de fora.

Se se contivessem, haveria que ser no seu interior, no interior das redações, não como autocensura, mas um modo de preservar certos valores sem omitir a informação.

Nas grandes tragédias, há um esforço para a emoção. Chega o repórter:

- Você chorou pelo seu filho morto?

- Como a senhora se sente com a perda de sua casa?

Ambos (ou ambas) os (as) entrevistados (as) choram e levam aquele sentimento de angústia para os telespectadores.

Indiretamente, como aqueles textos de autoajuda que exploram situações extremas: “está se queixando do que, veja o que enfrenta o seu semelhante infeliz”?

Todos, afinal, haverão que se emocionar e chorar. E muitas vezes, porque a cena será repetida até cansar.

Estaria mentindo se dissesse que, com essas abordagens ou não exibidas na televisão, não me emocionei com os assassinatos no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro.

A brutalidade derruba:

- Virem-se para a parede que eu vou matar vocês, não adianta fugir, ordenou o tresloucado. (1)

Todas as vitimas pré ou adolescentes que se refugiavam numa espécie de templo onde o lapso que ali passam, no dia-a-dia, é longe do consumo das drogas e da própria violência. E são ensinados a repudiar tanto umas como a outra através do estudo e da educação.

Dizem que o assassino, um desequilibrado com timbres de religiosiodade, teria sido vítima de bullying naquela escola.

Se verdade ou não, o bullying é um desvio grave que precisa ser combatido, não de escola para escola, - faz uma mais que outra - mas como política educacional ampla, com campanhas permanentes.

E ao menor indício, a intervenção dos educadores. O bullying é odioso para a vítima que se vê cercada pelo mau caráter de colegas carentes de respeito. E esse sentido de respeito vem de casa...que casa? (2)

Como crime bárbaro no bairro do Realengo, voltou-se a questionar a obtenção de armas à disposição dos cidadãos.

- Ora, alguém pergunta com razão, o que adianta restringir o uso de armas de fogo pelos cidadãos enquanto permanece a imensa facilidade dos bandidos em obtê-la?

Essa é uma questão até hoje insolúvel, porque pelas fronteiras do Paraguai e Bolívia, sabe-se que entra no Brasil, armas de baixo e grosso calibre e, como espécie de incentivo à loucura e à barbárie, as drogas.

As favelas do Rio, alguns morros já desbaratados, revelaram isso.

Há notória interligação entre armas e drogas. Há que se criar, pois, uma força de repressão a esses produtos que não seja de improvisação ou parcial como é hoje, mas de polícia combativa, permanente e atenta.

Em toda a extensão da fronteira? Difícil? Que seja!

De qualquer modo, sou favorável à restrição ao máximo do comércio de armas. Se tivesse a liberdade de tê-la, não sei se teria coragem de usá-la.

Numa situação extrema?

Não sei. "Afaste de mim esse cálice!"

Desvio-me um pouco desse mundo doloroso, desse chão duro que a vida obriga caminhar no dia-a-dia e sem me voltar para sentimentos religiosos, não é o caso aqui, acredito que o assassinato fica marcado na alma do assassino, para sempre.

Não posso afirmar que essas tragédias não se repitam. Há muita intolerância nestes tempos, uma espécie de bullying coletivo em que são vítimas ou os mais frágeis ou os mais aplicados que se perdem no turbilhão da indiferença.

Muitos desses se voltam e cobram da sociedade, as agressões que feriram sua alma.

O quê fazer?

Não sei. Só me preocupo com o que ainda terei que ver nestes tempos descontrolados, cheio de apelos à violência e à predação. A pedofilia ignominiosa.

Em que não se vê beleza numa árvore, salvo pelo seu valor econômico e que muitos temem ser mal interpretados se falarem em ternuras e amor.

O Rio de Janeiro, uma das cidades mais conhecida do mundo pelas suas belezas naturais, depois da tragédia na região Serrana, neste ano e agora esses assassinatos, parece estar descarregando todo o “carma” da nação brasileira. Deu-se o alerta ecológico muito forte e outro contra a aquisição de armas e drogas. O Rio de Janeiro não tem cortinas que suavizam os seus problemas, que são, em última instância, os problemas do Brasil, na maior parte deles, ainda insolúvel. Há décadas.

→ (Coloco-me sempre disponível para sugestões, críticas e principalmente correções às minhas opiniões e informações).

Referências:
(1) Minha crônica sobre o mesmo tema “O que terei que ver ainda?” (Blog: http://martinsmilton.blogspot.com)

(2) Meu artigo sobre “Bullying” bastante acessado nos portais www.votebrasil.com e e neste blog de 17.05.2010

Foto: Flores nos muros da Escola Municipal Tasso da Silveira, no Realengo (RJ)

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