terça-feira, 24 de janeiro de 2012

IRÃ NÃO CONTEMPORIZA NEM COM O BRASIL




Mas, não convertamos os iranianos em feras acuadas. NOTAS CURTAS.



Não passou despercebida a visita de Mahmoud Ahmadinejad a alguns países latino-americanos – já me referi sobre isso – aqueles que ostentam fatos mas não conteúdo político de relevo, aqueles discursos envelhecidos à esquerda mas com grave efeito interno nas ações: semiditadura, ataques à imprensa, direitos humanos postos em segundo plano ou desrespeitados.(*)

Já disse antes, também, especialmente no caso de Hugo Chaves, a presença do iraniano ao lado do governante venezuelano foi bem estampada nas fotos, dando ensejo, então, à repetição daqueles discursos antiamericanos. (1)

Fora o Brasil do seu roteiro, claro que a especulação avançou. A principal: o notório esfriamento das relações Brasília – Teerã.

Tudo começou há quase um ano, dois meses e pouco após a posse de Dilma Rousseff, quando a representação do Brasil, no Conselho de Segurança da ONU, votou por investigação sobre direitos humanos no Irã, que estariam sendo violados.

E depois, um modo que me pareceu efetiva compensação, não recebeu a presidente Dilma Rousseff a iraniana dissidente Shiri Ebadi prêmio Nobel da Paz. Evidentemente que uma posição desprovida de sentido, porque a iraniana se destacara exatamente pela defesa dos direitos humanos, da condição da mulher e da criança. (2)

O Irã, a despeito dos esforços quixotescos de Lula, por uma série de atos, não inspira confiança, porque ambíguo nos seus atos e discursos. A questão central, a dos questionamentos do seu programa nuclear que se destinaria também à construção de arma nuclear, se apenas para fins pacíficos como alega e alega, porque não fazer demonstração cabal dessa intenção abrindo seus projetos?

É porque o Irã não contemporiza.

O Brasil, com Lula, que fora seu aliado foi há pouco duramente criticado por influente porta-voz de Ahmadinejad, Ali Akbar Javanfekr pela mudança havida na diplomacia brasileira em relação ao Irã pós Lula.

Disse o porta-voz sem meias-palavras:

“A presidente brasileira golpeou tudo que Lula havia feito. Ela destruiu anos de bom relacionamento”. (3)

Não deixou esse porta-voz qualquer palavra de contemporização, uma porta entreaberta de retomada do “relacionamento desfeito” e novas tratativas diplomáticas futuras.

Além disso e certamente que por conta da mudança do Governo brasileiro, estaria o Irã dificultando as exportações brasileiras de carne e frango.

Disse mais o porta-voz iraniano que “Lula está fazendo muita falta.” Sim, Lula também “faz falta” por aqui por não proteger ao seus ex-ministros, que foram paulatinamente exonerados por conta de denúncias de corrupção...

Por esse modo truculento de reagir sempre causa certa preocupação a avalancha de “punições” que estão sendo impostos pela União Europeia e Estados Unidos que significam embargo ao petróleo iraniano. Além disso, houve o congelamento dos bens do Banco Central do Irã, a par de restringir investimentos no pais e proibir “a exportação de equipamentos para exploração de gás.” (4)

O Irã ameaça fechar o estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico e para tal ameaça, teriam já os Estados Unidos informado por canais reservados que tal atitude não seria tolerada.

O perigo da fera acuada, no caso o Irã.

A ideia é que, com essas medidas restritivas, predisponha-se o Irã a negociar, a dialogar sobre seu programa nuclear e seu real objetivo. Se para fins pacíficos nada teriam a esconder.

Mas, com o poder dos aiatolás, o Irã não contemporiza. Pelo menos até agora.

Por isso, há que ser provocada a negociação e o diálogo com a inclusão de enviados de peso no processo, e não apenas esperar o Irã que já demonstrou como reage às suas contrariedades.

(*) Países visitados pelo iraniano: Venezuela, Equador, Cuba e Nicarágua.

Legendas:

(1) “Perigo de guerra e ameaça climática segundo Fidel Castro” de 10.01.2012

(2) “Pose de Republiqueta” de 12.06.2011

(3) “Folha de São Paulo” de 23.01.2012 (Samy Adghirni)

(4) “O Estado de São Paulo” de24.01.2012

Foto: Mahmoud Ahmadinejad em visita à Usina Nuclear de Natariz (Irã) em abril de 2008 (foto Associated Press, from “Folha de São Paulo” de 23.01.2012)

NOTAS CURTAS


Saída de José Sérgio Gabrielli da Petrobrás: Claro que sua ascensão no posto máximo da poderosa multinacional brasileira do petróleo tinha um pouco a ver com seu currículo. Assumiu em julho de 2005. Ele era protegido, segundo a imprensa, do governador da Bahia Jaques Wagner. Claro que para Lula que não se preocupava muito com o discernimento dos seus aliados, foi Gabrielli mantido até agora. Exonerado, será substituído por Maria das Graças Forte que descrevem possuidora de um perfil técnico e trabalha com cumprimento de metas.

Para mim, com todo o respeito possível na espécie, estou para ver alguém ter exercido por tanto tempo um cargo desse padrão, muitas vezes acima do seu nível de competência. Só mesmo a tolerância política, os conchavos é que podem explicar algo dessa natureza.

Em outra banda, os ministros lulistas exonerados...

Novas falhas no ENEM: Nessa história das falhas e fraudes no ENEM, algo se revela inquestionável: o projeto é muito grande para ser imposto num “uníssono” para o país todo. A partir de 2013 – já eram para ser este ano – serão dois exames do ENEM. Que assim seja, mas o que não pode mais ocorrer é a desmoralização anual do exame, dos vazamentos de perguntas e respostas, das questões equivocadas e tudo o mais.

Por enquanto o projeto não inspira a confiança de ninguém.

Judiciário se expõe – pretende ser indevassável: O Judiciário é um dos poderes da República, sujeitando-se às leis de moralidade e controle. Agora suas associações agem de modo mui discutível, pretendendo que seja indevassável a “caixa preta” da Instituição. Mas, há a tal “caixa preta”? Parece. No Olimpo.

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