domingo, 7 de agosto de 2011

E LÁ SE FOI MAIS UM... JOBIM



Como qualificar as últimas expressões de Nelson Jobim antes de sair do Ministério da Defesa? Deselegante, irreverente? A ascensão de Celso Amorim, indicação lulista é claro. Que fique apenas nesse Ministério e nada além.



Não poucas vezes demonstrei restrições ao ex-ministro da Defesa Nelson Jobim.
Não faz muito, argumentara que sua permanência no Ministério poderia ser abreviada a partir da sua “revelação” de que os idiotas (no governo) se julgavam respeitáveis, isso nas comemorações dos 80 anos de FHC.
Como se não bastasse, disse há dias que votara em José Serra contra Dilma Rousseff, já um desgaste considerável e, por fim, em entrevista à revista Piauí, comentário desairoso a Ideli Salvatti, Ministra da Articulação Política que seria “fraquinha”.
Não há nada de novo nisso tudo, porque a imprensa explorou esses episódios à exaustão.
Há questões, porém, que precisam ser consideradas. Seguindo os analistas mais próximos, Jobim que já fora presidente do STF estaria afastado das decisões presidenciais por conta do estilo da presidente Dilma Rousseff que o excluíra, o que não acontecia com Lula que o envolvia nos assuntos de maior relevância. E também o adiamento da compra dos aviões “caças” que Jobim optara pelo modelo Rafale francês embora haja experts que entendam que o F-18 da Boeing americana seria o mais indicado.
E com tudo isso e mais algumas outras contrariedades o seu ego ferido inserido na sua estatura nas alturas de 1,90 começou a reagir.
Não concordo de regra, com nada do que Lula diz por todos os seus deslizes e contradições, mas ao qualificar os últimos gestos de Jobim de “deselegantes”, não há como discordar.
Se esse tipo de confronto vira moda, começa a haver irreverências à própria instituição da Presidência da República, num momento em que Dilma vem demonstrando que pretende se afastar do estilo Lula e encontrando resistências.
Já se diz que entre os ministros e seus aliados políticos, que ela vem se revelando centralizadora, a tudo lê e a tudo corrige. Engaveta projetos.
Ora, há que haver paciência, porque o seu padrinho, pouco lia e somente sorria. E eis aí, queiram ou não, os tentáculos da corrupção avançando como nunca antes nestes últimos tempos. Tudo à “luz do dia”, descarada, impune.
Se Dilma pretende mudar esse quadro, não há como fazer afagos o tempo todo.
Mas, a solução não foi das melhores, com a escolha de Celso Amorim para substituir Jobim. Nada me impede de admitir que fora mais uma indicação de Lula.
Li, ademais que, por sua orientação, Dilma convocou os ministros militares para acalmá-los e para reafirmar que a Lei da Anistia “é intocável” e que eles próprios permaneceriam nos respectivos cargos.
Se essa versão é correta, a frase de Lula dita depois, constitui-se notória contradição, a propósito da indicação de Amorim. Esta: “Não sei se cabe aos militares gostar”.
Se era para gostar ou não, para quê a convocação prévia dos militares que receberam garantias presidenciais, inclusive de manutenção nos respectivos cargos?
Já um tanto desautorizado o novo ministro da Defesa, Antônio Patriota, das Relações Exteriores sendo um ministro sério, não se espera que sua reação tivesse uma ponta de ironia. Disse ele:
“À frente (do Ministério da Defesa), Celso Amorim vai contribuir para esse perfil internacional do Brasil”.
Qual foi o saldo real de Celso Amorim nas Relações Exteriores: “tapinha nas costas” de Evo Morales quando se apropriou com o exército das instalações da Petrobras naquele país; condescendência com o “pobre” Paraguai que a tudo “exporta” ao Brasil, entre muambas chinesas e drogas; apoio, ainda que por omissão a Hugo Chaves na Venezuela – que de modo truculento abafava (e abafa) a imprensa e a oposição; tolerância em Cuba, num momento lamentável no qual Lula comparou dissidentes políticos cubanos a marginais; ambiguidades na Colômbia das FARC; a cena patética de braços alevantados entre Lula, o turco Tayuip Erdogan e o iraniano Mahmoud Ahmadinejad comemorando o desejado, mas inconclusivo acordo nuclear no Irã e ainda o qualificativo de amigo e irmão dado a Muamar Kadafi da Líbia.
Com todas essas intervenções – o que mais lembrar? -, é melhor que fique somente no Ministério da Defesa, já que lá foi posto de modo apressado. Será que, um dia a mais de reflexão não resultaria em algum nome diferente, fora desse círculo lulista?
Todos esses últimos eventos, especialmente a faxina que ainda se dá no Ministério do Transporte – para a presidência do DNIT foi nomeado o general Jorge Ernest Pinto Fraxe, quem diria! – parece mesmo que Dilma Rousseff tenta se afastar de Lula, o que não é tarefa fácil. Insisto que seu governo terá um perfil próprio a partir do momento que se livrar dessa “herança”... e das camisetas.

Foto: Lucio Távora / Ag. A Tarde, extraída do jornal “O Estado de São Paulo” de 06.08.2011


SOMÁLIA

São impressionantes as cenas de habitantes esfomeados nesse país abandonado da África que os países ricos ignoram e, pior, exploram do modo mais predatório possível, a pesca do atum.
Há pouco em Mogadíscio foram mortos cerca de 10 somalis famintos que tentavam se apropriar de alimentos sendo distribuídos. Cerca de 15 civis foram feridos. Quanto à pirataria que se dá nas suas costas, há posicionamentos polêmicos. De qualquer modo trago longo documentário que revela o modo como os países ricos agem na costa da Somália. Se metade do revelado é verdadeiro, estamos diante de tragédia humana dolorosa e profundamente lamentável. Só a emoção não resolve! Que mundo sórdido é este?

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