quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

MÊS I

Os primeiros 30 dias de Dilma Rousseff e os recados captados. A gradativa diminuição da presença de Lula no cenário nacional o que pode facilitar o novo Governo que se livra de sua “sombra”.


Guardo alguma expectativa, positiva, do início do Governo Dilma Rousseff.
Antes de qualquer análise de indícios, há que considerar o modo como agiu seu padrinho político ao longo de oito anos, que aos poucos vai ficando mais raro na mídia, algo saudável, porque ficamos livres de seus discursos e de seus arroubos desqualificados.
Dilma, ao contrário, mantém-se discreta até agora, silente como que esperando passar o fator Lula de sua agenda e ir, de modo gradativo, sem melindrá-lo, colocando sua marca no governo.
Embora tenha ela prestigiado seu antecessor, acolhendo a sua cota de ministros e auxiliares diretos, a verdade é que tirou de seu circulo, pelo menos, o Ministro Celso Amorim que engendrou o fiasco no Iran e, nas questões da “casa” propriamente dita, a sua subserviência ao permitir a emissão, “interpretando” no melhor interesse a lei reguladora, passaportes diplomáticos para os filhos de Lula.
E não houve nesses episódios um sentido crítico, público, do privilégio sem causa, verdadeiro abuso de quem os recebeu e de que os autorizou. Muitas são as vezes em que o País age ou agiu como republiqueta: a recente, a decisão de última hora de dar guarida ao terrorista italiano Cesare Battisti é caso típico. Decisão desastrada de Lula que se deu nos estertores de seu mandato para ser abafada pela solenidade da posse no dia seguinte.
E se sai com essa explicação até ridícula de que o Brasil tomou “decisão soberana”. Como seria bom para o País, se essa decisão com a intercessão da presidente fosse revertida atendendo aos apelos italianos!
Recados ela tem dado: coloca abertamente em pauta a questão dos direitos humanos o que pode implicar em mudanças nas relações com Cuba e outros países não democráticos, como é o caso do Iran tão assediado por Lula. Em linha, o do sentido democrático de seu governo, de sua ampliação do modo mais aberto a ponto de, agora menos com Lula que a todos afagava, constranger a ditadura que se desenha na Venezuela e que persegue a imprensa. E mais, quem entendeu o recado que o use, aquele do cumprimento dos contratos bilaterais nos quais esteja o Brasil num dos lados. Pode parecer pouco, mas eu interpretei de modo mais amplo este último aviso: afinal se trata de governo novo e é uma mulher quem o comanda...quem sabe as “concessões” se ampliassem agora, não a ponto, claro, como fez a Bolívia de Evo Morales de tomar as instalações da Petrobras com o exército.
Internamente, esperam-se os projetos da reforma tributária, encaminhamento da reforma política.
Passou-se o primeiro mês de seu governo.
Pelos seus antecedentes, isto é, pelo modo como ela o conquistou, não há como esperar grandes movimentações, grandes projetos neste lapso.
Há que arrumar a casa. O Congresso por sua vez se reorganiza, lá está Sarney de novo presidindo o Senado que, ao contrário do que demagogicamente apregoara não mexeu uma palha para “renunciar” ao posto.
E o povo brasileiro estará pagando altos salários para seus “representantes” parlamentares sem qualquer manifestação decidida e muitos de nós ainda fazendo graça com o tiririca. Rigorosamente, nós fazemos parte desse circo, mas como plateia medíocre que ri por graça nenhuma e paga ingresso caro.
Voltando à Presidência, torço que Dilma Rousseff não se inibia na sombra de Lula e saia para a luta, pondo em pauta todas as suas propostas de campanha.
Agora deve começar o Governo...

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