SÃO PAULO É
A SOMA DE NOSSAS ATITUDES.
Cidade congestionada, poluída,
difícil mas somos nós que a congestionamos e a poluímos. Os carros a violentam
em suas ruas. O transporte público cresce mas de modo desproporcional às suas
necessidades.
O Governo
Federal, cedendo aos apelos da indústria automobilística neles os perigos das
demissões se os encalhes de veículos novos entupirem por demais os pátios das
montadoras, resolveu mais uma vez pela concessão de incentivos fiscais, repetindo
a redução do IPI – Imposto sobre produtos Industrializados.
Claro que, pelo tamanho das automobilísticas
que por sua vez puxam as autopeças num quadro de milhares de empregos
garantidos, a medida tem apenas esse objetivo: a economia gira a partir das automobilísticas,
avolumam-se os financiamentos dos quais, boa parte, não será honrada.
Essa roda
viva não é novidade.
Mas, há
aqueles efeitos aparentemente invisíveis quais sejam o caos urbano e a poluição
ampliada nas grandes cidades que se obrigam a absorver nas suas vias, milhares
de carros novos todo dia, todo mês, todo ano.
No meu
artigo “Carros e mais carros = Caos urbanos” sob essa perspectiva, dentro de
alguns poucos anos, de atingir a indústria automobilística, cinco milhões de
unidades por ano, indago qual seria o custo desse caos ampliado, por exemplo,
em São Paulo. (1)
No que
concerne a São Paulo, com investimentos vultosos para atender à demanda de
veículos, caminhões, ônibus e automóveis individuais, conta com as melhores
estradas e vias que a cruzam ou a rodeiam, vão se revelando insuficientes.
Na capital,
atrasadas ou não, novas linhas de metro e trem vão sendo ativadas mas é visível
a distância entre a velocidade do que a cidade necessita, sempre com urgência e
sua implantação.
Frequentemente
os meios de comunicação “realizam-se” em mostrar os imensos congestionamentos
de São Paulo, a massa visível de resíduos poluentes em suspensão como se a
cidade fosse um organismo vivo pelo que seria ela a culpada pelo caos que
apresenta.
Mas, não! A
cidade somos nós paulistanos. O caos diário que enfrentamos, com
congestionamentos gigantescos é o resultado de nossa opção de locomoção: o
carro individual, mesmo em regiões servidas pelo metro que não registram os
excessos de passageiros que se dá em outras linhas, propiciando viagens mais
confortáveis e rápidas.
Ademais à
cômoda opção pelo transporte individual não tentam seus usuários torná-lo
solidário – pelo menos nos níveis que seriam desejáveis - disponibilizando para
mais pessoais a locomoção com a mesma ida e vinda numa saudável escala de
revezamento.
Já há as
primeiras iniciativas em incentivar o uso de bicicletas. Em São Paulo, foi há
pouco inaugurado sistema de estações de empréstimo de bicicletas. Já são dez as
estações, com dez bicicletas disponibilizadas. A perspectiva é de que nos
próximos anos cheguem a 300 estações disponibilizando três mil bicicletas.
São medidas
tímidas mas já são um começo até pelo mérito em incentivar mudança de hábitos.
Toda esta
crônica é para alertar que não é São Paulo uma cidade congestionada, poluída e
difícil. Nós somos os que a congestionam, a poluem e a dificultam.
São Paulo
somos nós todos com nossos vícios e virtudes.
Querem uma
prova? Em feriados prolongados, a cidade se esvazia, torna-se silenciosa,
porque nós todos, ainda que por poucos dias, a deixamos solitária e monótona
mas, surpreendentemente agradável e humana. Com a nossa ausência...
Legendas:
(1) Carros e
mais carros = caos urbano” de 15.04.2012
Foto:
“São Paulo
num dia de Natal”, de Lineu Kohatsu (Portal Terra)
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