segunda-feira, 29 de agosto de 2011

MISCELÂNEOS (IV)

1. Ambiguidades: tratam das análises dúbias sobre o governo Lula; 2. Abertura da Copa: o “jogo pesado” da CBF para concentrar no Rio tanto a abertura como o encerramento da Copa/2014; 3. China x Estados Unidos: novas considerações.



1. Ambiguidades


Com a eclosão dos escândalos de corrupção, escancarados em Ministérios que representavam a continuidade do governo Lula há, em alguns setores da opinião pública algum retraimento aguardando novos desdobramentos sobre novas denúncias. Será que novas exonerações por corrupção ainda ocorrerão proximamente?

Nesse caso, como ficará a imagem de Lula que, em nome da governabilidade, teria deixado rolar as negociatas em escala elevada, já não bastasse o próprio escândalo do mensalão sempre negado mas com evidências indesmentíveis.

A partir desses últimos eventos, há ambiguidades nas análises de comentaristas políticos.

Se ambíguo ou não, porque faltou maior profundidade na opinião, valho-me de resposta do prestigioso jornalista Mino Carta em entrevista ao “Terra Magazine” de 26.08.2011. Disse ele:

- Lula não fez o que poderia ter feito. Poderia ter feito muito mais. Fez algumas coisas, indiscutivelmente, mas fez 20% do que poderia ter feito. Mas isso já é um assombro para o Brasil e para certa malta que "se acha", como dizem meus netos. Eles se acham...

Se “acham” exatamente o quê? Um “assombro” ter realizado 20% do que poderia ter realizado?

Lembro-me que no meu tempo de ginásio, nota “20” numa prova, significava reprovação.

Vamos aguardar um pouco mais a que ponto chegarão as considerações sobre o governo Lula.

2. Abertura da Copa

Aqui mesmo, por vezes me referi ao Rio de Janeiro, reconhecendo ser a cidade que de certo modo identifica o País.

- Brazil, oh yes, Rio de Janeiro.

Mas, sempre havia em seguida um comentário negativo: e os traficantes?, e os morros?, e as mortes pelo tráfico? e os assaltos?.

Infelizmente era e é assim.

Agora um bondinho amarrado com arame tomba, cinco pessoas morrem e dezenas de feridos. Isso não pode mais acontecer na cidade, pela sua importância em termos de Copa do Mundo e Olimpíadas.

Pois bem.

Claro que houve empenho de prefeito e governador para que a abertura da Copa de 2014 se desse em São Paulo.

Sem favor algum, a despeito das deficiências, os melhores aeroportos, forte rede hoteleira, expansão das linhas do metrô...

Há que lembrar que o estádio do São Paulo se apresentava como a melhor opção. O goleiro Rogério Ceni há pouco opinou que esse estádio fora desconsiderado pela CBF de modo um tanto, digamos, inexplicável.

Desde sempre interpretei que tirando esse estádio da concorrência, sobraria nada para a capital de São Paulo. A arena Palestra não atenderia às exigências da FIFA.

E São Paulo, por falta de estádio ficaria de fora tanto da abertura como do encerramento da Copa que seria dirigida ao Rio de Janeiro.

O jogo foi pesado. A ideia era mesmo deixar São Paulo de fora. Dinheiro público, então, para atender os prazos, acabou sendo esbanjado às pressas para construir o “itaquerão”.

A confirmação desse “jogo pesado”? Trechos da entrevista do cartola mor do futebol mundial, presidente da FIFA. Joseph Blatter ao jornal “O Estado de São Paulo” de 28.08.2011:

Em outubro, a FIFA vai anunciar o local de abertura da Copa de 2010. Mas onde é que o senhor gostaria de estar sentado para ver a abertura da Copa do Mundo no Brasil?

Há definitivamente uma competição entre Rio e São Paulo para obter a abertura. Mas já demos o centro de Mídia para o Rio e a sede da organização da FIFA será no Rio. Portanto, a cidade mais adequada para receber a abertura é mesmo o Rio de Janeiro. O futebol brasileiro é o Rio. E para o mundo, o Rio é a cidade mais atraente para abrir uma Copa, sem dúvida.

Claro que a ideia era essa de sediar os principais eventos da Copa no Rio de Janeiro. Ademais, não houve competição, mas reivindicação, considerando ser São Paulo, entre outros tantos, o centro financeiro do país.

E nesse jogo, estava Ricardo Teixeira, presidente da CBF que vem sendo repudiado em várias instâncias esportivas, entre os torcedores e na imprensa. A TV Record não poupa críticas ao cartola que já passou do tempo.

Na linha do estilo Lula de tudo resolver sem olhar com quem negociava ou prestigiava, eis o que disse o mesmo Joseph Blatter:

O ex-presidente Lula interferia com frequência no futebol brasileiro e fez lobby até por Itaquera. Isso ajudava ou criava mais obstáculo?

Vamos dizer desta forma: era mais fácil para CBF trabalhar com Lula que agora com Dilma. Só direi isso. Ela teria tomado um distanciamento por conta dos problemas de popularidade de Ricardo Teixeira? Ah sim, ele é impopular no Brasil (risos)?

Sim, Impopular e inconveniente, mas lá está ele dirigindo a CBF por 20 anos.

3. China x Estados Unidos

No artigo anterior, considerando as condições atuais e as necessidades da China com seu bilhão e tanto de habitantes a alimentar ponderava que num dado ponto sua economia superaria a dos Estados Unidos.

A China tem crescido e se revelado agressiva.

Enquanto isso, presentemente, os Estados Unidos, vêm sendo atrapalhados pelos radicais do “Tea Party” que não entendem que o mundo é outro e por isso não avaliam o que têm em mãos: um presidente ponderado, moderno e assessorado por Hilary Clinton, que tem se revelado muito competente nas suas atribuições.

Os analistas econômicos vacilam em quanto tempo a China superará os Estados Unidos mas. pelo “andar da carruagem” fica no ar a pergunta: quando?

A essa possibilidade real para mim. o articulista Daniel Piza do jornal “O Estado de São Paulo” de 28.08.2011 desenvolve o tema, rejeita essa possibilidade, com expressões fortes como “É desonesto ignorar a força dos EUA e confundir uma fase crítica com um fracasso estrutural.”

Para mim, os Estados Unidos sempre foram uma referência positiva. Não me vejo fora desse quadro e adotar a cultura chinesa, salvo no que ela tem de melhor, aquelas filosofias surgidas no passado distante.

A China teve e ainda tem intenções colonialistas ao invadir o Tibete e enxovalhar a sua cultura. Por ora, mantém-se distante de Taiwan, que entende ser sua colônia rebelde.

Mesmo que a avalanche chinesa se sobreponha aos Estados Unidos, estarei sempre olhando para os valores americanos que não são poucos e não só para o passado e seus filmes, alguns emblemáticos, mas com a reação americana a esse mundo que muda de modo vertiginoso.

É “pagar” para ver!

Foto:

Maquete do Itaquerão que será erguido também com dinheiro público.

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