segunda-feira, 25 de abril de 2011

MISCELÂNEOS

Soberba acadêmica; Etanol em falta; São Paulo e o déficit verde; Novo partido por obra do prefeito Kassab; Código Florestal predador e suas ameaças...e mais predação. Este é o seu país: onde se mexe, o odor não é de perfume...

Soberba acadêmica

As Universidades públicas do Estado de São Paulo, por conta de segregação insidiosa, tendem a não admitir nos seus cursos de mestrado e doutorado, alunos provindos das Universidades particulares.
Não negam a inscrição desses alunos, cobram taxas sabendo que não serão eles “eleitos”. Os “eleitos” são os alunos da própria casa por melhor que seja o candidato de fora. Ou a prevalência do “QI”.
Esses esperançosos preparam seus programas para serem desprezados na avaliação. Quando muito o examinador olha a bibliografia para se certificar que seu nome foi nela mencionado. No mais a indiferença e o desdém.
Tenho sabido em momentos diversos da soberba acadêmica, aqueles doutores que se colocam sobre um pedestal como se abaixo deles existisse pedestal.
Curioso que um professor de filosofia da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, Ricardo Henrique Andrade, num artigo no jornal “A Tarde” de 1°.07.2010 escreve o seguinte no trecho final:

Arrogante, detrator e não raramente perseguidor o colega do professor universitário é quase uma ameaça a qualidade do trabalho científico dos pares. Manipulando o quadro de horários, castigando nos pareceres técnicos, vetando a participação em projetos, este colega é um algoz implacável, sobretudo quando consegue um cargo qualquer de chefe de alguma coisa. Como saber é poder, o colega sabe o quanto pode ferir e trapacear. A universidade vive num eterno estado de natureza (em sentido hobbesiano): magister magistri lupus, um estado de guerra no qual o mestre é lobo do mestre. (1)
Se naqueles recantos baianos reconhece o professor essas mazelas acadêmicas, imaginem o que se passa no Estado de São Paulo.
Vaidade de vaidade que se perde no pó.

Megalomania

A postura lulista-petista-megalômana, incentivou a produção de carros flex.
Há tempos têm chutado as portas dos Estados Unidos para excluir as sobretaxas ao etanol / álcool brasileiro na pretensão de exportar o produto para lá.
Mas, no que deu isso tudo? Falta etanol – os preços subiram às nuvens – a gasolina está no limite, subindo de preço mesmo com os desmentidos do Governo Federal, embora o presidente da Petrobras – ou talvez por conta de seus anúncios prévios – informa que o combustível irá subir. Mas, já subiu.
Sabem o que é pior? Para manter a mistura do álcool anidro na gasolina, no porcentual de 25%, o País está exportando o produto dos Estados Unidos...
Esse é o país do petismo exacerbado, demagógico. Fazer o quê?
Quem deveria não faz, aceita e silencia.

Partido do Kassab

A mim sempre pareceu que Gilberto Kassab é uma figura “estranha” na política paulista. Sua ascensão se deu não apenas pelo apoio de Serra mas, também, por conta da rejeição eleitoral a Marta Suplicy. Dos males...
Nem vem se revelando um bom prefeito.
Pois ao inventar esse partido, o PSD arrogando-se uma liderança nacional, esvazia de certo modo o DEM e cria empecilhos ao PSDB, isto é, um novo partido com meia cara de DEM e meia cara de PSDB.
Para agir como, quais princípios, com qual voz? A linha levíssima, a união da massa mole.

Corredores verdes em São Paulo


A ESALQ – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP) num estudo elaborado informa que São Paulo precisa de 48,5 km de corredores verdes, compreendendo o plantio de árvores em calçadas e nos canteiros centrais de vias. A recomendação é o plantio de tipuanas e sibipirunas, mas será preciso compreender que são espécie de grande porte que podem afetar o próprio calçamento.
No centro velho de São Paulo, abandonado, cinzento e normalmente sujo, tais espécies, no meu modo de ver, não serviriam. De qualquer modo a questão foi colocada.
Aliás, só não percebe quem não quer a quantidade de mudas mortas na marginal do Tietê...
A notícia dá conta dos efeitos benéficos das árvores, embora haja um prazo de crescimento das mudas em torno de quatro anos. Na fase adulta elas retém água da chuva, além de amenizar “fenômenos climáticos como ilhas de calor”. (2)
Em artigos outros, além do plantio na própria cidade, um modo de estabelecer um outro “corredor” será o plantio de espécies arbustivas nos canteiros centrais das rodovias do estado. Tenho sugerido o hibisco.

Código Florestal

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e ABC (Associação Brasileira de Ciência) apresentaram estudo completo sobre o projeto do Código Florestal, cujos elementos básicos já explanei. (3).
Do ponto de vista ambiental ele contém elevados níveis de predação mas há interesses eleitorais do relator – que não poderia ser pior em enfrentar matéria dessa relevância, acima de seu nível de competência – a par de olhar para os pés e não para o futuro.
As notícias são alarmantes se aprovadas algumas das propostas ainda em debate:
1. Uma área quase do tamanho do Estado de São Paulo é a extensão de vegetação nativa no País que pode ser liberada da exigência de proteção em conseqüência da proposta mais polêmica da reforma do Código Florestal que será objeto de disputa de votos na Câmara... (4)
2. Há, ainda, a ameaça contida no projeto em reduzir de 30 para 15 metros as matas ciliares à beira de rios. O Governo não concorda com essa mudança tão danosa, porque pode facilitar a erosão das margens menos protegidas a par de ampliar as inundações. Ou por outra, como já se dá, diminuir a vazão do seu leito. Estou falando de ÁGUA substância essencial e não de esterco de gado.
Há outras ameaças predatórias contidas no projeto.

Minha casa minha vida...sem vida

Obras do “Minha Casa, Minha Vida”, desmataram 300 mil m2 de castanheiras, na região amazônica, no município de Parantins. Essa árvore é símbolo da Amazônia, sendo proibido o corte e a comercialização da madeira. Essa extensão de predação equivale a 30 campos de futebol., A obra é financiada pela Caixa Econômica Federal. O replantio obrigatório de 2700 mudas não tem prazo de execução. (5)

Referências:

(1) “A invenção do diabo ou um olhar sobre a disputa acadêmica” “A Tarde” de 1°.07.2010

(2) Jornal “O Estado de São Paulo” de 23.04.2011

(3) Meu artigo “Ambiente. Posição da SBPC e ABC” de 28.02.2011. V. também “Tietê, Agua que te quero e as prioridades” de 01.04.2011

(4) “Código ameaça 200 mil km2 de mata” - Jornal “O Estado de São Paulo” de 22.04.2011

(5) Jornal “O Estado de São Paulo” de 20.04.2011.

Foto: Árvore da espécie tipuana

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