terça-feira, 29 de maio de 2012

CENAS DE UMA REPÚBLICA DE “INFLUENTES”


O jogo nos bastidores da República. As “transações” nos subterrâneos do poder. Os influentes perniciosos. A tentativa de Lula em adiar o julgamento do mensalão.


Foi mesmo com Lula que teve início a “influência” dos bastidores, as “transações” no subsolo do poder de tal modo a que estivesse sempre fortalecido - a que preço? – e fortalecidos aqueles todos que frequentam essas “instalações”.
Desses “negócios da República” nos subterrâneos não poucos vezes surgiram rumores que se perderam ou foram simplesmente abafados por aqueles que tinham interesse em manter o silêncio cauteloso sobre os seus detalhes.
Caminhando no chão, sofredor, não ouvindo o subsolo, o povão sempre faz parte dessas “transações”, pelo que perdem, mas ignoram porque consolados por planos sociais, iludidos eleitoralmente por eles, acham que foram salvos por seus eleitos.
Que eu saiba, uma das maiores “transações” havidas no país, porque o desvio de valores provinha, de um modo ou outro, dos impostos dos brasileiros, foi o denominado mensalão, um escândalo em boa hora saído dos subterrâneos da República.
Muitas idas e vindas Instaurou-se, finalmente, o processo no Supremo Tribunal Federal já denunciados os acusados, aquela parte da sociedade com um mínimo de esclarecimento aguarda com ansiedade a continuidade do julgamento. A qualquer momento, eclodirá a impaciência.
Presentemente, o STF vem anunciando que em breves dias o mensalão entrará em pauta, após conclusão do parecer do ministro revisor, Ricardo Lewandowski.
Trata-se esse processo que se julgado será o sinal de que combalida República começa a mudar, que não mais aceita a corrupção como parte de sua cultura, inspiração para humoristas.
O ex-presidente Lula, a despeito de serem os acusados todos de suas relações, disse “que de nada sabia do esquema do mensalão” e, por isso, para não complicar o clima político nacional, suas “explicações” foram aceitas até porque ir além seria um processo doloroso de ... impedimento?
Mas, há um mês, Lula interpelou o ministro Gilmar Mendes, argumentando que o mensalão não poderia ser julgado antes das eleições – por óbvias razões - e o adiamento do processo significaria para o ministro, blindagem na CPMI de Carlinhos Cachoeira, porque sobre ela, dissera Lula, detinha o controle e a influência.  Estas insinuações de Lula se deram porque havia rumores de que Mendes teria se encontrado em Berlim com Demóstenes Torres, cuja viagem, de ambos, fora paga pelo contraventor.
Essas revelações do ministro parecem verossímeis, mesmo que Lula as desmentisse depois, em nota, indignado. Por que somente agora as revelou o ministro? Por temer, quem sabe, o adiamento do julgamento do mensalão e, tal se dando, não paire sobre ele qualquer desconfiança neste país dos rumores que podem eclodir? Ou pretendeu precipitar o julgamento?
Por outra, já disse alhures a influência que amealhou Carlinhos Cachoeira no mundo político de modo discreto, mas eficiente, além da conta.
Devidamente investigado, conheceu-se a rede de “agentes” a seu serviço. E que rede!
Preso pelas suas atividades contraventoras, na CPMI, por falar em influência, o seu advogado é ninguém menos que Marcio Thomas Bastos, ex-ministro da Justiça que ainda tem forte influência nos meios jurídicos brasileiros. E o seu cliente manteve-se em silêncio, tendo ao seu lado o ex-ministro como escudo aos ataques que recebera de alguns parlamentares.
O que resultará dessa CPMI com tais influências?
Em termos de resultado, meu otimismo – se possível a contradição do conceito – é muito baixo.A frase do deputado Vaccarezza prometendo preservar o governador Sergio Cabral do Rio, pela amizade que tinha com diretor da Construtora Delta, com quem fez viagens ao exterior, não pode ser levada apenas pelo erro de concordância. Na gozação. Há, ali, indícios de que alguns dos envolvidos nas relações com Cachoeira sejam poupados na CPMI: “Você é nosso e nós somos teu.” Quem mais é “dos nossos”?
Por outra, pelo que disse Gilmar Mendes, Lula teria o controle da CPMI.
Estes “influentes” são perniciosos ao país. Este país de massa ignorante que vê mas não enxerga, que acredita em discursos nos quais exala a torpeza.
Esses “influentes” continuarão contaminando o meio político ainda por algumas gerações. Temos que esperar que passem.
E o pior é que, perante essa massa desavisada, iludida, continuarão sendo reeleitos...e o país continuará perdendo em moralidade.              

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