quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A CULTURA DA GREVE E DOS ATOS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

A greve dos policiais na Bahia, os excessos e a cultura do grevismo e da predação. A anistia sempre aplicada. O caldo de cultura: a corrupção e a impunidade. NOTAS CURTAS: o ministro queridinho de Lula; assassinatos na Síria; Serra e a confusão no PSDB.


Muito já se escreveu sobre a greve recente dos policiais militares da Bahia e suas lamentáveis decorrências.

Em primeiro lugar, a Bahia é um Estado, digamos, “simpático”, o exotismo de Salvador, seus grandes cantores e cantoras, a ostentação de sua cultura afro, o carnaval e o trio elétrico, essas coisas que com frequência somos instados a conhecer pelos meios de comunicação.

Mas, subjacente, havia e talvez haja ainda um sentido de revolta instalada em alguns setores da polícia estadual, que eclodiu do modo mais violento a ponto de, estranhamente, aumentar a estatística de homicídios naquele Estado.

A Bahia e seus mistérios.

Na realidade, por outra, espocaram há muito no Brasil os denominados movimentos sociais que, de regra, fizessem o que fizessem, depredassem o que depredassem, poucos dias depois dos estarrecimentos e indignações, o assunto ao sair das pautas jornalísticas tudo se torna pouco lembrado e permanece a impunidade.

O “exemplo” mais gritante são predações do MST que, na melhor expressão, deitaram e rolaram por anos. E ainda está por aí. Não passaram as autoridades brasileiras a mão na cabeça daqueles manifestantes, mas vestiram o boné, como fizeram Lula e Dilma em campanha ostentando “compreensão”. (1)

Atitudes tais são a bandeira vermelha da garantia da impunidade o auge das ações ilegais como se deu na destruição acintosa dos laranjais em fazenda da Cutrale em outubro de 2009 no Estado de São Paulo. (2)

Inumeráveis greves ocorreram pós 1978 e o governo federal não interveio mesmo quando os grevistas descumpriam decisão de tribunais. (3)

Essa a “cultura” arraigada, a da tolerância e da anistia. Muito porraloquismo (perdoem a expressão chula, mas ela nasceu no meio sindical para indicar os radicais do movimento) foi suportado e até se tornou episódio “histórico”.

E ai os militares da Bahia, enfrentando bandidos e ganhando baixos salários absorveram essa “cultura” da anistia. Ai, os seus líderes se excederam, culminando com a ameaça de praticarem atos de retaliação, depredações em próprios públicos e particulares para incrementar o movimento da pior maneira. Foram denunciados pela gravação de telefonemas.

Aí enfraquecido o movimento, voltou ao debate a palavra “anistia” que a própria presidente Dilma Rousseff se posicionou contra o perdão aos agora denominados “amotinados” até porque parecia haver “outros interesses” nos movimentos baianos, segundo ela.

Ora, lá está um governador petista tolerante como todo o seu partido em prol dos movimentos sociais, que foi atropelado por uma greve que o chamuscou. Sua perplexidade o deixou inoperante por vários dias até que chegasse o movimento aonde chegou.

Só espero que esses eventos não sejam esquecidos e não se voltem a ostentar bonés ou camisetas por conta de interesses menores da política.

Por derradeiro, me coloco um pouco no lugar desses grevistas da polícia e bombeiros: dando a “cara para bater” no dia-a-dia, vida em risco, sendo “assaltados” pelos desmandos, pela corrupção nas várias camadas da administração pública e os culpados saindo pelas portas dos fundos, mas impunes. E o Congresso Nacional elevando sua remuneração sem qualquer critério, que não o interesse próprio a despeito de sua inoperância. Para esses há sempre orçamento para policiais não!

Se há essa cultura do grevismo que desaguou nas ações violentas tanto quanto dos denominados movimentos sociais, esse é o caldo que alimenta essa cultura.

NOTAS CURTAS:

1. As trapalhadas de um ministro queridinho de Lula: refiro-me a Gilberto Carvalho que arrumou uma confusão com os “evangélicos conservadores” que seriam manipulados por pastores da televisão dai necessária uma próxima batalha ideológica contra eles. Por tais declarações, o senador Magno Malta, entre outros adjetivos, qualificou o ministro de “safado” na tribuna do Senado. Esse ministro em cujo currículo ostenta a proteção de Lula, se insere naquela “plêiade” de ministros a maioria já exonerada do ex-presidente. Tenho “muito medo” com o que ele diz. Aliás, ele pediu desculpas aos evangélicos pelo que disse.

2. Assassinatos na Síria: A violência contra opositores não é uma exclusividade da Síria e seu ditador Bashar Assad. Mas, as coisas por lá ultrapassaram todos os limites. É sustentado pela Rússia e China que no Conselho de Segurança da ONU vetam qualquer ato de força contra ele. Os Estados Unidos, por isso, cogitam armar os opositores. Se em lugar de fazer um plebiscito para que a população vote nova constituição e futura limitação do poder presidencial, melhor seria que fizesse plebiscito pela sua permanência ou não no poder. Mas, isso é utópico porque, sendo quem é, a votação não seria honesta. E há que filosofar um pouco: o que pretende Assad ao assumir tantas mortes em nome de um governo falido? O que pensa ele, que seja imortal?

3. Serra se insere em (nova) confusão no PSDB: vai começar a angústia se será ou não candidato a prefeito de São Paulo, se participará ou não de prévias, como querem os demais pré-candidatos às eleições municipais de São Paulo. Do jeito que vai, o PSDB está arrumando mais um revés porque rigorosamente não surgiu um candidato forte entre os tucanos. Nem Serra o é...mais.

Legendas:

(1) Meu artigo “Forças revolucionárias” do MST” de 16.03.2009

(2) “As saúvas e o MST” de 25.10.2009

(3) “Greve de 1978: o início de tudo” de 11.05.2010

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