domingo, 29 de maio de 2011

O INÍCIO DA TUTELA. Dilma vs Lula

Os desgastes da presidente Dilma Roussef nestes dias. A derrota no Câmara na votação do Código Florestal e o confronto com o PMDB. A tutela de Lula. A “ciência do não”...e do sim. PEQUENAS NOTAS: “Predadores do mundo, uni-vos”; A Copa do Mundo fora de São Paulo.


Durante a campanha eleitoral havida no ano passado para a presidência da República, não foram poucos os artigos que escrevi externando a preocupação com a influência de Lula no governo Dilma, se ela vencesse.

Desconhecida, avalizada por Lula, com um discurso quase idêntico ao seu padrinho, quem pensasse em mudanças não poderia apoiá-la como não apoiei.

Afinal de contas, o petismo fora acusado ou partícipe de tudo quantos desvios morais nos oito anos do governo Lula, sem contar com as alianças espúrias gerando um falso clima de país feliz e realizado.

Mas, por baixo do tapete, havia, como há, uma educação precária, assistência médica vergonhosa e, pior, durante a campanha, esses flancos não foram explorados pelo PSDB e seu candidato.

No caso do Ministério da Educação, em lugar de partir para resolver a precariedade de escolas e professores assume projetos medíocres, como o da campanha anti-homofóbica que em boa hora foi suspensa por Dilma. Sem essa de conservadorismo, a relação homem-mulher é a normal, “pelo menos por enquanto”. As relações homoafetivas haverão que apenas ser toleradas, jamais incentivadas.

E o que dizer do livro que, de certo modo tolera o falar errado, embora advirta que o aluno que assim se expresse está sujeito a “preconceito linguístico”. Criou-se mais um preconceito, um novo besteirol neste país que sofre de acefalia.

Na minha visão tão imparcial quanto possível, penso que o atual ministro da educação, apadrinhado de Lula – preferido para disputar a prefeitura de São Paulo – e por causa disso lá está – já deveria ter deixado o governo.

Mas, é mantido, arrumando para si, um desgaste após outro.

Dilma, já não fossem os vídeos anti-homofobia cuja consecução suspendeu, teve um terrível desgaste esta semana, com a derrota na votação do “novo” Código Florestal ignorada pelo PMDB – partido da base de governo – quando pressionou os seus deputados para rejeitar alguns pontos do projeto que não concordava. Contrariada foi para o confronto com o partido de sua base, resultando na intervenção de Lula que acabou por tutelá-la.

Lula buscou os seus aliados para amenizar a crise, a par de apoiar Antonio Palocci objetivando amenizar as suspeitas do seu enriquecimento que se dera com a velocidade de um carro “fórmula 1” em quatro anos.

Nas suas sempre presentes comparações futebolísticas, que beiram o ridículo, Lula considerou Palocci a um tipo de Pelé na sua função – o que se constitui num absurdo risível.

A mim parece que, salvo empenho superior de Dilma com eventual desgaste pessoal, Palocci, tanto quanto o ministro da Educação, haveriam que, num dado momento deixarem o governo. Palocci, particularmente, já demonstrou “fraquezas” em sua conduta quando ministro de Lula.

A tutela lulista chegou ao ponto de aconselhar Palocci e Dilma, diante do seu distanciamento dos parlamentares em atendê-los.

Dilma que talvez tentara se afastar dos conchavos dos quais seu partido se especializara tudo por conta do “nunca antes visto neste país”, agora na iminência de mudar a sua cartilha para a lição do sim, sim, sim.

Há, todavia, uma longa análise jornalística da qual destaco o trecho seguinte referindo-se aos não, não, não:

“Eu não vou misturar votação do Código Florestal, que ainda passará pelo Senado, com distribuição de cargos. Não vou, não vou e não vou”, esbravejou Dilma em almoço com a bancada do PT no Senado, na quinta-feira, quando questionada sobrea montagem do segundo escalão.” (1)

Num outro espaço, em forma de crônica, vali-me de antigo conto de Malba Than (pseudônimo de Júlio Cesar de Melo e Souza, 1895-1974) contido em velha edição (1962) da “Coleção Saraiva” sob o título “O Terceiro Motivo (Contos e Lendas Orientais)”. O conto principal é esse que dá nome ao livro embora inúmeros outros façam parte do pequeno volume. (2)

O pequeno trecho do livrinho de Malba Tahan de que me valho para os devidos balanceamentos, refere-se à “Ciência do não” ou o modo de gerir um governo sério (naqueles tempos de paz, destacando-se Bagdá como a cidade pérola do Islã):

“- A Ciência do Não, ó Príncipe do Islã, envolve leis, princípios e teorias que exprimem preciosos conhecimentos para aqueles que desejam governar com critério e dignidade.

- E é muito antiga essa Ciência? – inquiriu o Califa de Bagdá – esboçando um sorriso de benevolência.

- Antiquíssima – atalhou o sábio Zeidan, num gesto afirmativo, ostentando saber, - Tal ciência acompanha o mundo e os homens desde os primeiros albores da criação.

(...)

E assim o Príncipe, para a defesa do erário, para resguardo mesmo do seu bom nome, vê-se forçado a dizer vinte mil vezes. Não! Não! Não!(...) Proferir não é, em geral, bem mais difícil do que responder sim. E governar, ó Comendador dos Crentes, governar é dizer não. Não, para aqueles que planejam guerras e conquistas. Não, para aqueles que solicitam criação de cargos inúteis ou promoções iníquas. A Ciência do Não é, pois, imprescindível para a cultura do verdadeiro Rei! Repito – Governar é contrariar, é proibir, é vetar!”

O que a meu ver demonstrara o governo Dilma nos primeiros meses talvez pelo seu temperamento, fora a adoção da “ciência do não”. Mas, houve o choque de princípios porque assim não agira o seu partido ao longo dos oito anos que sucedera. Há o vicio “cultural”, o vicio do “sim”.

Dilma sobreviverá com facilidade se adotar a “ciência do SIM”, infelizmente, em linha com o que recomendou e aplicou o seu padrinho quando presidente.

Ainda que assim seja, haverá que se posicionar de modo a que a tutela de seu padrinho não se repita, não se torne lugar comum.

Já imaginaram um “presidente paralelo”? Impensável, inaceitável, indigno.

PEQUENAS NOTAS:


1. Predadores do mundo uni-vos. Inspirai-vos na “Revolução do Brasil”


O jornal “O Estado de São Paulo” de 29.05.2011, a seu pedido, calculou o professor Gerd Sparovek da ESALQ-USO a extensão possível do desflorestamento que resultará da adoção, do modo como aprovado na Câmara Federal: nada mais nada menos do que 22 milhões de hectares, algo próximo à área do Estado do Paraná. (3)

Evidentemente que esse projeto aprovado pela Câmara, que fez o jogo radical dos pecuaristas e, por isso, antiecológico, haverá que passar pelo crivo necessário do Senado que se obrigará a fazer correções aos excessos e, se assim não se der, até o desgaste adicional de Dilma em vetar algumas disposições na hora da sanção.


2. Copa do Mundo: São Paulo de fora


Desconfio que não vai vingar a Copa do Mundo em São Paulo. O “Itaquerão – Corinthião” nem começou e se trata de obra imensa que pode não estar pronto até 2014.

A FIFA impaciente e desesperada ameaça tirar São Paulo da festa. Loucura, hem! Pouco ou nada escalado para São Paulo, onde se alojarão os milhares de torcedores e jornalistas? Está por aqui a maior e melhor rede hoteleira do País.

Não haverá trem-bala. Aeroportos ainda que “reformados”, fora de São Paulo, tendem ao colapso total.

De fora o Morumbi do São Paulo, cuja diretoria ao saber de sua exclusão “deu de ombros” e não lutou por ele, o estádio do Corinthians nem começado (*) restaria apenas a “arena Palestra”, do Palmeiras, como o mais viável no momento.

Bom que se esclareça que esse assunto não se resolve com recados e restrições da FIFA provindas da Suíça, mas de reuniões sérias, de compromissos e cronogramas a serem exigidos.

Ah sim, não necessariamente com a presença do presidente da CBF. Aliás, essa entidade está indevidamente situada no Rio de Janeiro ainda.


Referências:


(*) O estádio do Corinthians começou neste 30 de maio, de modo ainda incipiente. Aguardemos a evolução das obras.

(1) Jornal “O Estado de São Paulo” de 29.05.2011;

(2) “Temas Livres” ( http://martinsmilton.blogspot.com): A”Ciência do Não” (Segundo Malba Than) de 24.05.2011;

(3) Jornal “O Estado de São Paulo” de 29.05.2011 (“Novo Código permite desmatar mata nativa em área equivalente ao Paraná” de Andrea Vialli e Afra Balazina)

domingo, 22 de maio de 2011

INCONSEQUÊNCIAS – Impunidade e Devastação

O sentido da impunidade nos vários segmentos sociais. A impunidade nos crimes ambientais. A incompetência do governo em combater com eficácia o desmate e, por extensão, o contrabando de armas e drogas.


Este é o País da impunidade. Muitos são os crimes tolerados. O Judiciário é lento e a legislação penal protege o criminoso. O réu primário pode responder o processo em liberdade.

Pergunto-me, considerando a tendência que se dá em libertar o italiano Cesare Battisti acusado de terrorismo e assassinatos na Itália, como seria resolvido aqui o caso do francês Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI, se o estupro de que é acusado, tivesse ocorrido no Rio de Janeiro e não em Nova York?

Provavelmente, por aqui, teria sido aceito o seu argumento do sexo consentido e a vítima seria acusada de aproveitadora. E lá estaria ele na França cuidando de sua (agora ex) campanha para a presidência opondo-se a Nicolas Sarkozi.

A mentalidade é essa e sem exageros, muitos dos escândalos suportados e delitos praticados são alvo de deboche em diversos segmentos e não se exclua o modo do PT.

Esse clima de impunidade é anotado até mesmo entre pessoas possuidoras de menor nível cultural.

Digo isso tudo por conta da reação que se dá a propósito das discussões do “novo” Código Florestal que em seu bojo contém autorização para ampliar o desmatamento, perdoar os que desmataram até 2008 e mesmo avançando sobre reservas de mata ciliar.

Na Câmara uma balburdia, a tentativa de aprovar um projeto notoriamente deficiente em regime de urgência, mesmo se sabendo que ele contém falhas e proposições desnecessariamente antiecológicas.

Nem mesmo ponderações sensatas e isentas da comunidade científica têm sido consideradas. Tudo caminha no atropelo com a prevalência dos interesses dos pecuaristas que de um modo geral, pensam no agora, no lucro astronômico e não num futuro que promete sérias dificuldades ambientais.

Recentemente constatou-se o aumento descontrolado do desmatamento na Amazônia, particularmente em Mato Grosso, áreas que serão utilizadas, tudo indica, para o plantio de soja. Como se sabe, a soja não é só alimento humano, ela também faz parte da ração bovina.

Diz a notícia:

“O ritmo de desmatamento na Amazônia mais que quintuplicou no bimestre março-abril em comparação com o mesmo período do ano passado. Os satélites de detecção em tempo real do INPE mais rápidos e menos precisos, registraram corte de 593 km2 de florestas, extensão equivalente a mais da terça parte da cidade de São Paulo”. (1)

E o modo da devastação é o que de eficiente e de doloroso. Dois tratores de esteira de porte, ligados por uma grossa e comprida corrente vai derrubando tudo o que vem à frente em grandes extensões. Um crime porque não há respeito à fauna e, claro, à própria flora. A nada.

Uma tragédia.

E onde entram as discussões do novo Código Florestal nessa tragédia?

Por conta da anistia que adviria com sua promulgação, beneficiando os desmatadores – deixando-os impunes às devastações praticadas ilegalmente – outros oportunistas aproveitam o momento para devastar na expectativa de que novas predações serão proibidas com o novo Código e, por outra, a certeza de que também serão anistiados pelo crime recente que praticaram.

Isto é, a certeza da impunidade.

Por conta dessa devastação, o Governo instituiu um comitê de crise contra o desmate. Mas, não será com assento em gabinetes que alguma coisa vai melhorar, que haverá ações sérias impeditivas contra o desflorestamento. Há a imperiosa necessidade de ações militares enérgicas. Mas, é possível esperar muito de um ministro que veste roupa de campanha para fazer imagem na mídia?

Se há pontos em que o Governo tem se revelado incompetente são: o combate ao contrabando de armas e drogas nas fronteiras e o desmatamento, sempre tolerado e pouco coibido.

Há algo que reconhecer sobre a atuação do relator do novo Código Florestal, Aldo Rebello: obsessivo, com timbres demagógicos, até por conta do ganho político que amealha com os agricultores e contraditório. Minha decepção se deu num artigo que publicou no jornal “O Estado de São Paulo”, medíocre – mas ele não é culpado, culpado foi o jornal que publicou o artigo. (2)

Depois, acuado pela ex-Ministra Marina Silva que o acusara, na redação “final” do projeto de impor “pegadinhas”, acusou o marido dela de fraudar contrabando de madeira, a ponto de ter ele, Rabello, como líder do governo, evitado o seu depoimento para esclarecer, é o que se deduz, essa, digamos, “transação irregular”.

Ora, se acobertou uma transação irregular, de contrabando de madeira, pelo seu cargo político, seria ele cúmplice. Depois, parece que se desculpou. Esse é o relator de um assunto dessa magnitude como é o Código Florestal, cujo projeto carece de análise séria – o que não se dará enquanto estiver em suas mãos – devendo ser ouvida a comunidade científica.

Por que a pressa? Ao interesse de quem?

Referências:

(1) Jornal “O Estado de São Paulo” de 18.05.2011

(2) Meu artigo “Reforma do Código Florestal” de 04.07.2010 neste portal

DESVIOS DA EDUCAÇÃO



O falar errado na cartilha “Para viver melhor”. Videos anti-homofóbicos

Há dois temas que causam polêmica provindas do Ministério da Educação: falar errado, gerando neste caso "preconceito linguístico" e tolerância homoafetiva.





1. Escrever e falar errado

A já famosa cartilha ‘Por uma vida melhor”, aceita que se fale errado mas que em se falando, por exemplo “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado”.

Com o artigo “os” na frase, embora errada a concordância indica que se trata de livros, no plural.

À pergunta na cartilha se “você pode falar errado”, vem a resposta: “Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico.”

O que é isso? Que preconceito é esse.

Há literatura redigida em linguagem sertaneja e para quem como eu que cheguei a assistir assembleias sindicais nos tempos de Lula no Estádio de Vila Euclides, em São Bernardo do Campo, não poucas vezes ouvi lá e em entrevistas, “menas gente”, “nós vamos pressionar os patrão para recuperar as nossas percas”.

E no entanto, mesmo como presidente da República muita da linguagem sindical de Lula perdurou e perdura. Se muitas de suas afirmações doeram nos ouvidos, isso aconteceu, mas chamar isso de preconceito é um exagero.

Rigorosamente esse abordagem constitui-se numa desnecessidade. Mais atrapalha que ajuda.

Não se incentive, pois, a linguagem incorreta. Sempre que usada, ela deve ser corrigida com moderação. O que é incorreto é para ser corrigido, sem essa de preconceito. Falo de EDUCAÇÃO. E de “cidadania”. Eta palavrinha preconceituosa.


2. Relação homoafetiva

Num deles um rapaz meio retraído namorava e depois mudou de escola e travou amizade com um jovem que se declarou homossexual. Aí, ele ficou na dúvida entre a relação homo ou hétero. Num certo momento, em sua nova classe, começa a flertar com uma menina. Fica no ar, pelo menos para mim, que o vídeo induz que a relação bissexual pode ser indiferente. Não há incentivo para que saia da dúvida para assumir sua condição hétero que demonstrara antes. O normal.

Num outro, do mesmo modo duas meninas se assumem namoradas numa relação lésbica.

O outro sobre menino que se sente menina, se veste como tal e é alvo de preconceito, bullying. Nessa idade, será difícil evitar esses atos de rejeição ao iminente transexual. Não será esse vídeo que resolverá a rejeição.

Será que esse ministério não tem agenda mais séria para cuidar? As escolas capengas no País? O abandono dos alunos e professores em regiões menos desenvolvidas?

Desvio de prioridades. Um timbre de mediocridade.

Uma indagação:

Com a decisão do Supremo Tribunal Federal, sobre a aceitação da relação homoafetiva me assaltam situações mui específicas: um “casal” de homens adotam uma criança, menino. Pela educação que receberá, terá garantida sua opção sexual livre ou será do tipo tal filho tal pai (ou pais)?

NOTA:

A presidente Dilma, neste dia 25.05.11 por injunção política ou não suspendeu esse material que seria distribuído aos professores do ensino médio para divulgação das "idéias". Seria "inadequado". Sabem o que eu acho disso tudo? Que o ministro da Educação não sabe bem o que se passa no seu Ministério...

domingo, 15 de maio de 2011

NOVOS ESTADOS E A ELEVAÇÃO DO 'CUSTO BRASIL'


As decorrências da instituição de novos estados em termos de “custo Brasil”, compreendendo a imensa carga de recursos adicionais para suportar sua estrutura. Mais deputados e senadores. Desperdício de dinheiro público amealhado pelos impostos vultosos.

Em agosto de 2007, escrevi num órgão de imprensa do interior, um artigo em que, já então, se ventilava a hipótese, que reputava remota, de criação de novos estados no Brasil.

Dissera, então, em linhas gerais, que se acentuava com tal projeto o “desperdício Brasil”, pelo qual recursos valiosos eram desviados para desnecessidades nacionais, prevalecendo a inconseqüência nascida, de regra, num Congresso Nacional perdulário.

E não adianta a crítica na imprensa aos desmandos do Congresso. Por ali prevalecem interesses de grupos quando não particulares. O exemplo mais próximo refere-se à elevação de sua remuneração – que atingiu patamar superior a países do 1° mundo – sem que a população, apática, fizesse qualquer ato de repúdio tentando reverter esse abuso. (1)

O Congresso Nacional é gigantesco, não só no número de parlamentares mas na sua estrutura “organizacional” para atender a 513 deputados e 81 senadores. O Distrito Federal foi “agraciado” pela Constituição de 1988 com três senadores!

Isto é, um país pobre, sustentando altos salários desses “privilegiados” e manutenção de sua assessoria e mordomias, muitos deles transitando tal quais fantasmas pelos corredores luxuosos do Congresso porque o seu despreparo não permite que apenas façam num erro e digam amém ao líder da bancada.

Já não bastassem o custo e as inutilidades que produz o Legislativo (ou os Legislativos) eis que ressurge mais uma ameaça ao povo brasileiro, com os projetos que por lá tramitam, propondo a criação de novos estados.

Há projetos tramitando no Congresso Nacional que instituem 11 novos estados, a saber:

• Rio Negro e Alto Solimões (Estados ou Territórios Federais) desmembrados do oeste do estado do Amazonas;

• Mato Grosso do Norte e Araguaia do atual Mato Grosso;

• Tapajós e Carajás do Pará;

• Maranhão do Sul do Maranhão;

• Gurgueia (denominação deriva de rio de mesmo nome na região) da parte sul do Piauí;

• Rio São Francisco da Bahia;

• Rio Doce e Triângulo de Minas Gerais;

• Território Federal do Oiapoque do Amapá.

(Pode haver variações nessa “ordem” de novos estados)

Do ponto de vista da Constituição de 1988, os dispositivos que tratam da matéria são:

Artigo 18

§3° Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.

Artigo 48: Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República (...) dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:

(...)

VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas;

Conforme amplamente divulgado, no último dia 5 de maio, a Câmara dos Deputados aprovou dois projetos que autorizam a convocação de um plebiscito sobre a criação de dois estados: o de Carajás será promulgado proximamente e o do Tapajós terá que ser aprovado também pelo Senado.

Poucas foram as vozes na Câmara Federal contra essa disposição.

A impressão que dá, para manter a sua sempre buscada autonomia, que o Congresso Nacional nas grandes questões postas à sua decisão, parece não pensar. Ou por outra, tudo é meio no improviso, no conchavo e na precipitação.

Exemplo recente refere-se à votação do Código Florestal que com falhas e a prevalência no seu texto em ampliar os interesses dos pecuaristas em detrimento de questões básicas de preservação natural (como água), foi felizmente suspensa na Câmara.

Não será preciso muito esforço para imaginar o custo desses desmembramentos de estados, sem uma causa forte que pudesse os justificar.

Por isso, transcrevo, com pequenas alterações trecho do meu artigo citado de 2007:

“Se aprovados tais projetos e os respectivos plebiscitos referendarem os desmembramentos, mais deputados e senadores serão eleitos, engrossando o já gigantesco congresso nacional. (2).

E onde se acomodarão esses novos parlamentares? Não há lugar para eles nas instalações atuais do Congresso Nacional. Seguramente seriam necessárias obras caríssimas de ampliação, novos apartamentos “funcionais”, mordomias e “mamatas”, assessores, tudo por conta dos nossos bolsos.

Seguem-se nessa torrente de gastos, nos deputados estaduais, estrutura própria do Judiciário, soma de servidores e nessa linha, imensa necessidade de recursos (vultosos) adicionais.

Entre os argumentos que prevalecem em defesa de tais proposições, está aquele que atribui a essas regiões a serem estados, pouca assistência dos atuais governos estaduais. Há, efetivamente, o caos na assistência médica, na educação...

Ora, houvesse critério e competência administrativa e zero de corrupção – até na merenda escolar há os que a espoliam – só a destinação dos recursos necessários para a instalação desses estados, já seria suficiente para propiciar o desenvolvimento reclamado.

Tudo o mais é jogo de cena, interesses regionais que afagam o ego da população carente que imagina alguma melhora com a instituição do “seu” estado.

Não há, pois, argumento de qualquer natureza que sustente esses projetos de criação de novos Estados, a menos que se dê a mão à insensatez, ao absurdo, à falta de senso e de sensibilidade. E o terrível aumento do custo Brasil.”

E concluíra aquele artigo:

“Coisa de lunáticos que não têm o que fazer”.

Legendas:

(1) Meu artigo “Ovelhas que não balem” de 19.12.10 neste portal;

(2) Um “exercício” para comprovar a gravidade do tamanho do Congresso nacional (que se excederá com novos estados):

Num cálculo simples constata-se que o Brasil tem mais deputados e senadores do que os Estados Unidos:

População dos Estados Unidos em 2000: 230 milhões em 50 estados: dois senadores por estado, = 100, com mandato de seis anos; 439 deputados, representação proporcional por estado, com mandato de dois anos;

População do Brasil em 2000: 170 milhões, em 26 estados e distrito federal: três senadores por estado + DF, = 81, com mandato de oito anos; 513 deputados, também proporcional em cada estado, com mandato de quatro anos.

Guardadas as proporções entre Brasil e Estados Unidos, o número de senadores aqui seria de cerca de 54 e de deputados, cerca de 300.

Com a diferença que os Estados Unidos são sérios..

terça-feira, 10 de maio de 2011

MISCELÂNEOS (II)

1. Desarmamento; 2. Equador e o plebiscito; 3. A palavra “homoafetivo” no voto do Ministro Ayres Brito, relator da demanda que trata da relação entre indivíduos do mesmo sexo; 4. Lula conferencista; 5. Safári criminoso em Mato Grosso do Sul


1. Desarmamento

Quando da tragédia na escola de Realengo, ainda sob emoção, escrevi o seguinte sobre proliferação de armas no país:

“Com o crime bárbaro no bairro do Realengo, voltou-se a questionar a obtenção de armas à disposição dos cidadãos.

- Ora, alguém pergunta com razão, o que adianta restringir o uso de armas de fogo pelos cidadãos enquanto permanece a imensa facilidade dos bandidos em obtê-la?

Essa é uma questão até hoje insolúvel, porque pelas fronteiras do Paraguai e Bolívia, sabe-se que entra no Brasil, armas de baixo e grosso calibre e, como espécie de incentivo à loucura e à barbárie, as drogas.” (1)

Por conta, exatamente, da tragédia no bairro do Realengo, o novel Ministro da Justiça José Eduardo Cardoso ao antecipar a campanha do desarmamento, dissera então:

“Ficou absolutamente caracterizado que quando se realiza essas campanhas você tem uma redução muito forte na mortalidade, que se reduz mais de 50% no Brasil. Tínhamos previsto realizar uma campanha em junho, mas diante dessa tragédia decidimos sugerir a antecipação. Essas campanhas não são feitas sozinhas, são feitas em conjunto com a sociedade civil”. (2)

Com efeito, tiveram início as marretadas simbólicas em garruchas e revólveres, cenas de efeito. E os que trouxerem suas armas para tanto, serão gratificados;

A bandidagem deve estar rindo. Ainda há dias, em São Paulo, antes de explodirem mais uns caixas eletrônicos, bandidos avançaram sobre a agência, armados de metralhadora.

Essa campanha de desarmamento, deve começar pelas fronteiras da Bolívia, Paraguai e, quanto às drogas, também a da Colômbia. Há que ter, o Governo brasileiro, coragem em contrariar seus “companheiros”, desses países.

Principalmente Bolívia e Paraguai que tem pouco a exportar para cá, salvo cocaína e muambas (e armas), respectivamente, que passam tudo, com algum cuidado, pelas fronteiras, sem maiores dificuldades.

Essas campanhas são efêmeras e limitadas no tempo. Até a próxima tragédia.

2. Plebiscito no Equador

O Equador, por um plebiscito, autorizou o presidente Rafael Correa a intervir no Judiciário que, segundo ele, está tomado pela corrupção, pela ineficiência:

"Temos que fazer grandes mudanças nos próximos 18 meses. Vamos enfrentar a oposição das máfias no Judiciário".

A imprensa também será controlada por um “conselho de regulação”, isto é, restrição à sua liberdade de informar.

O Equador vai se aproximando de um sistema autoritário como aliás, já se dá na Venezuela. Aliás, o ditador venezuelano Hugo Chaves enalteceu a vitória do seu colega equatoriano nesse plebiscito.

Há que aguardar o desfecho dessas medidas.

Um ponto que chama a atenção, para mim positivamente: Rafael Correa anunciou que pretende proibir espetáculos que resultam na matança de animais como se dá na corrida de touros. (3)

3. A palavra “homoafetivo” – voto do Min. Ayres Brito

O Supremo Tribunal Federal como amplamente noticiado acaba de decidir, por unanimidade, a legitimação da relação homoafetiva para obtenção de inúmeros direitos civis entre companheiros do mesmo sexo.

Já se fala em casamento de homossexuais, um tema ainda a evoluir. Claro que as igrejas repudiam essa possibilidade porque reconhecem, por uma série de motivos religiosos, apenas o casamento entre homem e mulher.

E há como criticar essa posição religiosa? Entendo que não.

Do voto do Min. Ayres Brito separei a conceituação que deu para o termo homoafetivo:

Ainda nesse ponto de partida da análise meritória da questão, calha anotar que o termo “homoafetividade”, aqui utilizado para identificar o vínculo de afeto e solidariedade entre os pares ou parceiros do mesmo sexo, não constava dos dicionários da língua portuguesa. O vocábulo foi cunhado pela vez primeira na obra “União Homossexual, o Preconceito e a Justiça”, da autoria da desembargadora aposentada e jurista Maria Berenice Dias, consoante a seguinte passagem: “Há palavras que carregam o estigma do preconceito. Assim, o afeto a pessoa do mesmo sexo chamava-se 'homossexualismo'. Reconhecida a inconveniência do sufixo 'ismo', que está ligado a doença, passou-se a falar em 'homossexualidade', que sinaliza um determinado jeito de ser. Tal mudança, no entanto, não foi suficiente para pôr fim ao repúdio social ao amor entre iguais.(Homoafetividade: um novo substantivo.Pensam que já viram tudo? Pois não viram. Já escrevi uma crônica com este título: “O que mais terei que ver ainda?” (4)


4. Lula conferencista

Lula é o mais novo e muito bem pago conferencista brasileiro. Falam-se em cachês de US$250 mil e até de US$500 mil que seria pago pela LG da Coreia do Sul.

O que pensam esses senhores ouvir de Lula nessas “conferências”?

Para mim, com todo o respeito, nem de graça. Por aqui, já se ouviu demais, além do limite, o “nunca antes neste país”.

Penso que vai chegar o dia em que seu governo fraco, o PT, o mensalão, a corrupção e tudo o mais terão o devido trato da história que os colocará naquele patamar a ser lamentado.

5. Safári criminoso em Mato Grosso do Sul

O Jornal Nacional da Rede Globo divulgou nas suas edições dos dias 5 e 6 últimos os vídeos que comprovam safáris ilegais organizados numa área de preservação ambiental em Mato Grosso do Sul, pelos quais criminosos desclassificados, covardes, sórdidos, saem à caça de animais de porte em vias de extinção (onças, principalmente). Esses bandidos talvez sejam apenas condenados a multas pelo crime ambiental que praticam. Mereciam, na verdade, alguns anos de prisão. A pecuarista Beatriz Rondon exulta pela morte de uma onça (fêmea) que devora uma vaca...

Num segundo vídeo, é apontada como responsável pelos safáris a pecuarista Beatriz Randon – que se arrogara a condição de ecologista. Esses safáris são organizados para turistas estrangeiros desclassificados,sanguinários como o são seus organizsdores.

Na sua propriedade, foram encontradas inúmeras armas de caça, “legalizadas”, para viabilizar o safári e a morte dos animais indefesos.

Esse crime, espero, não fique impune, como impunes inumeráveis desmatamentos criminosos que ocorreram e ocorrem por todo o país e muitos dos desmatadores podem ser perdoados com o “novo” Código Florestal, um projeto com forte encaminhamento antiecológico em vias de votação na Câmara Federal.

Esse é o meu desgosto profundo por este país da impunidade, com baixa moral e corrupto.

Além do You Tube esses vídeos podem ser vistos a seguir:





Legendas:

(1) “O que já não se disse sobre Realengo” de 11.04.2011;

(2) G1 de 11.04.2011

(3) Informações extraídas do “Consultor Jurídico” de 08.05.2011.

(4) Blog: http://martinsmilton.blogspot.com (11.04.2011)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A MORTE DE OSAMA BIN LADEN

Não parece que a morte do maior terrorista dos últimos tempos dê segurança aos países nomeados inimigos da Al-Qaeda.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama ao divulgar a morte do maior terrorista dos últimos tempos, não o fez com pose da vitória como se dá numa partida de futebol ou outro esporte.

Assim não reagiram, naturalmente, os cidadãos americanos que comemoraram, aliviados e "vingados".

Foi Obama até comedido porque se fora de combate Osama Bin Laden, permanece sua célula terrorista, perigosa, que se vale principalmente da morte para expandir seus atos assassinos e, nesse diapasão, deixar os Estados Unidos e seus aliados em alerta e temerosos permanentemente.

Do mesmo modo os países fora desse eixo que se comovem com a violência qualquer que seja, em qualquer lugar do planeta.

Há dez anos, quando do ataque às Torres Gêmeas em Nova York, o que ocorria, rigorosamente, nos Estados Unidos a despeito de sinais velados de alguma ação violenta contra o país?

Estavam resignados, George Bush deslocado numa escola primária fazendo recreio, todos dentro de suas possibilidades, usufruindo do “american way of life” um padrão que costuma aguçar a inveja dos que não aceitam o progresso material nos moldes obtidos pelos Estados Unidos, esse grande país da América do Norte.

Claro que, a partir daí, a intervenção dos Estados Unidos no Iraque, sob falsos argumentos, o de que o governo de Saddan Hussein, produzia armas atômicas e que teria ligações com a Al-Qaeda o que o colocava como cúmplice do trágico ataque à cidade mais “internacional” do mundo, como é Nova York, fora um erro que vem custando caro em vidas e recursos.

É que havia que dar uma satisfação ao povo americano traumatizado e, porque não, ao mundo traumatizado, não afeito a esses golpes terroristas, a esse grau de engendramento assassino e destrutivo.

Os Estados Unidos, e seus aliados estão atolados até agora no Iraque, porque perfilam ali grupos que não querem, menos que a intervenção internacional, a paz que provenha dela, um regime de entendimento nos rumos democráticos.

Nessas facções, não há clima para a solidariedade. Nos ataques terroristas que se repetem, morra quem morra, o paraíso os espera.

Talvez a intervenção da OTAN na Líbia, também enfrentando revolta como se dá em todo o norte da África que clama por mais liberdade e não mais ditadores vitalícios, derrubado Muammar Kadhafi, é possível que haja o enfrentamento entre as facções contra e pró-ditador postergando soluções democráticas e a paz. Algo parecido, se ocorrer, espero que em menor escala, com o que se assiste no Iraque ainda hoje.

E a dizer que Muammar Kadhafi foi o responsável pelo atentado de 1988 contra um avião da Pan Am que caiu sobre a cidade escocesa de Lockerbie, morrendo todos os 259 passageiros e tripulantes!

Essa é sua índole, embora fosse considerado “regenerado”, pela aproximação com o Ocidente que se empenharia mais tarde.

Voltando à Al -Qaeda, pois, por essa índole assassina, morram nos seus atentados os aliados e todos os outros por perto, não será mais possível relegar sua força, sua astúcia e sua traição.

A partir de agora e não como se deu há 10 anos no ataque às Torres Gêmeas, para impedir ou minimizar novos ataques quaisquer indícios poderão ser mais do que indícios, quaisquer informações truncadas podem significar um dado real a ser avaliado pelos órgãos de inteligência que a nada deverão desprezar.

Por outra, essas correntes tresloucadas há muito têm colocado sob suspeita os muçulmanos, o que se constitui uma anomalia que precisa ir sendo descontruída pelo mundo. Também por eles.