segunda-feira, 6 de setembro de 2010

PT: QUE BRASIL É ESTE?

Oito anos de governo do PT e os escândalos. O último: quebra do sigilo fiscal de membros da cúpula do PSDB minimizado pelo Ministro da Fazenda e pelo Presidente da República. “Liberou geral”.
A questão ética e o escárnio.



Já vão vencendo oito anos do governo do PT com Lula na Presidência e há uma tendência de prorrogar a presença do partido por mais quatro anos, pelo menos, salvo uma revirada nas tendências pró-Serra.

Na realidade, não desconfio, não, mas essas pesquisas apresentaram uma reviravolta incomum.

De um petista simplório sem muita consciência política que me aborda na rua:

- É isso aí, tem que ser uma lavada completa contra o Serra.

O PT é um partido dado a escândalos, escorregões e abusos. Uma trajetória que não pode ser ignorada.

Em termos de escândalos, nenhum ultrapassa o denominado “mensalão” aquela espécie de cassino em que todos os jogadores ganhavam – na compra e venda de votos da base aliada do Congresso - e, na outra ponta, rigorosamente, perdia o país ético. E perdia nas suas contas porque todos os desvios, de um modo ou outro eram repassados aos preços dos serviços ou produtos dos que sustentavam o “sistema”.

Alegou-se, como meio de defesa, que o “mensalão” nunca existira, mas os indícios eram fortes demais para negá-lo, como fizera José Dirceu, apontado depois como o chefe das manobras, pelo que teve seu mandato cassado. Silvio Pereira, membro do partido, recebeu nesse esquema um veículo “Land Rover”.

Todos “deitados em berço esplêndido” na esteira do tesoureiro do partido, Delúbio Soares que movimentava os valores.

Lula, sem ficar vermelho, no auge da crise, disse que nada sabia e que fora traído. Mais tarde, assumiria que sabia do mensalão.

Nesse meio-tempo o escandaloso processo foi parar no Supremo Tribunal Federal que acolheu a denúncia do Ministério Público iniciando-se um processo formal contra os 40 envolvidos já com o qualificativo de réus.

Lula não foi denunciado e livrou-se do vexame. Na época, em algumas rodas políticas, pensou-se num processo de impeachment, mas essa possibilidade foi abandonada se tomada a experiência traumática do processo Collor.

Aqueles que ainda acreditam em ética neste país esperam que os quarenta denunciados sejam punidos com condenação.

Depois, em 2006, nas eleições para o Governo de São Paulo, na disputa José Serra (PSDB) e Aloísio Mercadante (PT), surgiu um falso dossiê cujo objetivo era prejudicar o candidato do PSDB.

Mas, o tiro saiu pela culatra, atribuindo-se a esse dossiê, pela sua repercussão negativa, a causa do segundo turno nas eleições presidenciais no mesmo ano entre Lula e Alckmin. Lula qualificaria esses artilheiros de estilingue do PT de “aloprados”.

Fernando Henrique Cardoso, por sua vez, não deixa de lembrar mais uma manobra do PT tentando macular eticamente o seu governo:

“O que aconteceu com o “dossiê” contra mim e minha mulher feito na Casa Civil da Presidência da República, misturando dados para fazer crer que também nós nos fartávamos em usar recursos públicos para fins privados? E os gastos da atual Presidência não se transformaram em “secretos” em nome da segurança nacional? E o que aconteceu de prático? Nada.”

E proclama com sabor de ironia:

“Estamos todos felizes no embalo de uma sensação de bonança que deriva de uma boa conjuntura econômica e da solidez das reformas do governo anterior” (1)

Escândalos de maior ou menor “impacto” se sucedem num país acostumado a dar de ombros, e perdoar esses “pecadilhos”. Será preciso, um dia, pesquisar o significado de ética perante o povo brasileiro. Certamente que, com informação e formação, não seria o PT aprovado nesse item.

Faço essas lucubrações todas para lembrar o mais recente escândalo produzido nas hostes do PT. A descarada quebra de sigilo fiscal de membros da cúpula do PSDB, sobressaindo-se, do modo inusitado, a violação das contas fiscais da filha de José Serra, Verônica Serra.

Todos esses infantes do estilingue que protagonizaram essa ação tinham ou têm vinculação com o PT. Sintomaticamente, no último dia 4, o comitê eleitoral do partido em Mauá - cidade aonde ocorreram as violações fiscais na agência local da Receita Federal -, fora assaltado. O PSDB acusa tal “assalto” como queima de arquivo. Dá para acreditar, partindo de onde parte, que tudo fora mera coincidência?

Mais. A quebra de sigilos se deu no fim de 2009. A candidata Dilma se diz não envolvida no escândalo, porque sequer era candidata de Lula. Mas, NÃO MESMO, CANDIDATA? Na dúvida, seu partido vem fazendo de tudo para “blindá-la”.

Pior. O Ministro Guido Mantega, certamente que para minimizar o caráter político do lamentável episódio, diria que, “na verdade, não foi só o sigilo de algumas pessoas com vinculações partidárias que foi quebrado. Foi um número muito maior.” (2)

Pior ainda. O presidente Lula, em campanha com sua candidata, num daqueles seus discursos exacerbados e conhecidos, debocharia do abuso de “sua” Receita Federal, gritando: ”Cadê esse tal de sigilo que não apareceu até agora? Cadê o vazamento das informações”. (3)

O máximo mandatário do PT, o presidente da República fazendo a “liberação geral” do crime da quebra de sigilo fiscal. Apenas mais um escândalo, ora essa.

Houve piores e até agora, salvo o que pode resultar do julgamento do STF no caso dos 40 “mensaleiros”, todos os outros passaram incólumes.

Essa é a “ética” desmoralizada praticada pelo PT. Chega ao escárnio pela certeza da impunidade.

E as coisas tendem a ficar como estão.


Referências

(1) “O Estado de São Paulo” de 05.09.2010

(2) Idem de 04.09.2010

(3) Idem de 05.09.2010

Foto: Google Imagens

Temas com outro enfoque, acesse:

http://martinsmilton.blogspot.com/

Último: “Stephen W. Hawking e minhas implicâncias”

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