segunda-feira, 28 de março de 2011

TIETÊ, ÁGUA QUE TE QUERO e as prioridades.

O rio Tiete e o seu curso cortando todo o Estado de São Paulo. A sua degradação e a degradação generalizada dos mananciais. A Copa do Mundo desviará as atenções para assuntos prioritários na área ambiental, especialmente a captação de água potável. VEJA ABAIXO VÍDEO QUE TRATA DAS ALTERAÇÕES NO CÓDIGO FLORESTAL

Residindo longe 175 quilômertos, com menos frequência tenho ido a São Paulo. Desaprendi a dirigir na minha cidade natal, tão atribulada, tão agressiva e tão abandonada pelos poderes públicos. Uma cidade suja. Procuro seus encantos pelas frestas.

Da última vez há 15 dias, lá estando, voltei minha atenção para o rio Tietê por ter assistido com preocupação documentário sobre sua poluição contumaz e a necessidade crescente de água potável na Grande São Paulo, sem contar a poluição da própria represa Billings que abastece parte dos municípios do ABC.

O rio Tietê tem um traçado surpreendente. Nasce nas vizinhanças do mar, mas desce atravessando todo o Estado de São Paulo. Mas, há uma explicação geológica: sua nascente se encontra na cidade de Salesópolis (110 km de São Paulo), a cerca de 1.100 ms. de altitude. No seu curso, ao atingir Barra Bonita (282 km de São Paulo) a altitude da cidade já se reduz para 450 m. E nessa “descida” sua foz se dá na barragem do lago Jupiá, Rio Paraná, depois de 1.150 quilômetros de percurso.

Se fosse me desviar para explicações não naturais, diria que houve aí um ato da Providência, como se adivinhasse que por ali surgiria uma imensa metrópole que precisaria de água, necessidade que se estenderia por todas as outras regiões e cidades banhadas pelo rio.

Mas, o Rio Tietê, como já tanto se disse, é um esgoto a céu aberto. Muito se promete, mas nada muda. Mesmo com esse potencial que tem o rio na sua essência, estudo da ANA – Agência Nacional de Águas aponta que 64% dos municípios de São Paulo têm ou terão problemas de abastecimento.

No que se refere aos municípios brasileiros, esse mesmo estudo revela que 55% deles deverão ser afetados pelo desabastecimento. Há ai, em curto prazo, um grave problema a ser enfrentado.

Claro que na produção de alimentos, o consumo de água é imenso. Mas, não posso defender, por absurdo, que haja diminuição nessa produção, mas não posso omitir o desperdício. Essa é uma questão central. Há pouco, a propósito, foi divulgado o consumo de água para a produção de carne bovina, dados assustadores: - para 200 kg de carne bovina, estima-se que o animal abatido após três anos de vida consumiu direta e indiretamente mais 1.300 quilos de grãos, 7.200 quilos de feno e outros, 24 mil litros de água para beber, 7 mil litros de água para manutenção geral. Para toda essa estrutura de alimentos e água, o boi abatido consumiu mais 3 milhões de litros de água, significando por quilo de carne, 15,5 mil litros de água consumida. (1)

Ora, direis, Mas o xixi do gado se dilui na natureza e acaba voltando para os mananciais como água ou escorre diretamente para os rios e reservatórios. E mais a bosta – que também afeta o aquecimento global -, misturada aos dejetos humanos temos uma bela sopa para dai extrair a água potável (?!) a cada dia com crescimento de consumo. Nada de pessimismo, mas temos uma perspectiva de caos em curto prazo.

O Brasil é realmente o país do carnaval e do futebol. Vem vindo aí a Copa do Mundo para 2014 que está exigindo investimentos imensos para estádios, infraestrutura grandiosa, aeroportos que, pelo nosso estágio de prioridade, tais investimentos não se enquadram (acedo para os aeroportos que muito se fala e nada se fez até agora).

Temos tudo por fazer em infraestrutura, cuidar da água potável, dos esgotos – pensar numa tecnologia agressiva para ele a para o lixo. No futebol, se tudo der certo, gritaremos os gols do Brasil e, no final, campeões ou não, passadas aquelas emoções, ainda sob o cheiro forte da pólvora queimada, tudo voltará ao dia-a-dia com tudo por fazer...e grandes estádios ociosos.

Não fora isso, já repetitivo em clamar contra o projeto de reforma do Código Florestal, parece que ele caminha prestigiando a maior parte do que propõe o deputado comunista que se dobra a interesses imediatos, sem visão de futuro.

Não será desse político que haverá esse raciocínio lógico, de olhar um pouco mais à frente. O seu interesse político o torna míope ou assim se faz nessa responsabilidade. Falo de água. Há forte crítica ao projeto do deputado em propor a redução das matas ciliares em torno dos rios que cruzam propriedades rurais para ganharem os produtores mais alguns metros de produção tornando-os vulneráveis o que agrava a captação desse recurso básico que já vai escasseando. (2)

Referências:

(1) Jornal O Estado de São Paulo de 21.03.2011. Acesse, artigo no mesmo sentido: http://www.syntonia.com/terra/artigo-impactos-ambientais-do-consumo-carnivoro/index.htm;

(2) Ver meus artigos sobre o mesmo tema:
13.03.11: Japão. Desastres Naturais & Reflexões;
01.03.11: Ambiente. Posição da SBPC e ABC;
07.02.11: Preservação ambiental: permanente vigilância.

Foto: Nascente do rio Tietê em Salesópolis (SP) entre pedras.


PARA CONHECER QUÃO IRRESPONSÁVEIS SÃO AS PROPOSTAS DE ALTERAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO EM TRAMITAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL, REJEITADO POR SOCIEDADES CIENTÍFICAS SÉRIAS, ASSISTAM O VIDEO ABAIXO:



São insanidades, num país que olha para o próprio umbigo e não ergue a cabeça para o horizonte incerto e se pergunta o que realmente tem que ser feito.


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