domingo, 23 de janeiro de 2011

TRAGÉDIAS NO RIO DE JANEIRO & Anexos

A tragédia no Rio de Janeiro. As chuvas intensas no Brasil, distúrbios ambientais severos no mundo. Consequências do aquecimento global.

Da necessidade de se ocupar da política ambiental em projetos de ocupação do solo.


O Rio de Janeiro pela sua exuberância e orgulho tem um modo muito próprio de resolver ou de não resolver os seus problemas.

Já me posicionei sobre eventos recentes havidos na “Cidade Maravilhosa” qual seja a expulsão dos marginais do "Complexo do Alemão” episódio que revelou quão armados estavam eles, detentores de arsenal incomum. E grande quantidade de drogas estocadas.

A reação que desencadeou o desmantelamento do reduto desses bandidos na verdade se deu pela ação deles em atacar a cidade.

E se tal não se desse?

Talvez ainda estivessem pelos morros ameaçando os moradores, traficando e ostentando armas de grosso calibre.

O êxito das ações haveria que ser comemorada até pelo modo como foram desentocados os marginais muitos escapados pela tubulação de esgoto bem a caráter.

Não se pergunte, porém, como foi possível se armassem tantos os bandidos. Não há interesse nos antecedentes.

Nestes últimos dias choveu demais em regiões várias do País. São Paulo vive debaixo das águas há semanas, Minas Gerais conta mais de 80 cidades em situação de calamidade pelas chuvas.

Mas, foi para o Rio de Janeiro que as atenções do País e do mundo se voltaram num espaço curto de tempo após as ações nos morros pela tragédia em sua região serrana, Petrópolis, Nova Friburgo, Teresópolis e adjacências. No instante que redijo já se contam mais de 800 as vítimas fatais dos deslizamentos dos morros devendo passar de mil porque há muitos desaparecidos.

Choveu demais. A quem atribuir a responsabilidade pela hoje considerada a maior tragédia “natural” do País?

Entre um discurso e outro, ouviu-se que a população cresceu e os grupos mais carentes ocuparam essas áreas de risco, embora nas regiões da tragédia, havia moradias de alto padrão.

De quem é a culpa? Não se busquem, mais neste caso, os antecedentes.

Pela extensão dos eventos, não creio que até um eficiente sistema de comunicação disponível ordenando a evacuação pudesse, talvez minimizar um pouco, evitar o todo da tragédia. Porque as pessoas se apegam ao lar, ao seu reduto que pensam preservado com a chave que tranca a porta.

Mas, essa tragédia, não só para o Rio, significa, mais que mera advertência, sério aviso de que as coisas precisam mudar, de que, definitivamente, haverá, nas ações urbanas, que ser considerado o aspecto ambiental. Não há mais como improvisar ocupações desordenadas, até por negligência ou tolerância da má política e maus políticos que propõem “soluções” de risco, acomodações, não avaliando as decorrências que advirão, o perigo inscrito.

Não se trata de postura esotérica ou de visionários aquela de acentuar as mudanças que se processam na atmosfera pelo aquecimento global.

Em uma edição passada, o Jornal Nacional da Rede Globo apresentou outras tragédias ocorridas nos morros do Rio de Janeiro que vem crescendo com o tempo, culminando com esta última deste janeiro de 2011 que ultrapassou, nos seus efeitos todas as outras de longe. O mesmo se constata com as enchentes em São Paulo. Aqui, o rio Tiete, principalmente, cada vez com mais frequência, avança sobre margens que lhe foram sonegadas há décadas.

Enchentes de grandes proporções atingem a Austrália e outros países, inclusive nos Estados Unidos. Neste País, as nevascas severas se repetem como nunca antes. Em outros continentes, dá-se o frio intenso como em alguns países da Europa e calor acima da média na África e oeste da Ásia.

Notícias dão conta de que o derretimento de geleiras na Groelândia fora acentuada em 2010, como nunca antes prevendo os pesquisadores que o aumento do nível do mar por esse fenômeno pode ter consequências graves. Aliás, muitas são as praias que recuam em seus limites por conta, certamente, dessa ocorrência que gradativamente vai se ampliando.

Estamos sendo “esotéricos” nestas considerações?

Não estamos.

Em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo” o biogeógrafo Jared Diamond adverte que “esta é a primeira vez em que o mundo inteiro se encontra sob risco de suicídio ecológico”. E diz a certo ponto da entrevista rebatendo aquelas posições de cientistas de que estamos apenas assistindo a um ciclo natural da Terra:

“Sabe a palavra inglesa rubbish? Significa lixo, mas é usada em linguagem coloquial em referência a ideias ridículas. O argumento de que as mudanças climáticas que estamos presenciando hoje sejam apenas naturais é simplesmente ridículo. Tanto como aquele que nega a evolução das espécies. As evidências de que tais mudanças se devem a causas humanas são irrefutáveis. Os anos mais quentes registrados em centenas de anos se concentram nos últimos cinco que passaram. O planeta já enfrentou flutuações de temperatura no passado, mas nunca nos padrões registrados hoje. Não conheço um único cientista respeitável que afirme que as atuais mudanças de clima não se devam à ação humana. É por isso que eu digo: rubbish.” (1)

Na condição de observador, viajando em regiões no Estado de São Paulo e Minas, constato IMENSAS áreas plantadas sem que os agricultores sequer em pequena extensão preservam florestas naturais. A terra fica a mercê de canaviais e outras culturas sem qualquer defesa e, embora sejam áreas plantadas, pouco contribuem para diminuir o aquecimento que delas emana.

A devastação prossegue praticamente livre na Amazônia – mesmo com comemorações descabidas de que teriam elas diminuído - e até no Cerrado que vira carvão significando irresponsabilidades até mesmo considerando o argumento de que essas práticas geram empregos mesmo que signifiquem serrar o galho na ponta em que se assentam, não medindo as consequências do que advirá de pior. Aliás, já há os primeiros recados e epístolas eloquentes.

Assim, rejeito de modo veemente o projeto de reforma do “Código Florestal” proposto pelo deputado Aldo Rebelo, pela sua inconsequência, pela pretende perdoar punições a agricultores que não cumpriram a lei, que devastaram e, pior, entre outras aberrações, propõe diminuir as matas de proteção de margens de rios e córregos. (2)

Ao contrário, esta é a época em que a questão ambiental, políticas de prevenção devem ser consideradas com rigor a par de exigir a ampliação de áreas florestais.

Sobrará ainda muitas áreas para o plantio e até mesmo para manter o maior gado bovino do mundo. (3)

Este é, efetivamente, o país dos besteiróis e o pior de tudo que muitos deles se efetivam como política oficial. Caso, por exemplo, da guarida oficial dada ao terrorista italiano Cesare Battisti, pelo aumento sórdido de vencimentos que deputados e senadores aprovaram para si próprios. E não se esqueça a eleição de tiritica, o mais votado do País – uma forma de protesto, que não resolve nada, só piora.

Referências no texto:

(1) Jornal “O Estado de São Paulo” de 23.01.2010. Jared Diamond é professor da Universidade, autor do livro “O terceiro chimpanzé, Armas, Germes e Aço e Colapso” – Editora Record – 2005.

(2) Meu artigo “Reforma do Código Florestal” de 04.07.2010

(3) Meus artigos “Resenha ambiental” de 10.11.2010 e “A criação bovina e o custo ambiental” de 21.06.2010.

→ (Coloco-me disponível para sugestões, críticas e principalmente correções às minhas opiniões e informações).

Foto: Mata Atlântica (Fonte: http://educar.sc.usp.br/licenciatura/trabalhos/mataatl.htm

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

VARIAÇÕES SOBRE “A VERDADE”

A “comissão da verdade” parece ser colocada em segundo plano, prevalecendo, na Secr. dos Direitos Humanos com a Min. Maria do Rosário atenção, entre outros, ao direito das crianças e adolescentes. Tanto melhor que assim seja!


Por ocasião da última versão do Plano Nacional de Direitos Humanos - 3 fiz duras críticas à tentativa de “rever”, intenção contida nas suas linhas gerais, a Lei da Anistia com o objetivo de apontar os torturadores naqueles tempos em que atuaram grupos de ativistas, eufemismo adotado hoje para “grupos terroristas”. Tão ativos que alimentaram a “linha dura” do poder militar e, nesse diapasão, postergando ações inteligentes que poderiam antecipar a abertura política. Como dizia o Brizola, embora a derramasse naqueles idos, tomando a sopa pelas bordas.

Num daqueles besteiróis que assola o país – que no conjunto do tal Plano nem Lula e nem sua Ministra-candidata, então, leram, embora assinassem – falou-se numa “comissão da verdade” cujo objetivo seria trazer ao conhecimento público todas as violências praticadas nos porões do poder militar, da ditadura.

Claro que esses abusos são conhecidos. Qualquer principiante, se se dispuser à pesquisa, encontrará material suficiente para apontar o dedo em riste para os culpados, hoje velhos militares de segundo escalão, deslumbrados e sem controle, então, que praticaram tais atos. Devem estar hoje fazendo revisão de consciência porque com a idade os dias para o passamento se abreviam.

Infelizes, pensaram que eram imortais.

Claro que esta “comissão da verdade” causou espanto porque a Lei da Anistia beneficiara não só os...”ativistas” como os torturadores. Depois dela, salvo esses “doutrinadores” liberados pelo governo Lula – cujo “governo” demorou para se encerrar e felizmente já se encerrou embora seus áulicos ainda lhe façam mesuras – de um modo geral, salvo em foros específicos, ninguém mais estava interessado naquilo, naquela “verdade”. Até mesmo muitos dos torturados. Ademais, membros da guerrilha elegeram-se políticos, destacados, até mesmo a presidente Dilma.

A roda do tempo girou.

O tal plano foi amenizado até porque a “verdade”, na espécie, tem duas faces: a dos torturados e a das suas vítimas por conta dos seus atos. Então com a saída de Lula e prestando atenção no discurso de posse da presidente (a) Dilma esperava-se que essa tolice fosse de vez arquivada.

Com surpresa, certamente que para fazer média com o secretário de direitos humanos que saía, Paulo Vannucci, para não constrangê-lo, a nova Secretária Maria do Rosário que assumia, em seu discurso anunciara que se empenharia em revelar “a verdade” pelas “graves violações dos direitos humanos com vista a não repetição do ocorrido”.

Horas antes, sintomaticamente, o terrorista italiano Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália sob acusação de assassinatos, recebera de Lula refúgio no Brasil, numa decisão de última hora, oportunista, mediocre – causando perplexidade não só naquele país como por aqui. Esses “doutrinadores” que sopravam nos ouvidos de Lula e que estão por aí no Governo, subestimaram o processo legal da Itália e fizeram de vítima o terrorista. É mais ou menos a mentalidade em relação ao que se prega com essa “comissão da verdade” na sua versão original.

Mas, agora, recente a Secretária dos Direitos Humanos, afinou o seu discurso e se volta para questões mais nobres, desesperadoras no território brasileiro, que é o direito das crianças e adolescentes, esquecidos em abrigos, semi-abandonados ou totalmente abandonados:

“Os abrigos não são, com toda certeza, os melhores para eles. Não há uma criança, uma sequer, que, nos dias de visita, não se pergunte se um dia terá também a sua família. É um direito delas.” (1)

Que bom que uma Secretaria com nível de Ministério se aplique a tanto, uma forma de minimizar a vergonha que a todos nós atinge!

No que se refere à comissão da verdade ela prosseguirá, atribuindo-se a tarefa ao deputado derrotado em São Paulo José Genoino que foi membro da luta armada na guerrilha do Araguaia. O ex-deputado passará a trabalhar no Ministério da Defesa e negociará com o Congresso essa comissão.

Mas, a Secretária Maria do Rosário ameniza o objetivo da tal comissão:

“Vamos procurar respostas para as famílias, que desejem saber o que aconteceu com seus parentes e onde estão seus restos mortais. A ênfase é na revelação da verdade, não a punição”. (1)

Quanto a José Genoino, haveria também que buscar a verdade em eventos graves mais recentes. O mensalão, dinheiro na cueca e quejandos...

(1) Jornal “O Estado de São Paulo” de 16.01.2011

Foto: Agência Brasil

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

"1984” E “ADMIRÁVEL MUNDO NOVO” REVISITADOS

A liberdade de informação na internet. A introdução de milhares de livros no Google e o que pode significar. “1984” de George Orwell e “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley revisitados e confrontados nestes tempos contraditórios.

Nestes tempos de internet em que há abertura absoluta para a informação aqui entre nós há quem proponha, ainda que de modo inicialmente incipiente, medidas de controle dos meios de informação. Penso que o WikiLeaks embora tenha agido – e age - com exacerbação ao divulgar muita fofoca de chancelarias, o que não deixou de abastecer noticiário de órgãos sérios, teve o mérito de provar que a informação corre livre pelos canais múltiplos postos na rede. O que é reservado e o que não é reservado? Em princípio, preservados os interesses individuais – e nos abusos, sempre haverá o Judiciário para julgar e condenar os excessos - tudo poderá ser divulgado. É o que vem demonstrando a prática. Quais os prejuízos dessa realidade? Pois não foi por um meio eletrônico, o celular, que se soube das manifestações da oposição no Irã ao protestar contra alegadas fraudes nas eleições que reelegeram Ahmadinejad? Não é a China, aquele país continental que ainda faz restrições às ações políticas contra suas idiossincrasias, censurando o Google, mas as informações de lá são conhecidas por outros meios postos na internet? Para quem, como eu, que vem assistindo à franca evolução dos meios de informação, tenho alguma cisma pelo monopólio dela. Confesso que o Google tem sido um instrumento de trabalho para mim. Agora, o Google num projeto ambicioso anuncia que publicará todos os livros disponíveis no mundo, em várias línguas, não sujeitos mais aos direitos autorais significando espécie de monopólio particular gigantesco de busca e informação. Em princípio é a antítese do controle da informação porque ela estará disponibilizada até pelo acesso a grandes clássicos da literatura mundial. Talvez a forma de disponibilizar a essa massa imensa de informações se torne um êxito embora fosse útil que outras fontes surgissem, até públicas, de tal ordem a estabelecer espécie de concorrência, equilíbrio saudável na divulgação. A prevalecer a intenção do projeto como de interesse público sem desvios, a ameaça do “grande irmão” muito bem engendrado no livro “1984” de George Orwell seria apenas criação literária, “cinzenta”, que teve o seu tempo. Desse livro faço breve resenha a seguir. Mas, que há um dilemas nisso tudo, há. Pedem reflexão. Nessa mesma linha de ideias, há que considerar as experiências genéticas. Em princípio não atinava, agora já não sei, se a clonagem humana poderá significar daqui a alguns anos, neste “admirável e preocupante mundo”, manipular a personalidade de pessoas assim geradas. Ainda acredito que as Divindades na sua sabedoria, impedirão tais anomalias. Na novela da Globo “o Clone”, escrita por Glória Peres, o ser clonado no final, meio sem “alma” e objetivo passou a seguir o seu criador, no caso o cientista que obtivera resultado nas suas experiências genéticas. Essa consequência posta na novela fora bem formulada, sem dúvida. Sobre esse tema tão empolgante também trago resenha do livro de Aldous Huxley, consumidor de LSD, “Admirável Mundo Novo”. Estes tempos são empolgantes e não deixam de ser preocupantes. Submeto, então, a resenha dos dois livros para reflexão daqueles leitores que não os conhecem e mesmo àqueles que os conhecem. Haverá pontos que tocam nos dias atuais: o cerceamento da informação em muitas regiões, o controle sobre os atos dos cidadãos, o consumo e a proliferação das drogas como forma de controlar a mente, a “alma”... "1984" de George Orwell Escrito no fim da década de 40, ainda sob a influência dos horrores dos crimes nazistas e mesmo do stalinismo, engendrou Orwell um mundo no qual o ser humano estaria controlado, manipulado e submisso aos desígnios do "Grande Irmão". O sistema era constituído por um "tratamento psiquiátrico" aos que se rebelavam e aos que caiam "em desgraça", ameaça que expandia a autocensura, uma voz insuportável que reprimia a manifestação, já que eram nebulosos os limites permissíveis da expressão do pensamento. Pois, o herói de "1984" não tremeu diante de um simples volume de folhas em branco e, em pânico, começou a escrever? Ao homem tornara-se proibido indagar e mesmo amar. Apagara-se para sempre sua interioridade que, alimentada, poderia levá-lo a pensar "inadequadamente" numa existência transcendente. Esse espaço interior fora preenchido pela máxima presente sempre: "O Grande Irmão zela por ti". Orwell não dá esperança a Winston, o herói "dissidente". Submetido a todas as torturas e sofrimentos, "espontaneamente", com "convicção", se convence que "dois e dois são cinco" (o seu axioma antes fora: "A liberdade é a liberdade de dizer que dois e dois são quatro. Admitindo-se isto, tudo o mais decorre") e no auge de sua "recuperação" passa a amar o "Grande Irmão". Uma tênue esperança alimentada por Winston até ser "recuperado" era a revolta dos "proles", uma sociedade à margem do poder e desorganizada, mas também controlada por intensa espionagem e, quanto aos divertimentos, um dos mais comuns era a proliferação de filmes pornográficos. Os "proles", todavia, no percurso todo do livro, permaneceram alienados e impotentes. É inequívoco que o quadro negro pintado por Orwell se assentara num clima político de extrema violência, embora hoje ainda haja o autoritarismo desmedido como forma de busca ou da manutenção do poder, além de outras formas de deturpação (a subnutrição e a fome, especialmente) que ameaçam a vida humana e a desqualificam. Os abusos dos grandes irmãos políticos que fazem da política o meio da ambição e do acúmulo de riquezas sem a preocupação em melhorar a vida dos...”proles”. Assim, os eventos de "1984" podem até ser identificados em pontos demarcados do planeta, hoje e no passado próximo, nos quais a desobediência ou a contestação podem significar a privação da liberdade individual ou risco à própria vida. Hoje, a televisão tem muita força de comunicação e pode – já não ocorre? - desviar a atenção, a inteligência. Afinal, não é ela que projeta a violência, constrói e destrói ídolos, nos faz pensar ou nos condiciona de certa forma segundo os desígnios de poucos? De um modo geral, há sim manifestações de "não cultura". A propósito, emprestando o título “big brother”, um dos piores e mais alienantes programas atuais da televisão. Afinal, por outra, não há uma crise nas religiões? Algumas não se excedem, diminuindo a capacidade individual, a vontade dos seus seguidores? Estejamos atentos, pois. "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley E o que dizer do instigante "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley ? Trata-se de uma obra muito atual, mesmo escrita há quase 80 anos, precisamente em 1932. O denominado "mundo novo "situa-se no ano 600 da era de Ford (referindo-se a Henry Ford, pioneiro da indústria automobilística nos Estados Unidos). Feitas as contas, chega-se ao ano de 2.500 da nossa era. Mas, do que trata o livro de Huxley ? Um novo mundo onde os seres humanos eram produzidos em série em laboratórios e, pela manipulação nos embriões, pertenceriam à elite dominante ou simplesmente à massa que fazia trabalhos braçais ou desagradáveis, o controle da individualidade pelo condicionamento no que denominou Centro de Incubação. Nesses centros de condicionamento, certas "mensagens" eram repetidas milhares de vezes, para que se constituíssem verdadeiros valores da vida. Mesmo sendo "imoral" a procriação natural, havendo por isso cuidados especialíssimos para evitar a gravidez, havia no "novo mundo" total liberdade sexual. A monogamia era objeto de repúdio e deboche. O casamento e o sentimento pais/filhos, uma vergonha. O "soma" era a droga contra todos os males da "alma": da angústia, da depressão, da tristeza, da dúvida. Uma dose da droga anestesiava a mente do usuário, sobrevindo um estado de euforia sem os mal-estares de outras drogas, quando passasse seu efeito. Num diálogo entre um selvagem – assim considerado porque nascera naturalmente – e o dirigente máximo da história de Huxley, à indagação da existência de Deus, este dissera que talvez Ele existisse, mas manifestando-se como "ausência; como se não existisse absolutamente". Porque Deus "não é compatível com as máquinas, a medicina científica e a felicidade universal". →→ (Coloco-me disponível para sugestões e críticas às minhas opiniões e mesmo correções às informações que as fundamentam. Liberdade de opinião!) Imagem: Google

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A IMPRENSA E OS + DE 80% DE APROVAÇÃO DE LULA


A contribuição da imprensa nos mais de 80% de aprovação do governo Lula, segundo o IBOPE. O “caso” e a decisão lamentável da não extradição de Cesare Battisti.

Símbolo das Olimpíadas


É tanta a repetição de que Lula sai com mais de 80% de aprovação de seu governo que começo a acreditar que esse porcentual é verdadeiro.
Já apontei certa contradição entre esses elevados índices e a votação expressiva de Serra nas últimas eleições. A derrota do PT no Estado de São Paulo. Esses votos não são a expressão dos que discordavam do governo Lula, mas silenciosos nas suas manifestações? Penso, assim, que há certa superficialidade nessas pesquisas - "está tudo ótimo, não está?" -, certa euforia desmedida no momento de sua coleta se considerarmos o descalabro que se dá na saúde pública e no saneamento básico, para ficarmos apenas nesses pontos.
Há méritos, sim, na continuidade do que herdara quando assumiu Lula o primeiro mandato: moeda estável, inflação controlada e política econômica austera. Dai, havia apenas que bem cuidar da horta. E ao bem cuidar a colheita foi soberba.
Postos esses elementos, há que ser pensada a contribuição da própria imprensa nesses altos índices de aprovação. Nos jornais de projeção, não há que se considerar influentes os editoriais e artigos de fundo que criticavam o governo e os deslizes de Lula em assuntos sérios – que poucos leitores sobre eles se debruçam e meditam – mas no noticiário geral, nos portais, na televisão e na própria imprensa escrita.
Quantas e quantas manchetes noticiavam com destaque o crescimento de sua aprovação, quantas vezes repetidas essa informação, à exaustão. A materialização da verdade.
Dos seus discursos repletos de metáforas, de bobagens mesmo, de deslizes a imprensa, de regra, editava e levava ao ar aqueles trechos considerados os melhores além de repercutir a sua autoavaliação em tudo, do “nunca antes neste País.” E também: “eu sou a encarnação do povo”, “vocês podem chegar lá como eu cheguei.”
Nessa linha se tem um veículo que colaborou com esses altos índices de aprovação fora ninguém menos...que a imprensa.
A despeito disso, sempre que a imprensa noticiava algum escândalo – e não foram poucos – ou mazelas do governo Lula, era ela “culpada” de só enxergar o lado ruim.
E por conta da liberdade que desfruta como elemento fundamental da democracia, há os que a tentam controlar, diminuir sua influência, propondo medidas iniciais aparentemente sem muita repercussão. Mas, após o primeiro passo, outros poderão se dar...
Um desencanto a postura do assessor especial de comunicações jornalista Franklin Martins que se empolgou fazendo discursos acaloradas nesse objetivo, mesmo sendo contraditado pelo que dizia a presidenta recém-eleita Dilma Rousseff que em seus discursos insiste em ter a imprensa livre. Do seu discurso de posse: “Prefiro o barulho da imprensa livre do que o silêncio da ditadura.” (*)
Essas distorções, pois, são arroubos do poder que subiu à cabeça de alguns do governo que sai. No caso do citado assessor, parece que não terá espaço no novo governo. E se assim se der, provavelmente volte para a TV Bandeirante para reiniciar seus comentários amenos sobre a política brasileira, máxime porque estará no poder a continuidade do governo Lula – pelo menos em suas linhas gerais, pela assunção de Dilma Rousseff. Se sua tese era o início do controle dos meios de comunicação, certamente que se valerá da autocensura em seus comentários nos meios de comunicação os quais, depois de externados deles pouco se lembrará.
Sai Lula em boa hora ufanista e consagrado.
Só espero que Dilma Rousseff faça seu próprio governo, expondo-se ao sol para fugir da sombra de Lula.

“Caso” Cesare Battisti

Condenado na Itália o citado “ativista” por quatro assassinatos, Lula, como esperado, negou sua extradição. Prevaleceu a “doutrina” Genro que já havia concedido ao terrorista a condição de refugiado político.
O argumento frouxo que prevaleceu fora de que, se extraditado, poderia Battisti, condenado à prisão perpétua, sofrer “perseguição política”. Ora, ele apenas voltaria para a prisão de onde, por tudo o que se noticia, nunca deveria ter escapado.
Há, também, o argumento de que tal condenação severa se dera por conta da revelia. Revelia? É revel quem assim decide ser geralmente para não responder diretamente por seus crimes.
Claro que a Itália, um pais civilizado, a despeito dos escândalos de Berlusconi, haveria que se indignar porque a condenação atendera lá o princípio do “devido processo legal”.
Infelizmente o Supremo Tribunal Federal – que deverá reapreciar o assunto – embora tivesse julgado pela extradição deixara a decisão final para Lula.
Ademais, nessa doutrina inconvicta e contraditória que ainda prevalece em setores desavisados do petismo, todo terrorista ou o eufemismo “ativista” tem que ser perdoado. Suas vítimas, ora essa, já estão enterradas há décadas, para quê desenterrá-las?
Será possível que esses “doutrinadores” não perceberam que os tempos mudaram? Que Cuba está caindo de velha? Que já não se aceitam mais os acintes iranianos de apedrejamento e de repressão às manifestações políticas? Que nada de positivo foi alcançado com “novos companheiros comerciais”, relevando ditaduras e governos retrógrados na África?
Lula perdeu a grande oportunidade de agir dentro dos melhores princípios democráticos respeitando o decidido pelo Judiciário italiano que condenara o “ativista” pelos seus crimes. Aliás, não fora em Cuba que Lula preferira não interferir na política daquele País? Em comparar dissidentes políticos cubanos em greve de fome com marginais, mesmo tendo ele, Lula, sido preso nos tempos dos militares, em 1980, também por dissentir e fazer greve de fome? Não foi no seu governo que surgiu o conceito, no caso do Irã e do apedrejamento, que a questão dos direito humanos é preocupação “ocidental”?
E pior, por aqui se fez um calhamaço “doutrinando” os direitos humanos. Não façam o que eu digo!
Aliás, nem tão humanos assim!
E o ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao divulgar a decisão brasileira falou em “decisão soberana”! A “decisão soberana” se deu no último dia do mandato de Lula, um ‘modo razoável’ para desviar a atenção de assunto de tal gravidade, porque no dia seguinte haveria a solenidade de posse da recém eleita.
Talvez Dilma Rousseff que foi “ativista” repense essa matéria e dê um novo enfoque a ela. E se assim for que seja com urgência.

Símbolo das Olimpíadas

Não tenho nenhum talento para ser destrutivo mas não consigo me conter: o símbolo aprovado das Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, me lembra menos o “Pão de Açúcar” e mais uma sunga estilizada e colorida. Fazer o quê?

→→ (Coloco-me disponível para sugestões e críticas às minhas opiniões e mesmo correções às informações que as fundamentam. Liberdade de opinião!).

(*) O discurso de posse da presidenta Dilma Rousseff foi muito convincente. Transmitiu confiança e esperança. Torço a favor!

Imagem: 1a. página do jornal "Folha de São Paulo" de 28.03.2010