quinta-feira, 6 de abril de 2023

NESTES TEMPOS DO ÓDIO E DA BARBÁRIE


A Humanidade nunca se viu livre de atos trágicos de ódio. A barbárie é histórica.

Mas, nestes tempos a intolerância e o ódio, com tantos recursos modernos disponíveis não seriam mais esperados. Mas, esses maus sentimentos estão presentes.

A comunicação se expandiu como nunca e ampla como é, difundiu também, a discórdia e o ódio.

O posicionamento do ódio é tão presente nestes tempos que até a inteligência artificial que está em franco processo de aperfeiçoamento assusta. Sim, porque ela pode refletir os sentimentos se não dos seus criadores do que ela pode captar no volume de informações posto à sua disposição.

As notícias se avolumam pelo mundo, mas particularmente entre nós, percebo a falta de espiritualidade mas no seu sentido da interioridade, da busca de valores que não estão em meros sermões de religiosos que mal se situam no que pregam e falam e, em casos múltiplos, deixam escapar o antagonismo e, com ele, um sentido de discórdia. 

Valho-me para melhor explicar o que afirmo estes versículos dos Provérbios 6:16-19

16. Estas seis coisas aborrecem o Senhor e a sétima sua alma abomina:

17. Olhos altivos, língua mentirosa, e mãos que derramam  sangue inocente;

18. Coração que maquina pensamentos viciosos, pés que se apressam a correr para o mal;

19. Testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.

Nessas pregações que "pastores" proferem alguns muito ricos, identifico condutas praticadas por eles em linha com esse Provérbios,  mesmo que veladamente.

Na questão da espiritualidade - e eu que não sou religioso  mas cheguei a essa conclusão - venho anotando, talvez pela idade, que há respostas na medida em que buscada corretamente.

Qual outra saída? 

Já se disse e eu confirmo que hoje, a presença de Deus vem sendo ignorada. Talvez há muito esteja assim. Não adianta a oração da "boca para fora" com se faz em grandes templos, nessas sessões nas quais há sempre um impulso econômico. 

Acho que buscar a verdadeira interioridade tem-se como princípio que pode variar segundo os caminhos do buscador em Mateus 6:6:

Mas, tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em oculto; o teu Pai, que vê secretamente, te recompensará.

Faz um dia ou algumas horas mais que os assassinatos brutais de crianças de 4 e 7 anos em Blumenau (SC) e que causaram espanto e comoção em todo o país.

Não há explicação lógica. Mas, a explicação não estão na lógica.

Tantas vezes tenho dito que este planeta se identifica, rigorosamente, pelas diferenças. Aqui convivem sábios e bandidos.

Há indivíduos deslocados de sentimentos de solidariedade e, no seu ambiente, eclodindo condições favoráveis, um "gatilho" eclode o ódio gratuito.

Pode faltar no âmbito familiar mensagens de amor, de carinho e até de oposição aos pensamentos agressivos que esses indivíduos externam.

Mas, nestes tempos de discórdia onde os ódios, as distorções e mentira são incentivados todo esses cuidados poderão ser insuficientes  a esses indivíduos influenciáveis por esse tipo, digamos, de mensagens repetitivas ou simplesmente buscadas por eles.

Uma boa definição de ódio, encontrei no velho Dicionário Caudas Aulete: 

Repugnância que se sente por alguém ou por alguma coisa, aversão, antipatia profunda, repulsa, horror.

Há mais de um ano se assistem imagens dolorosas. os ataques russos em cidades diversas da Ucrânia. Esses ataques destroem prédios de moradia e soterram não só adultos como seus filhos, crianças.

Ora, qual o sentimento que essa tragédia traz que não seja o de se acostumar com ela. O evento morte, violento, como rotina,

Essas imagens provocam aos que chamo de "deslocados" que fazem o crime, simplesmente porque fazem, sem causa. São os criminosos de guerra no seu quarto. Os genocidas. Os nazistas de porão. E se orgulham do que fazem porque valentes perante o espelho. Passam a contar nas estatísticas.

► A política recente que pode incentivar a violência

Nesse quadro que expus acima coloquei alguns pontos que se resumem à educação e na busca de valores inspiradores fora das redes sociais. Então, do ponto de vista político não pretendo culpar o governo derrotado nas últimas eleições.

Mas, há questões que não  podem ser ignoradas.

Desde logo vou informando que não acredito nos "evangélicos" que trafegaram à sua volta. 

Os motivos: volto aos Provérbios acima transcritos.

Por um deles, o pior de todos, ao afirmar o candidato vencedor que não precisava de pastores e padres para orar, inspirando-se, creio, em Mateus 6:6 foi duramente criticado. 

É fácil julgar, todos sabem disso, mas a maioria deles se aproveitou para se firmar um volta do "poder" omitindo-se no projeto de seu comandante a não se compreender, à obtenção de armas por quem facilmente habilitado e, nesse passo, aqueles gestos em imitar os tiros no ar. 

O cinismo desses seguidores foi ao ponto de, em nome do suposto ungido - aquele que espantaria a iminência do comunismo se vencesse - uma farsa - ignorar a política das "fake news" nas quais o ódio e as dissenções em seu bojo eram manifestos. 

Essas mensagens obscuras do "nós contra eles" levou ao rompimento de velhas amizades e até animosidade no âmbito familiar por esse ódio irradiado.  

Quando se propõe alguma medida, alguma ação, uma propaganda ela tende a influenciar determinado público e até a aquisição de um produto.

E as armas incentivadas serviriam para exatamente o quê? 

Elas não se prestam a substituírem quadros numa sala.

Elas contém o disparo e a possibilidade latente da morte, do assassinato.

E entre a suposta autodefesa e o crime, este vence de longe.

Por essas é outras razões, o governo anterior foi derrotado porque se somam a esse equívoco o descaso, em muitas oportunidades, com a preservação da vida, porque o "comandante", com receituário de drogas ineficazes nos tempos da pandemia que fizeram vitimas, simplesmente não era "coveiro".

As coisas são muito sérias para serem tratadas com gracejos e irresponsabilidades como se deu ao longo do governo.

Segundo o jornal "O Estado" nos casos anotados de tragédias iguais ou semelhantes a essas havida em Blumenau, desde 2019:

13.03.2019 - Suzano (SP): 8 mortos e 11 feridos

04.05.2021 - Saudades (SC): 5 mortos

26.09.2022 - Barreiras (BA): 1 morto

25.11.2022 - Aracruz (ES): 4 mortos e 13 feridos

27.03.2023 - São Paulo: 1 morto e 4 feridos

05.04.2023 - Blumenau (SC): 4 morto e 5 feridos

Anteriores a 2019 desde 2002 foram contados seis casos. (*)

Pretendi nesta matéria começar fora do âmbito político do dia a dia e pensar num contexto mais amplo de mudanças a partir de uma volta à espiritualidade ou busca de valores não encontrados nas redes sociais, cuidados com a educação, mais atenção às condutas daqueles jovens e os nem tanto que qualifico de "deslocados"  timbradas pela simpatia aos falsos heróis e à violência. Essa tarefa e difícil, reconheço. 

Pior é nada tentar.



Citação:

(*) "O Estado de São Paulo" de 06 de abril de 2023.


  





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