segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL: PERMANENTE VIGILÂNCIA


A volta da devastação na Amazônia. Outras questões ambientais relevantes. Repercussão do projeto de revisão do Código Florestal.

Para todos aqueles que têm real preocupação com a preservação ambiental nestes tempos enegrecidos, como nenhum outro, implica em permanente vigilância.
No meu artigo de 15.12.2010 no qual tratei das variações da Conferência Ambiental havida em Cancun entre as várias indagações levantadas, questionara o festejo oficial por conta da redução dos índices de desmatamento na Amazônia. Dissera, então:
“Na verdade acho que “redução de 80% no desmatamento da Amazônia e 40% no bioma do Cerrado são insuficientes – não haveria mais tolerância ao desmatamento - a menos que haja a recuperação efetiva das pastagens degredadas em milhões de hectares e o reflorestamento como preconizado.” (1)
A notícia no final, explica porque a "comemoração" era descabida.
Nesse estágio de vigilância me deparo com artigo publicado no jornal “O Estado de São Paulo”, de articulista que se apresenta como filósofo e professor da UFRS, Denis Lerrer Rosenfeld, sempre em defesa do projeto de revisão do Código Florestal de autoria do deputado Aldo Rebelo (2)
Sua análise, desprovida de seriedade, parte destes pressupostos:
“Se um extraterrestre aterrissasse no Brasil após a tragédia no Rio de Janeiro, lendo certos jornais e notícias de algumas ONGs ambientalistas, não hesitaria em considerar o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) um criminoso, responsável pela morte de mais de 780 pessoas. Espantado com a enormidade da tragédia, logo diria, sem hesitar, que a revisão do Código Florestal fora a grande culpada pelo acontecido.”
E depois:
“Mas, curioso, o extraterrestre procuraria informar-se melhor, acessaria o site do Greenpeace e depararia com uma matéria intitulada A receita da tragédia, na qual a "turma da motosserra" seria, também, a verdadeira responsável por tudo. Ou seja, os ruralistas, o agronegócio e o deputado Aldo Rebelo seriam os culpados pela ocupação desordenada do solo nas regiões urbanas! Em apoio, a matéria cita ainda dois membros da mesma ONG com opiniões balizadas sobre o assunto. Isso seria o equivalente a pedir a uma mãe judia ou italiana uma opinião isenta sobre o seu filho. A parcialidade seria manifesta!”
Esse tipo de abordagem que, no fundo pretende apenas defender o projeto do deputado comunista e os ruralistas, já se deu no mesmo jornal, pelo próprio deputado, num artigo também cheio de graça mas que não chegara a tanto, aos extraterrestres!
Do espaço, por enquanto, os satélites apenas estão revelando a devastação aqui em baixo.
Nessa abordagem do filósofo, não há nenhuma análise técnica em defesa do projeto de seu protegido, apenas tergiversa e explana sobre a ocupação das áreas de risco pelas populações mais pobres.
Claro que numa discussão séria, desprovida de graça, ninguém se proporia a culpar, nem o deputado nem o seu projeto como causa das tragédias na região Serrana do Rio de Janeiro. Tal ilação beira o ridículo. (3).
Fora a tragédia no Rio um severo alerta.
Nessa conformidade, o que se questiona é a proposição neste País da impunidade de pretender mudar a lei depois que foi ela violada, que anistia todas as penalidade devidas pelo seu descumprimento para salvar “a pele” daqueles que praticaram as ilegalidades como se vítimas fossem do sistema. Numa época em que o País esbanja produção de alimentos e mantém o maior rebanho bovino do mundo e toda a devastação que dai decorre.
Chega a tal nível de descalabro o projeto que contempla em suas linhas, até mesmo a diminuição das matas ciliares quando se constata nas divisas dos grandes produtores imensas áreas plantadas, a perder de vista, sem uma única árvore como “símbolo” da devastação tolerada e praticada de modo implacável. E, a despeito dessa realidade, propõe o projeto de Aldo avançar sobre faixas de matas ciliares, sem contar as outras liberalizações predatórias nele contidas.
O resto, essa história de extraterrestre é bobagem pura que não leva a nada não enriquece o debate, escamoteia as questões centrais que ele suscita.
Por outra, o mesmo jornal, em 03.02.2011 noticiou o seguinte:
“Nos cinco meses que se seguiram à menor taxa de desmatamento da Amazônia em 22 anos, o ritmo das motosserras na floresta voltou a crescer. Os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicaram aumento de 11% no abate de árvores entre agosto e dezembro de 2010, comparado ao mesmo período do ano anterior.” (4)
E uma nota final na mesma notícia:
“Preocupação: O desmate no Amazonas, Acre e Tocantins é o que mais deixa o governo em alerta. "A devastação se aproxima do coração da floresta", diz Mauro Pires, do Ministério do Meio Ambiente.”
O que faz além de se preocupar, o Ministério do Meio Ambiente?
Exaltou-se a diminuição do desmatamento há pouco. E agora? E as promessas de campanha para combatê-lo?
A questão ambiental exige nestes tempos cinzentos, permanente vigilância, MESMO.

→ (Coloco-me disponível para sugestões, críticas e principalmente correções às minhas opiniões e informações).

Referências no texto:

1) “Clima: Cancún devagar mas caminhou” de 15.12.2010 (Vote Brasil)
(2) Jornal “O Estado de São Paulo” de 21.01.2011 – “Oportunismo Ambiental”.
(3) V. meu artigo de 23.01.2011 – “Tragédias no Rio de Janeiro & anexos” (Vote Brasil)
(4) Jornal “O Estado de São Paulo” de 03.02.2011, “Desmate volta a crescer na Amazônia” (Marta Salomon)

Imagem: Cartaz da próxima Campanha da Fraternidade (2011).

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