quinta-feira, 10 de agosto de 2023

CÚPULA DA AMAZÔNIA. O COMEÇO DE UM TRABALHO








(Foto oficial da Cúpula da Amazônia - Foto de Ricardo Stuckert) (*)

Quanto a mim nas minhas divulgações nos meios possíveis, há décadas venho defendendo cuidados especiais na Amazônia porque há muito vem sofrendo agressões tanto de desmatamento como de queimadas provocadas, objetivando abrir áreas para pasto e obtenção de madeira ilegal. E com tais avanços como efeito consequente, a degradação crescente da floresta.

Mas, foi no governo Bolsonaro que a Amazônia e qualquer outra área de preservação foi abandonada.

Sim, na sua mediocridade, aumentaram principalmente na Amazônia, não só os grileiros, como os madeireiros predadores e os garimpeiros que invadiram áreas indígenas e, por eles desrespeitados em seus direitos básicos.

Felizmente foi Bolsonaro derrotado, mesmo com todos os "evangélicos" à sua volta fazendo profecias insanas de sua vitória.

Pois bem, um dos motes da campanha de Lula, situou-se com ênfase nos cuidados com o meio ambiente.

Nesse tema há muito o que fazer, a começar pelo desmonte da libertinagem incentivada no governo anterior. Desmantelar esses predadores inconsequentes não será conseguido a curto prazo. 

Serão necessárias ações constantes e, para um país sem guerra iminente, bom que o Exército assumisse, juntamente com órgãos de proteção ambiental, essa tarefa que digo, sem exageros, gigantesca. Essa a guerra a vencer. Basta ver  tamanho da Amazônia. 

Durante a Cúpula da Amazônia (dias 8 e 9/8), Lula disse que em todos os países que visita, a Amazônia é sempre citada como reserva florestal em prol da humanidade e eu aqui digo que ela tem a ver com o próprio equilíbrio do planeta e as futuras gerações. 

A Amazônia e outras reservas fazem parte do interesse planetário. E isso não é mais poesia se um dia foi,

Aos detratores da Cúpula de agora, digo que foi uma iniciativa importante uma resposta a  tudo o que de abandono se viu durante o governo Bolsonaro.

Entre os detratores, que sequer apoiavam Bolsonaro mas fazendo "mofa" ao governo Lula que vem tentando mudanças, há um caminho a percorrer e nada contra a crítica ao seu governo — porque as tenho feito — mas que não sejam para preencher espaço de jornal e, nesse caso, prevalecendo a inconsequência.

A Declaração da Cúpula de Belém, um documento extenso, com dezenas de proposições que não se restringem apenas à preservação das florestas, mas da proteção aos povos indígenas e, também, com medidas de incentivo, garantir dignidade aos habitante da região se pelo menos metade das propostas forem efetivadas já será um avanço a comemorar.

Eu destaco dessa Carta, dois itens que considero bem relevantes:

Nº 35: Exortar os países desenvolvidos a cumprirem seus compromissos de fornecer e mobilizar recursos, incluindo a meta de mobilizar US$ 100 bilhões por ano em financiamento climático para apoiar as necessidades dos países em desenvolvimento...

O proposição agora posta em documento oficial é a cobrança necessária, formalizada, aos países de primeiro mundo, grandes poluidores que têm que sair do discurso cômodo fazendo mera retórica sobre a Amazônia que agora estão sendo cobrados a participar da cura do planeta,

E também o de 

Nº 81: Adotar medidas urgentes para conciliar atividades econômicas com o objetivo de eliminar a poluição do ar, dos solos e da água, com ênfase nos rios amazônicos, com vistas à proteção da saúde humana e do meio ambiente.

Há nesse enunciado, um debate que chegou à Cúpula de modo oficioso, a questão da exploração de petróleo na região. A interessada é a Petrobrás, cujo projeto foi rejeitado pelo IBAMA para prevenir desastres que podem ocorrer com a exploração na região: poluição das águas, e dos rios amazônicos, das praias...

A denominação dada à região é pomposa: "margem equatorial brasileira" que se estende desde o Suriname até o Rio Grande do Norte.

As sondas da Petrobrás se situariam a cerca de 160 quilômetros da costa brasileira e em torno de 500 quilômetros da foz do rio Amazonas.

O vazamento ou falha na exploração de petróleo nessa distância e aonde mais se estendesse poderia significar uma tragédia ambiental.

Lula vacila em desautorizar o IBAMA e o Ministério do Meio Ambiente pela contradição que tal exploração significa quando se fala da preservação de todo o complexo amazônico.

E, mais, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro criticou a exploração petrolífera na Amazônia, qualificando essa pretensão como "negacionista".

Afinal, não tem razão o colombiano numa época em que se procuram alternativas ao combustível fóssil tão poluente?

Houve após o encerramento alguma crítica ou decepção de não ter a Cúpula fixado prazos para um série de medidas postas no documento e mesmo uma data para o desmatamento zero.

Marina Silva, no tocante ao desmatamento zero  confirma que o Governo Brasileiro assumiu essa meta a ser cumprida até 2030. Disse mais que os países que contam com extensões da floresta Amazônica em seu território concordam que o desmatamento não pode chegar a um nível "sem retorno".

Acho que o Brasil, que já vem dando mostras recentes de represálias ao garimpo ilegal, aos desmatadores precisa agir com rapidez porque 2030 está longe e se medidas drásticas não forem tomadas, até aquele ano poderemos estar diante do "não retorno". Por isso, ao lado de combate ao desmatamento ilegal em todas as suas formas,  há um severo apelo à recuperação de imensas áreas degradadas.

Há o que fazer e já desde ontem.

(*) Participaram da Cúpula da Amazônia, além do Brasil, representantes da Noruega, Peru, Equador, Guiana, Congo, São Vicente e Granadinas, Venezuela, Bolívia, Suriname, França Colômbia. Diversas entidades ambientais e autoridades com interesse na matéria.  A Cúpula da Amazônia é um encontro prévio, preparatório da COP - Conferência do Clima das Nações Unidas que se realizará em Belém do Pará em novembro de 2025.




 



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