O jogo nos
bastidores da República. As “transações” nos subterrâneos do poder. Os
influentes perniciosos. A tentativa de Lula em adiar o julgamento do mensalão.
Foi mesmo com
Lula que teve início a “influência” dos bastidores, as “transações” no subsolo do
poder de tal modo a que estivesse sempre fortalecido - a que preço? – e
fortalecidos aqueles todos que frequentam essas “instalações”.
Desses “negócios
da República” nos subterrâneos não poucos vezes surgiram rumores que se perderam
ou foram simplesmente abafados por aqueles que tinham interesse em manter o
silêncio cauteloso sobre os seus detalhes.
Caminhando
no chão, sofredor, não ouvindo o subsolo, o povão sempre faz parte dessas “transações”,
pelo que perdem, mas ignoram porque consolados por planos sociais, iludidos
eleitoralmente por eles, acham que foram salvos por seus eleitos.
Que eu
saiba, uma das maiores “transações” havidas no país, porque o desvio de valores
provinha, de um modo ou outro, dos impostos dos brasileiros, foi o denominado mensalão,
um escândalo em boa hora saído dos subterrâneos da República.
Muitas idas
e vindas Instaurou-se, finalmente, o processo no Supremo Tribunal Federal já denunciados
os acusados, aquela parte da sociedade com um mínimo de esclarecimento aguarda
com ansiedade a continuidade do julgamento. A qualquer momento, eclodirá a
impaciência.
Presentemente,
o STF vem anunciando que em breves dias o mensalão entrará em pauta, após conclusão
do parecer do ministro revisor, Ricardo Lewandowski.
Trata-se
esse processo que se julgado será o sinal de que combalida República começa a
mudar, que não mais aceita a corrupção como parte de sua cultura, inspiração
para humoristas.
O
ex-presidente Lula, a despeito de serem os acusados todos de suas relações,
disse “que de nada sabia do esquema do mensalão” e, por isso, para não
complicar o clima político nacional, suas “explicações” foram aceitas até
porque ir além seria um processo doloroso de ... impedimento?
Mas, há um
mês, Lula interpelou o ministro Gilmar Mendes, argumentando que o mensalão não
poderia ser julgado antes das eleições – por óbvias razões - e o adiamento do
processo significaria para o ministro, blindagem na CPMI de Carlinhos
Cachoeira, porque sobre ela, dissera Lula, detinha o controle e a influência. Estas insinuações de Lula se deram porque
havia rumores de que Mendes teria se encontrado em Berlim com Demóstenes
Torres, cuja viagem, de ambos, fora paga pelo contraventor.
Essas
revelações do ministro parecem verossímeis, mesmo que Lula as desmentisse
depois, em nota, indignado. Por que somente agora as revelou o ministro? Por
temer, quem sabe, o adiamento do julgamento do mensalão e, tal se dando, não
paire sobre ele qualquer desconfiança neste país dos rumores que podem eclodir?
Ou pretendeu precipitar o julgamento?
Por outra,
já disse alhures a influência que amealhou Carlinhos Cachoeira no mundo político
de modo discreto, mas eficiente, além da conta.
Devidamente
investigado, conheceu-se a rede de “agentes” a seu serviço. E que rede!
Preso pelas
suas atividades contraventoras, na CPMI, por falar em influência, o seu
advogado é ninguém menos que Marcio Thomas Bastos, ex-ministro da Justiça que
ainda tem forte influência nos meios jurídicos brasileiros. E o seu cliente
manteve-se em silêncio, tendo ao seu lado o ex-ministro como escudo aos ataques
que recebera de alguns parlamentares.
O que
resultará dessa CPMI com tais influências?
Em termos de
resultado, meu otimismo – se possível a contradição do conceito – é muito
baixo.A frase do
deputado Vaccarezza prometendo preservar o governador Sergio Cabral do Rio,
pela amizade que tinha com diretor da Construtora Delta, com quem fez viagens
ao exterior, não pode ser levada apenas pelo erro de concordância. Na gozação. Há,
ali, indícios de que alguns dos envolvidos nas relações com Cachoeira sejam poupados
na CPMI: “Você é nosso e nós somos teu.” Quem mais é “dos
nossos”?
Por
outra, pelo que disse Gilmar Mendes, Lula teria o controle da CPMI.
Estes “influentes” são perniciosos ao
país. Este país de massa ignorante que vê mas não enxerga, que acredita em
discursos nos quais exala a torpeza.
Esses “influentes” continuarão
contaminando o meio político ainda por algumas gerações. Temos que esperar que
passem.
E o pior é que, perante essa massa
desavisada, iludida, continuarão sendo reeleitos...e o país continuará perdendo
em moralidade.