sábado, 15 de junho de 2013

MATA ATLÂNTICA EM MINAS VIRA CARVÃO PARA OS FORNOS DE SIDERÚRGICAS.

[Inclui salvamento de jaboticabeiras e notícia da extensão do desmatamento na Amazônia]

Ainda que escrevendo somente para mim, nos veículos restritos que tenho disponível, inclusive neste, escrevi, entre outros, dezenas de artigos revelando minha angústia com a devastação ambiental.
Essa devastação no Brasil é dolorosa e preocupante, mas a grande maioria dos povos se fecha num casulo principalmente por estas plagas, vibrando com novelas, com o futebol em particular, ficando ao “Deus dará” a providência para esses abusos ambientais inomináveis.
Afinal de contas, ouve-se – e há literatura de autoajuda recomendando isso -, “eu vivo o presente – o futuro a Deus pertence”; mas nesse futuro insondável há o conjunto familiar, filhos e netos.
Há dias voltei a me escandalizar, porque já estive revoltado antes, com esta notícia e mesma notícia:


“(...) É a quarta vez consecutiva que o Estado [Minas Gerais] lidera o ranking de perda da floresta [Atlântica].”
“Sozinho, o Estado foi responsável por metade do desmatamento do período, ali realizado principalmente para fazer carvão para abastecer fornos de siderúrgicas. Considerando somente as florestas (e não outros tipos de vegetação da Mata Atlântica), houve perda de 10.7512 ha. no Estado entre 2011 e 2013 – um crescimento de70% em relação ao ano anterior.”(Jornal “O Estado de São Paulo” de 05.06.2013).
É isso
Árvores nobres, de uma reserva diminuta, algo em torno de 8% de sua extensão original, sendo convertidas em carvão para sustentar, ainda hoje, com tanta tecnologia disponível, siderúrgicas mineiras. Trata-se de insanidade inacreditável, um crime que se mantem impune. Por quais interesses essa prática se mantem é bem fácil entender: a linguagem do dinheiro que a poucos beneficia.
E a impunidade é tanta que o governo federal comemora, no que se refere à Amazônia ainda cheia de elementos a desvendar, tantas vidas selvagens sendo ceifadas, os quantos quilômetros foram devastados de um ano para outro. Trata-se de postura enganosa porque de ano para ano, num mais noutro menos, a floresta vai desaparecendo mesmo que todos saibam que é ela que tempera o clima.
Há com efetividade um círculo de incompetência e irresponsabilidade porque os atos insanos se referem ao aqui de agora.
O futuro, ora, a Deus pertence.

No trajeto do estado de São Paulo para Minas Gerais, via Anhaguera e na sua continuação no território mineiro, são imensas as áreas devastadas, largas extensões abandonadas. Há um misto de plantação de cana e milho. Nessas áreas a perder de vista, não houve, de regra, a preservação pequena que fosse, da vegetação nativa ou replantio de árvores, de micro bosques.
Claro que não adentrei em tais áreas, mas nada me convence que minas foram levadas de roldão pela mesma devastação que aumenta a incidência da seca.

O que adianta se referir a tais omissões e insanidades? Se a ninguém, serve a mim. Não serei eu quem se conformará. Não sou omisso.


JABOTICABEIRAS REPLANTADAS E SALVAS


De vez em quando veem-se imagens como esta: árvores sendo salvas, no caso jaboticabeiras, o que não é pouco. Ações como esta são raras que viram notícia destacada na imprensa. Que sirva o exemplo (Gazeta de Piracicaba de 07.06.2013)



DESMATAMENTO


Amazônia perde área maior que São Paulo em 6 meses, aponta INPE



Os alertas de desmatamento na Amazônia Legal subiram 26,6% nos últimos seis meses, no intervalo entre 1º de agosto de 2012 e 28 de fevereiro de 2013, em comparação com o mesmo período anterior, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgadas na quinta-feira, 28 de março.


As informações, que incluem a degradação (desmatamento parcial) e o corte raso (desmatamento total) da floresta, foram registradas pelo Deter, sistema de detecção de desmatamento em tempo real do Inpe, que utiliza imagens de satélite para analisar a perda da mata em nove estados.

No total, 1.695 km² da floresta foram destruídos ou degradados nos últimos seis meses, área maior do que o tamanho da cidade de São Paulo (1.521 km²), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já entre 2011 e 2012, foram perdidos 1.339 km² de mata, no mesmo intervalo de tempo.

Segundo o Inpe a cobertura de nuvens na região amazônica prejudica a análise do Deter. Em novembro de 2012, 34% da floresta estava coberta por nuvens; já em dezembro, a cobertura foi de 54%. Em janeiro, 67% da Amazônia estava coberta por nuvens, enquanto em fevereiro o índice foi de 64%.

"Campeões" indigestos

Os estados "campeões" em destruição da floresta foram: Mato Grosso (604 km²), Pará (300 km²) e Rondônia (232 km²) - eles tiveram mais desmatamento entre agosto de 2011 e fevereiro de 2012, conforme o Inpe.

Proporcionalmente, o aumento do desmate foi grande no Maranhão (crescimento de 121%) e no Tocantins (81%), aponta o Inpe.

Fiscalização e R$ 1,4 bilhão em multas

Segundo o diretor de proteção ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Luciano de Meneses, o órgão teve que encontrar novos métodos de fiscalização após constatar o aumento no número de alertas de desmate.

"Entramos com a Operação Onda Verde, ocupamos as seis áreas críticas que respondem hoje por 54% de todo o desmatamento da Amazônia. Colocamos bases móveis com autonomia. Essas bases tem agentes do Ibama, agentes da Força Nacional de Segurança, agentes da Polícia Rodoviária Federal", afirmou o diretor.

Fiscais do Ibama na Operação Onda Verde apreenderam mais de 65 mil m³ de madeira em toras que circulavam de forma clandestina pela floresta, entre 1º de agosto de 2012 e 25 de março de 2013. Desse total, quase 38 mil m³ de madeira foi encontrada no estado do Pará, e 15,7 mil m³, em Mato Grosso.

Além de madeira, o Ibama confiscou 110 tratores, 60 caminhões, 216 motosserras e 32 armas de fogo na Amazônia Legal.

No total, o órgão aplicou 3.180 autos de infração entre agosto de 2012 e março de 2013, cujo valor de multas, somadas, ultrapassa R$ 1,4 bilhão.

Balanço do INPE

O último balanço anual de desmatamento divulgado pelo Inpe apontou que 4.656 km² da Amazônia haviam sido perdidos entre agosto de 2011 e julho de 2012. A área, calculada pelo sistema Prodes, equivale a mais de três vezes o tamanho da cidade de São Paulo.

O Prodes consolida dados coletados ao longo de um ano por satélites, capazes de detectar regiões desmatadas a partir de 6,25 hectares, e não pode ter suas informações comparadas com o sistema Deter. São computadas apenas áreas onde ocorreu remoção completa da cobertura florestal – característica denominada corte raso.

Fonte: EcoD -  28.03.2013

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