domingo, 28 de outubro de 2012

SERRA E O PSDB DERROTADOS EM SÃO PAULO. PT PERDE EM CAMPINAS



A derrota de Serra e do seu discurso redundante. Bem ou mal, Fernando Haddad, a despeito do PT e de Lula por perto, significa renovação que pode dar certo na maior cidade do país. Em texto anexo, desenvolvo com mais detalhes a mordida de Dilma na própria língua sobre os apagões.

A vitória de Fernando Haddad em São Paulo, menos que a vitória do PT - que nessa campanha teve a participação de sua “tropa de choque”, constituída por Lula e Dilma entre outros – foi a derrota do PSDB, de José Serra.

O PSDB sempre forte em São Paulo, não se renovou, não tem quadros novos, os discursos são os mesmos.

Enquanto o PT sai para a luta com empenho total, o PSDB vacila e insiste, não sei se por culpa de Serra, em esconder Fernando Henrique Cardoso -que não faria na campanha o que fez Lula em prol de Haddad-, que é o seu principal quadro que tinha muito a dizer, a explicar sobre suas realizações nos dois mandatos presidenciais.

E ampliar o discurso de Serra.

Este então, por sua vez, detém o mesmo discurso, não transpira a confiança principalmente nestas eleições diante de um quadro jovem do PT que fora apresentado, uma mudança significativa de perspectivas.  Haddad significa, queiram ou não, renovação, a despeito do PT e de Lula e do mensalão por perto.

Quando do resultado do primeiro turno, surpreso com a votação de Serra, escrevera sobre esse êxito, mas, fizera a seguinte ressalva:

“Claro que no segundo turno, Serra terá que se esforçar muito para manter a vantagem que obteve e até ampliá-la porque com Lula por perto, retornará àqueles eleitores menos “nutridos” que ainda acreditam no seu discurso repetitivo, nas suas promessas e na sua demagogia... que desconhecem a gravidade do mensalão no qual estão envolvidos e sendo condenados pelo STF alguns dos seus antigos auxiliares diretos.”(1).

A derrota é de Serra e não do prefeito Gilberto Kassab mal avaliado que o apoiou. A derrota é do seu discurso, das suas renúncias e das suas múltiplas candidaturas.

O tempo o esgotou

Espera-se, agora, se continuar na política que não atrase mais o PSDB e se candidate ao Legislativo, mesmo que municipal.

O PSDB precisa de novos quadros e não só isso, o empenho da partido em cultivar esses novos nomes.

No que concerne ao plano federal, não vejo nem mesmo o tucano Aécio Neves como candidato viável, que não parece ter assumido até agora postura suficiente para derrotar a máquina petista no poder.

Nessa conformidade, o PSDB para se constituir ou continuar a principal voz da oposição, reafirmo que precisa de discursos novos proferidos por quadros novos.

Campinas e Piracicaba (SP)

Para comprovar que novos quadros abalam o PT, a melhor prova é o que se deu em Campinas na disputa entre Jonas Donizette do PSB e Marcio Pochmann do PT.

O primeiro é político da cidade; o segundo foi considerado, digamos, oportunista, porque sua única credencial, em Campinas, era ter estudado na UNICAMP e pertencer ao PT. É natural de Venâncio Aires, Rio Grande do Sul. Fora secretário de Marta Suplicy quando prefeita de São Paulo.

Dessa maneira, a “tropa de choque” do PT (Dilma e Lula, em comícios e na televisão), tentou fazer em Campinas o que fizera em São Paulo: viabilizar a candidatura de Pochmann, esse desconhecido.

Mas, o candidato do PSB tinha um discurso diferentes, menos sofisticado, mais realista em relação à cidade.

Mas, nem mesmo a “tropa de choque” do PT conseguiu reverter o favoritismo de Donizette embora tenha possibilitado que o candidato gaucho chegasse ao segundo turno.

O mesmo se deu na cidade de Piracicaba, de menor porte em relação a Campinas da qual dista 75 quilômetros, governada pelo prefeito Barjas Negri do PSDB que fez muito boa gestão.

O candidato do PT, desconhecido na cidade, abandonado pelos escalões do partido, não teve como se aproximar do candidato do PSDB, Gabriel Ferrato, renovação, apoiado pelo prefeito, eleito com 74,5% dos votos,

Referência no texto:
(1) “As eleições em São Paulo: Serra sai na frente” de 07.10.2012

A ARTE DE MORDER A LÍNGUA PERDENDO A CLASSE

Já emiti nota curta sobre os apagões que se repetem nestes últimos 30 dias no Norte e Nordeste do país.

Pretendo com este texto, mais compilando notas do que emitindo opinião, deixar bem claro as idas e vinda da presidente Dilma sobre a energia e o “terrível” castigo por ter falado demais sobre o assunto não faz mui.

Em 20.06.2011, escrevi um artigo a propósito dos 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, destacando uma mensagem de Dilma, calorosa ao ex-presidente. (1)

Recordando a homenagem de Dilma:

“Em seus 80 anos há muitas características do senhor Fernando Henrique Cardoso a homenagear.
O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica.”

Depois dessa homenagem, as relações entre o ex-presidente e a presidente foram muito cordiais, até que em 02 de setembro último, FHC escreveu no Estadão um artigo duro contra o lulopetismo e o respectivo governo.

Alguns trechos do artigo de FHC:

"Mas não foi só isso: o mensalão é outra dor de cabeça. De tal desvio de conduta a presidenta passou longe e continua se distanciando. Mas seu partido não tem jeito. Invoca a prática de um delito para encobertar outro: o dinheiro desviado seria "apenas" para o caixa 2 eleitoral, como disse Lula em tenebrosa entrevista dada em Paris, versão recém-reiterada ao jornal The New York Times. Pouco a pouco, vai-se formando o consenso jurídico, de resto já formado na sociedade, de que desviar dinheiro é crime, tanto para caixa 2 como para comprar apoio político no Congresso Nacional. Houve mesmo busca de hegemonia a peso de ouro alheio.

Com isso tudo, e apesar de estarmos gastando mais divisas do que antes com a importação de óleo, o presidente Lula não se pejou em ser fotografado com as mãos lambuzadas de petróleo para proclamar a autossuficiência de produção, no exato momento em que a produtividade da extração se reduzia. (2).
[Um pequeno desvio ao ponto ao qual pretendo chegar diante das reiteradas notícias de que a Petrobrás vem enfrentando séria crise de caixa:
Quem é responsável por tal desmazelo e inversão de dólares num poço sem fundo?
Trecho de notícia de 27.10.2012:
“No caso da refinaria de Pasadena (Texas), pesa contra a venda o fato de a Petrobrás poder amargar prejuízo bilionário com o negócio. Em junho, a estatal comprou o resto das ações que faltava para obter o capital total da refinaria e encerrou as disputas judiciais com a antiga sócia Transcor/Astra.
O acerto permite que a Petrobrás revenda a refinaria. O problema é o valor a ser negociado. A estatal pagou US$ 1,18 bilhão pela refinaria, mas ela é avaliada em cerca de um décimo deste valor. Apenas no acerto de junho, a Petrobrás desembolsou US$ 820,5 milhões.”]
Mas, voltando ao artigo de FHC: em nota de defesa do padrinho que nada mais me convence que não seja hoje uma figura inconveniente para Dilma  - principalmente pelo mensalão que se desenvolveu nas suas barbas (defesa dele: “o povão não está nem aí” – mas o mensalão está) disse a Presidente, respondendo às críticas de FHC:

“Recebi do ex-presidente Lula uma herança bendita. Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão.
Recebi uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recordes”.
Da homenagem de Dilma a FHC por ocasião de seu aniversário, dissera ela que fora ele “o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica.”
Esse reconhecimento de Dilma fizera com que Lula parece de se referir à “herança maldita” porque ele herdara o país em condições muito favoráveis para avançar, com baixa inflação e estabilidade econômica.
Claro que esse entrevero gelou as relações entre Dilma e FHC

EM QUE MOMENTO DILMA MORDEU A LÍNGUA:



Na “herança bendita”, disse ela que recebera o país não mais sob ameaça de apagão.
Pois bem, atualmente não se trata mais de ameaça, mas nos últimos 30 dias os apagões se sucedem no Norte / Nordeste. E aí sem saber explicar o governo o que se passa nesses apagões, perdidos no escuro diz a notícia do “Estado” de 27.10.21012:

“Tão logo soube que o problema, na verdade, foi gerado na subestação de Colinas (TO) da empresa Taesa, ligada à Cemig, a presidente determinou que um avião da Força Aérea Brasileira fosse mobilizado para levar 12 técnicos de alto nível de todas as áreas para o local, a fim de verificar "in loco" o que motivou a queda de energia em cadeia e a demora no restabelecimento da luz.
Pouco oportuno. O Planalto não gostou da abordagem de Zimmermann, sugerindo que poderia ter ocorrido uma sabotagem no sistema, comentário considerado "pouco oportuno" em véspera de eleição, quando o governo quer evitar, a todo custo, politização do tema. O Palácio realmente considera que "coisas esquisitas" andaram acontecendo, mas a avaliação é que, se existe alguma coisa, isso pode estar ligado a problemas com empregados por causa dos anúncios de demissões em todas as empresas do setor por causa da renovação das concessões.” (4)
É isso aí. No governo FHC houve ameaça de apagão. No governo Lula-Dilma, a despeito da “herança bendita” as ameaças deixaram de ser ameaças e se converteram em apagões.

Referências no texto:

(1) “FHC 80 anos: Agora é o “pai da Pátria” de 20.06.2011 neste portal;
(2) “Herança pesada” de 02.09.2012 no jornal “O Estado”;
(3) “Com pressa para fazer caixa, Petrobras tenta vender ativos no exterior, mas não consegue” de 28.10.2012 no jornal “O Estado”;
(4) “Dilma fica irritada com apagão e fala de ministro”, de 27.10.2012 no jornal “O Estado”

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