segunda-feira, 1 de outubro de 2012

JULGAMENTO DO MENSALÃO: SEGUNDAS IMPRESSÕES (*)



O STF julgara agora o núcleo do poder lulopetista, inclusive a influência de José Dirceu no esquema do mensalão. Também os atos do ex-tesoureiro Delúbio Soares e do ex-presidente do partido, José Genuino.




Encerrou-se no dia 1° último, fase importante do julgamento do mensalão: o Supremo Tribunal Federal, rejeitou a tese da defesa, que defendera ser o dinheiro distribuído pelo PT – o partido do mensalão, apenas caixa 2, isto é, para cobrir gastos adicionais de campanha.

Estava claro que a distribuição de dinheiro, poderia até ter algum saldo aplicado em caixa 2, mas o grosso dos recursos fora para alimentar a cobiça de alguns políticos, julgados corruptos pelo STF, que venderam seu voto para sustentar o governo Lula.

E, por conta da certeza da impunidade pelos desvios do “valerioduto”, havia uma festa permanente sustentada pela cúpula do PT – o partido do mensalão, na qual “dinheiro não era problema”. Ora, o chefão tinha 70%, 80% de aprovação popular, quem poderia com ele?

E por causa do nível dos comandantes da operação, entendo a submissão desse infeliz chamado Marcos Valério que se sentira seguro e importante como gestor dessa fraude continuada.

Mal contava ele que um dia mais a frente, esses gestores estariam sendo julgados por esses abusos exacerbados – como estarão a partir do dia 3 de outubro. Pelo que até aqui se verifica, esses petistas oportunistas, sem censura de caráter, serão também condenados.

Roberto Jefferson que revelou o esquema do mensalão e também foi condenado por ele, por corrupção passiva, cometeu um erro ao denunciar o esquema de corrupção: excluiu Lula do processo que, para ele, nada sabia. Estaria, também, influenciado pela aprovação popular do ex-metalúrgico? Com tais revelações de Jefferson, o chefe do PT – partido do mensalão, aproveitou-se desse ato falho do ex-deputado oferecendo várias versões sobre o “não sabia” como aquela de que o esquema nunca existiu; mas houve, também, a afirmação de que o partido deveria se desculpar perante a nação...

E aí está ele tentando vencer em São Paulo – valendo-se de sua demagogia de sempre -com seu candidato imposto, com credenciais modestas quando ministro da Educação a ponto de “convidar” a presidente Dilma para um comício na capital paulista que se dobra ainda às vontades do seu padrinho em processo irreversível de desmoralização pública.

Será lamentável se o seu candidato vencer em São Paulo. É sinal de que os eleitores humildes não estão entendendo o que se passa neste país, neste momento. Mas, o seu partido, não há como evitar, será o PT- Partido do mensalão.

O que faz Dilma num palanque, se envolvendo com esses interesses menores? Não tem assuntos de relevância que resolver na presidência em vez de participar de comício para plateia limitada, recheada por claques do seu partido?

O escândalo do mensalão ofusca o escândalo que derrubou Fernando Collor de Mello. Aliás, Collor tem dito que foi afastado da presidência porque não se preocupara em formar uma base parlamentar de apoio ao seu governo. Talvez, essa afirmação de Collor fosse a origem do mensalão.

E quanta ironia nesse jogo político! Relembre-se que em 1992, José Dirceu como deputado federal e o senador Eduardo Suplicy assinaram a constituição de Comissão Parlamentar de Inquérito que desaguou no julgamento de Collor e no seu impeachment.

Quanto a José Dirceu, autor de tantas “bruxarias” antes e durante sua estada como ministro da Casa Civil, protegendo Lula, agora se vê às voltas, abandonado pelo chefe que controlava, enlaçado por seus feitiços.

Quais serão as consequências para ele? O STF logo dará a resposta.

Nos mesmos votos, também os atos do ex-tesoureiro Delúbio Soares e do ex-presidente do partido José Genuino.

 NOTAS CURTAS

1.  Discurso demagógico de Lula fora da realidade como tantos outros: “Não foi fácil (fazer um bom governo). Não foi fácil porque a elite política brasileira não brinca em serviço. Eles não gostam quando eu falo mas em 2005, eles tentaram dar um golpe no meu governo. Como tentaram dar e deram no João Goulart, como tentaram dar no Juscelino (Kubitschek) e como levaram o Getúlio Vargas à morte”. (1)
Essa pose de futura ex-vítima não se sustenta, porque ele foi, sim, poupado pelas "elites" e pela imprensa, tanto que não é réu no mensalão. Poucas vozes em 2005 insinuaram que ele sabia do esquema. E quanto aos ex-presidentes citados, será preciso analisar cuidadosamente a história dentro do contexto da época.
O melhor “golpe” é que ele se aposentasse e deixasse o país em paz, livre dos seus discursos repetitivos e chatos.

2. O ministro Joaquim Barbosa é daqueles que não leva “desaforo para casa”. E esse estado de irascibilidade deixa transparecer que para ele a verdade lhe pertence.  
Esses papo cansa.
De certo modo, os ministros têm se mostrado respeitosos com seus arroubos, mesmo sua “vitima” preferida, o ministro revisor Renato Lewandowski: “Não me dê conselhos”
O STF é um órgão colegiado, ora.

Referências:
(*) O artigo “Julgamento do mensalão: primeiras impressões” foi publicado em 02.09.2012
(1) Jornal “O Estado de São Paulo” de 30.09.2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário