Há algo além da ação nefasta do homo sapiens sobre o ambiente que vai sendo perversa e irresponsavelmente devastado.
"Ambiente", no caso é tudo aquilo que se pode colocar no universo da Natureza da Terra: as florestas e os vegetais, os animais e, ainda mesmo com as insânias e guerras que praticam, os seres humanos.
O planeta suporta e sustenta essas três manifestações mas só um deles depreda aquilo que muitos esclarecidos dentre eles informam ser aqui o "nosso lar".
Todos os adjetivos foram e têm sido empregados para descrever a devastação das florestas em larga escala e, essa horda de ignaros não pensa nos efeitos futuros desses atos perversos porque a linguagem do dinheiro é aqui e agora.
Então, uma árvore centenária não tem o valor dos séculos em que floresceu atingindo um tamanho majestoso. Não. A avaliação se dá por metros cúbicos e o quanto renderá.
Não se olham as fontes que ela eventualmente alimenta irrigando a terra, a captação de carbono da atmosfera retribuindo com oxigênio, melhorando o ar nestes tempos de poderosa poluição.
Nesse processo a árvore mantém a umidade do ambiente e favorece, em larga escala, as chuvas como ocorre, ainda, na Amazônia e, a partir dela, em amplas áreas do país.
São conceitos elementares, o lugar comum nestes tempos?
Podem até parecer mas não são.
Nos dias atuais, com tanta devastação que se dá também pelos incêndios provocados na Amazônia e outros biomas importantes, as chuvas minguam, os rios secam, a fauna é morta nesse contexto de insanidades que todo mundo vê mas que, em termos de ação pouco se faz, salvo os discursos que são eloquentes mas que se perdem na demagogia.
Todo mundo vê os pastos se multiplicarem dando-se a crueldade duplicada: contra a floresta que tempera o clima do planeta e contra os animais, criados para consumo.
Há vozes conscientes de que o consumo de carne deveria diminuir. E a carne está tão presente na culinária que a picanha, aqui no Brasil, virou mote desqualificado de política num embate pobre e ridículo.
É preciso reverter essa devastação e, na contrapartida, ampliar com urgência reservas florestais fiscalizadas. Promover campanhas constantes de sua importância. "Plante que a Natureza garante".
Sintetizando, estamos vivendo momento muito grave do ponto de vista ambiental a ponto de, nesse desequilíbrio notório, ter chovido há pouco de modo copioso no deserto do Saara formando-se lagoas que, sabe-se, não se sustentarão porque se trata de uma anomalia climática.
Como considerar as enchentes recentes no Rio Grande do Sul? Que anomalia foi aquela?
As plantas estão aí, elas crescem, milhões cuidam dos jardins, das flores, tocam nas pétalas duma rosa sem atinar como aquele tecido frágil foi criado ou colhem laranjas suculentas no pé, sem perguntarem como a laranjeira levou a água até lá no alto e criou o fruto.
Ora, porque a terra dá os nutrientes, dirá alguém simplificando. As raízes. Esse é um pensamento limitado.
Tenho lido e ouvido filósofos que formulam frases bonitas e edificantes, desde a Grécia antiga, alguns hoje fazendo pregações de autoajuda, mas não há quem se arrisque em explicar sobre a eclosão da própria vida e como ela se encerra. Após a morte tudo se finda no cemitério ou a alma revive numa reencarnação futura continuando o aprendizado onde havia parado? A Terra é um planeta de penitências tais as desigualdades reinantes?
E Deus, o Criador?
Quem comprova o big-bang? Não se trata de uma ficção conveniente? No universo são bilhões de estrelas, planetas e corpos celestes. Qual poder mantem essa harmonia?
Tudo se debate, mas não há quem ultrapasse esse enigma da existência, da vida e seus desafios. Há um destino traçado?
Tenho constatado que, a qualquer avanço filosófico nesses desafios, se impõem novas indagações mais difíceis de responder.
Os animais não são vegetais, não é a terra o seu nutriente, mas o que ela produz. Não estão neste planeta por acidente.
Eles aqui estão para, a seu modo, sobreviverem com o homo sapiens. O home sapiens deveria os tratar com compaixão.
Mas, não é assim. Tanto quanto as florestas, eles são trucidados por maldade ou para suprir alimentação. Fizeram parte de rituais ditos religiosos. E há, ainda, caçadores insanos.
De um modo geral, eles se apegam aos seres humanos que lhes dão carinho: há cenas de músico tocando instrumento afinado que atrai bois e vacas que, "surpresos", se aproximam da fonte do som suave.
Os animais domésticos são o maior confirmação dessa aproximação e não escondem o amor que devotam aos seus protetores.
Os seus protetores defendem os animais até o momento em que a refeição cotidiana é completada com nacos de carne. E aí não se pergunta se aquele pedaço é resultado de crueldade extrema nos matadouros.
No seu livro "Sapiens - Uma breve história da humanidade", Yuval Noah Hararia relata crueldades indescritíveis contra o animais, relatando o caso das porcas e seus filhotes que ficam confinados em caixotes, em engorda, sem poderem se mover ou buscar comida no chão. (*)
É para pensar no possível choque que se dá nas forças de criação da Natureza essas mortes cruéis aos milhões por dia.
Essa crueldade aos animais não explica os conflitos que se sucedem no Planeta, essas guerras absurdas, o ódio, o genocídio, a intolerância política e religiosa e os assassinatos?
Tudo está ligado ao Todo.
Pelo modo como o homo sapiens vem agindo no planeta percebe-se, se nada mudar, que os ataques ao meio ambiente tendem a afetar o ânimo do planeta em suportar e alimentar todos os seres vivos, nestes incluídos os vegetais.
E não se esqueçam os oceanos que se transformam em depósito de resíduos tóxicos e lixo.
O livro é de 1909 e seu conteúdo aborda temas da existência do ponto de vista místico, buscando explicações sobre os mistérios da vida, da morte, a "lei" da causa e efeito. O autor recomenda o vegetarianismo por tudo o que sofrem os animais sob o poder do homem e sua impiedade. O trecho é longo que transcrevo mas tem tudo a ver com o que tento transmitir:
"Este mundo em que vivemos é governado por Leis da Natureza. Sob essas leis devemos viver e trabalhar, e somos impotentes para modificá-las. Poe conseguinte, se as conhecermos bem e cooperamos inteligentemente bem com elas, essas forças-naturais tornar-se-ão nossas servidoras mais valiosas, como acontece, por exemplo, com a eletricidade ou a força expansiva do vapor. Se pelo contrário, não as compreendermos, e em nossa ignorância agirmos contrariamente a elas, podem as mesmas converterem-se nas mais perigosas inimigas nossas, capazes de destruição terríveis".
E o Autor prossegue, dando a sua mensagem mística:
"Assim sendo, quanto mais nos familiarizarmos com os método de trabalho da Natureza, que é um símbolo visível do Deus invisível, tanto melhor poderemos aproveitar as oportunidades e vantagens que se oferecem para crescimento e poder, para nos emanciparmos das limitações, e para nos alçarmos à perfeição". (**)
Essa admoestação sobre os abusos contra a Natureza, 115 anos passados, vão se confirmando. Esses desatinos têm que ser contidos urgentemente. Tal qual um corpo doente que precisa de tratamento, só há um caminho: o da cura e da recomposição. E, sobretudo, uma mudança de mentalidade de tal modo que o planeta deixe de ser considerado a oficina do mal, um depósito de lixo e entulho para ser enxergado como a casa de sobrevivência ainda bonita a ser rigorosamente preservado, para todas as formas de vida.
Referências
(*) Acessar: SAPIENS UMA BREVE HISTÓRIA DO TEMPO
(**) Max Heidel - Conceito Rosacruz do Cosmos
Nenhum comentário:
Postar um comentário