terça-feira, 30 de novembro de 2010

MINISTÉRIO DE DILMA: A INFLUÊNCIA DE LULA

A manutenção de diversos nomes do ministério de Lula permite entender que pouco mudará no governo Dilma. Efeito “Sarney” que “assumiu” o ministério de Tancredo ao falecer este. Revisão da política externa. As drogas e armas que passam nas fronteiras do Brasil.


Durante a campanha eleitoral, temia que a vitória de Dilma Rousseff fosse de continuidade do governo Lula que fazia e faço ainda restrições.

Venceu Dilma e seu discurso que se refinara durante a campanha, soou bem positivo quando sua vitória se tornara irreversível.

Era esperar, então, as modificações que faria a partir do seu ministério que se esperava, fosse o “seu ministério”.

Mas, as coisas não estão caminhando assim. Até agora, no que se referem às peças chaves, os nomes anunciados são do seu padrinho político, sinal de que pouco mudará.

Posso admitir que estaria ela constrangida em encontrar nomes diferentes – o que não é fácil nas hostes do PT, é de se reconhecer – poderia ser interpretado como questionamentos ao governo de seu padrinho, ainda que de modo sutil. Afinal, jamais se vira neste país tantos “êxitos”, em todos os setores.

É que para Lula, não há passado anterior aos seus mandatos.

Parece-me que um dos pontos desastrosos do governo Lula – Dilma está na política externa.

Aquela cena memorável de Lula erguendo a mão do iraniano Ahmadinejad comemorando um acordo no qual se anunciara que a produção nuclear iraniana seria “para fins pacíficos”, determinando-se, então, que o enriquecimento do urânio não se daria naquele país, mas na Turquia. Mas, as intenções não eram bem essas. Parte do material continuaria a ser refinado no Irã e até hoje há sérios indícios de que pretende o Irã é produzir a bomba nuclear. Afinal, ao negar o holocausto e defender o extermínio de Israel, só mesmo tendo aquela arma em seu arsenal

Ademais, um país obscurantista que condenara mulher acusada de adultério ao apedrejamento público. Lula oportunista oferecera abrigo à condenada Sakineh Ashtiani aqui no Brasil, mas o Irã, é claro, não aceitara liberá-la.

Por fim, o cúmulo: recentemente o Brasil recusou-se a apoiar resolução da ONU que exatamente condenava o apedrejamento. Ficou a grande potência emergente da América do Sul ao lado de Cuba, Sudão. Síria e Líbia...

Para piorar há os pensamentos impensados de autoridades brasileiras como é o caso do ministro da Defesa Nelson Jobim e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal. Disse ele sobre essa barbárie praticada no Irã: "Essa questão de direitos humanos é ocidental" e “são hábitos”, aos quais não devemos nos intrometer.

E essa posição esdrúxula para quem foi ministro da mais alta Corte Judiciária do Brasil se contrapõe ao próprio posicionamento da sua futura chefe:

“Acho uma coisa muito bárbara o apedrejamento de Sakineh. Mesmo considerando usos e costumes de outros países, continua sendo bárbaro”.

A imprensa informa que Dilma mudará sua postura com o Irã, pelo menos se recusando a erguer a mão de Ahmadinejad, uma das cenas mais patéticas e ingênuas que se conhece, praticada por seu padrinho.

E Jobim continuará sendo ministro da Defesa, nessa linha de manter o “status quo” lulista.

Há outro nome difícil de ser digerido, por falta de méritos na sua posição de assessor internacional especial: Marco Aurélio Garcia. Sua missão será a de (continuar) a integração do Brasil com os países vizinhos da America do Sul.

Na época da campanha eleitoral, num dado momento José Serra dissera que a maior parte da cocaína vendida no Brasil, proviria da Bolívia cujo governo faria “vistas grossas” sustentado esse comércio ilegal.

Reações:

De Dilma Roussef: “Serra demoniza Bolívia”;

De Marco Aurélio Garcia: (Serra) “exterminador do futuro” da política externa brasileira.”

Hoje o país inteiro tece loas à ação policial-militar que se dá nos morros cariocas, proclamando-se a própria libertação do Rio de Janeiro.

Os traficantes, como esperado, fugiram pelos esgotos dos morros e agora todos sorriem e comemoram aliviados. O poder paralelo fora exterminado.

Mas, me permito perguntar: de onde provêm essas toneladas de drogas encontradas nos esconderijos dos traficantes? Qual a logística para que lá chegue (ou chegava)? De onde provêm as armas de grosso calibre empunhadas por esses marginais?

Por quais fronteiras são elas transportadas? Fácil responder.

Não há como, em nome da boa vizinhança, tolerar esse comércio danoso, além do contrabando paraguaio tolerado e tudo o mais de promíscuo que se dá nessas divisas.

As fronteiras estão a exigir medidas tão drásticas e permanentes como as ações que se dão nos morros cariocas nestes dias.

Essas ações tão urgente – e não se trata de demonizar a Bolívia – constituem-se estratégia que pode afetar aos “boas relações” entre o Brasil e os vizinhos latino-americanos afetados.

E daí se isso se der? Aliás, o Brasil já foi humilhado pela Bolívia no episódio das desapropriações de instalações da Petrobrás naquele país. E com exército e tudo. Os bolivianos não pensaram nas “boas relações de vizinhança”, mas nos seus interesses.

Haveremos que agir do mesmo modo. Mas, tenho dúvidas quando se constata que os interlocutores permanecem os mesmos.

Pelos nomes que estão sendo mantidos (postos chaves) parece que se repetirá com Dilma o que se dera com Sarney após a morte de Tancredo Neves que “assumiria” todo o ministério escolhido pelo presidente que falecera às vésperas da posse.

"Rei morto, rei posto."

E isso não é bom para certas mudanças que eram esperadas com sua vitória.



Foto: "Ponte da Amizade Brasil - Paraguai" (Google)

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