segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

DISCURSOS E COMPARAÇÕES

Mandamento: “Amem a Dilma como vocês me amaram”. O sucesso: “O sucesso do governo Dilma é o meu sucesso’, disse Lula. Esse sucesso que será o seu, permite, em qualquer circunstância que a presidente mude os paradigmas do governo Lula.

No auge das festas de transferência de poder, já em São Bernardo do Campo deu Lula aos seus discípulos do PT, um novo mandamento: “Quero pedir para que vocês amem a Dilma como vocês me amaram no governo. Para que vocês gostem dela como vocês gostaram de mim. Porque o Brasil não pode parar".

Por tudo essa exaltação se devia ao momento de retorno às suas origens, São Bernardo do Campo, compreensível, então, o mandamento dado por Lula, o amado.

Depois dai, foi ele de certo modo esquecido pela mídia, um alívio depois de oito anos de mandato e na média três discursos por dia. E lá estava sempre a imprensa registrando sua verve e seus excessos, ainda que editando seus discursos. Foram discursos demais, muita graça que, indiscutivelmente, ajudaram na eleição de sua candidata.

Assim que empossada, a presidente (a) desde logo assumiu posições mais sóbrias em relação aos direitos humanos nesse caso entrando em choque com o Irã e seu costume de apedrejar mulheres, recado que Cuba aproveita com seus prisioneiros políticos e, pelo que se constata, pelo menos publicamente, algum distanciamento de Hugo Chaves.

No primeiro caso, para lembrar, no começo Lula foi vacilante. Ministro influente diria que “direitos humanos” eram uma preocupação ocidental. Com relação a Cuba, para ficar bem com os irmãos ditadores (até quando, não!?), comparou os dissidentes políticos cubanos com bandidos. E, finalmente, com Hugo Chaves que massacra a imprensa oposicionista, havia sempre mútuos amplexos e agrados.

Posições que a presidente se encaminha para rever e modificar. Já deu sinais nesse sentido, mas ainda é cedo – há que esperar seus atos mais decisivos - para a ação que deverá vir com o tempo, à medida que seu governo for se consolidando, sem o seu padrinho por perto num espaço de influência.

Provocado ou não Lula, ou percebendo que sua pupila ensaia se distanciar de sua rota de influência, na festa de aniversário do PT havida em Brasília no último dia 10, numa de suas manifestações meio ambíguas, sempre meio acima das medidas, criticou os formadores de opinião, que estariam comparando os governos para proclamar que “o sucesso do governo Dilma é o meu sucesso. O fracasso de Dilma é o meu fracasso.” E arremata: “Se a grande desconstrução do governo Lula é falar bem do governo Dilma, eu posso morrer feliz.”

Claro que aqueles “formadores de opinião” que “desconfiam” não ter o governo Lula 80% de felicidades como apregoado num momento psicológico propício se considerada a votação do PSDB, esperam, sim, mudanças importantes não só no modo de gerir o governo como espantar a loquacidade tantas vezes desabrida de Lula.

O governo precisa ser outro sim, mudar paradigmas.

Acho até que a queixa às comparações dos “formadores de opinião” , menos que queixa, tem o mérito inesperado de permitir que Dilma avance nos seus próprios conceitos, porque qualquer que seja o sucesso dela pensa Lula ser o seu próprio sucesso...

Está aberto, pois, o flanco para mudar atitudes, conceitos e ações. O que não mudar, repensar, rever.

Não há preconceitos de qualquer natureza nisso. Clamar por mudanças é da natureza humana.

E foi Dilma quem venceu as eleições tendo como suporte para a vitória, promessas e mais promessas.

PS: Sua aparição recente em cadeia nacional de radio e TV, talvez tivesse por objetivo se apresentar oficialmente como presidente (a). Todavia, nada do que foi dito, não fizera parte de sua cartilha de campanha. No que destoou foi a promessa de sanar os equívocos do ENEM e outros projetos do Ministério da Educação que tem se revelado incompetente. Só a vontade de acertar não garante o sucesso, tanto são os erros que humilham. A questão aí é de administração, de planejamento porque esses programas são gigantescos, exigem igual logística. Para dizer o que disse, não precisa da cadeia de radio e TV. Bastava vir a público o ministro da Educação para revelar a ordem da presidente em seus... ouvidos.

→ →(Coloco-me sempre disponível para sugestões, críticas e principalmente correções às minhas opiniões e informações).

Foto: Discurso da vitória: promessas.

Um comentário:

  1. Milton, somente se pode medir índices com fatos: os 56% de votos - nas últimas eleições - ao complexo Lula-Dilma não representam os 80% de aprovação propagados. 46% lhe é contrário. Dentre muitos, talvez um de seus artigos mais pertinente. Parabéns.

    ResponderExcluir