segunda-feira, 17 de junho de 2013

OS PROTESTOS JOVENS PRINCIPALMENTE EM SÃO PAULO



Minhas revisões conceituais sobre os movimentos em São Paulo e outros pontos do país.


Sou de uma geração que amadureceu, com efetividade, após 1985. Antes as coisas não eram fáceis. Houve quem recebesse visita de agentes da repressão na porta de casa sem saber direito o que se passava e de qual acusação recaia.

Não justifico a minha omissão – a meu modo talvez nem tenha sido -, mas uns mais outros menos, engajados ou não fomos bloqueados por esse período perigoso da realidade brasileira.

Eu assisti com paixão as greves a partir de 1978 no ABC, com a intuição de que poderiam significar algo novo no panorama político. E na marcha pela conquista da liberdade política e social, significaram, sim, tanto que o seu líder principal, pelo bem ou pelo mal, tornou-se presidente da República.

Pois, eu como tantos outros de minha geração, olhamos torto para esse movimento de agora iniciado em São Paulo pela redução de R$0,20 nas passagens de ônibus.

A minha irritação chegou ao auge, antes da ação violenta da polícia, pela depredação de ônibus, vidraças de bancos e, principalmente, os excessos na estação do metro MASP, que me diz tão de perto porque por ali tantas vezes caminho admirado não só pelo museu, mas pela própria Paulista.

A DEPREDAÇÃO E A VIOLÊNCIA JUSTIFICAM O CASSETETE E O CAMBURÃO.

Num segundo momento, até há pouco, minhas impressões se situavam, por similitude que vislumbrei, com o movimento Ocupe Wall Street, em Nova York, que acabou como se você um rastilho de pólvora que se apagou ao atingir a chama sem alimentação ao seu final.

Mas, hoje, nesta segunda-feira, dia 17 de junho, vi que, ao contrário de minhas impressões até hoje, o movimento cresceu muito e os jovens começam a despertar para outros problemas que humilham o pobre do brasileiro: assistência médica extremamente medíocre; impostos elevadíssimos; transporte de má qualidade embora não se negue que em São Paulo as obras do metro nunca pararam a despeito do custo astronômico de novas linhas; pedágios escorchantes nas estradas paulistas; gastos imensos para patrocinar essas Copas de futebol sob a administração da FIFA que se arroga autoridade política no Brasil e patrocínio entusiasmado da Rede Globo que aliena o povo brasileiro e seus repórteres com tino beirando a imbecilidade; um país que tirou da pobreza extrema, dizem os órgãos oficiais, milhares de brasileiros com o esmolar da “bolsa família”.

Sim jovens, é preciso protestar contra essa Copa de Futebol, perdulária, cujos gastos bilionários se perdem na inconsistência das informações do Executivo Federal. É em Brasília que o vício se assenta, não na avenida Paulista ou nos R$0,20 das passagens. Não nas instalações da estação do MASP. Não!

Lá na capital federal sustentamos 513 deputados e 81 senadores e seus milhares de ‘aspones’ e funcionários cujas Casas (senado e câmara) têm praticamente saques livres na montanha de impostos pagos pelos brasileiros. Saibam que os “Estado Unidos do Brasil” têm proporcionalmente mais deputados e senadores do que os “Estados Unidos da América do Norte”!

Precisamos de tantos “picaretas” como classificou o ex-presidente quando deputado?

Vejam que as questões são de base, profundas.

Eis a que ponto chegamos, para não adentrar nas inconsistências atuais na área econômica da qual não tenho cultura suficiente para ir a fundo: a Petrobras está num estágio beirando a falência pelos desmandos havidos na sua administração pelos últimos anos. Sabem de quem? De quem? Do PT.

E o descontrole e os abusos nos gastos não escaparam da própria presidência da República. Quando da visita ao beija-mão ao papa Francisco – é isso foi denunciado pelo senador Álvaro Dias com base no noticiário da imprensa internacional – o séquito presidencial por três dias se acomodou em 52 apartamentos num hotel de luxo da capital italiana; foram alugados 17 carros para transporte desses “turistas oficiais” e até caminhões para as bagagens. Desrespeito ao povo brasileiro. 

E onde os milhões de gastos com os cartões corporativos?

Sim, tudo começa por Brasília, alguma coisa se salva, mas o que há de ruim até cheira mal. É lá que a corrupção começa e se expande para o país. É por influência de lá que os bandidos perdem o medo tanto que por alguns trocados ou falta deles mata ou queima suas vítimas.

Estamos num país que menor de 16 anos cobre o bandido que tenha apenas um ou dois anos a mais, porque ele tem o “benefício” da impunidade. Mesmo que seja cruel, mesmo que seja um bandido formado.

Essas autoridades judiciárias e o próprio Ministério da Justiça, inoperante, não percebem que os tempos são outros, que muitos “meninos 'de' menor de 16 anos”, não rodam pião. Eles sacam das armas e matam.

Eu faço parte da “sociedade” e não tenho nenhuma culpa a lamentar por esse estado de coisas. A educação é deficiente e o professor além de não ser incentivado é ameaçado por seus alunos. Tudo começa aí nessas contradições.

Todos sabem dos problemas e das soluções mas há omissão generalizada.

Esse é o seu país, jovens. Lutem pelo seu futuro, não pelo meu. Lutem para que o seu país adquira vergonha na cara.

  


2 comentários:

  1. Precisamos fazer isto se refletir nas próximas eleições!! Eles foram colocados la pelo povo!! Se eles forem reeleitos, estes protestos de nada valeram!!

    Ademir Possignolo

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  2. Só que ainda não sei qual será o desfecho dessas manifestações, qual é o desfecho esperado pelos manifestantes? Isso me deixa perdida...

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