terça-feira, 19 de outubro de 2010

UMA CAMPANHA DESNORTEADA




A campanha presidencial voltada para o Estado de São Paulo. Desvirtuamentos nos enfoques. Exacerbações. O povo paulista é conservador por não votar no PT para o governo do Estado?


Não se trata de “paulistânia desvairada” lembrar que o Estado de São Paulo tem destaque incomum na República Federativa, se comparado aos demais Estados. Destaca-se em todos os campos: na pesquisa, na área médica com hospitais de referência que atende pacientes até de fora do país, na área tecnológica, cultural, na produção industrial, agrícola. Conta com as melhores universidades públicas como a UNICAMP, UNESP e, principalmente, a USP, lembrada nas listas das mais destacadas do mundo.

De certo modo, com tudo isso, o Estado não “admite” meio termo e empurra o Brasil para frente. Do brasão de São Paulo em latim: "PRO BRASILIA FIANT EXIMIA" ("Pelo Brasil façam-se grandes coisas"). E assim não tem sido?

Há críticas na área educacional, há desvios na área ambiental, problemas na área de segurança e o sempre lembrado preço abusado dos pedágios, que são dezenas nas estradas paulistas.

A capital, São Paulo, contém, efetivamente, bolsões de pobreza, as favelas, geralmente habitadas pelos nossos patrícios nordestinos que vieram para o grande Estado na busca de dias melhores. Têm dado esses migrantes contribuição inestimável à construção civil e às indústrias de um modo geral, esforçando-se em viver, sobreviver e conviver.

Esse conglomerado de cidadãos, nos quais se inserem membros de má índole, bandidos mesmo, afetam a segurança da capital e das grandes cidades do interior. Pela pujança do Estado, os crimes ocorridos, tendem a repercutir nacionalmente, ampliados não tanto com os que ocorrem no Rio de Janeiro pelas peculiaridades de dominarem os bandidos os morros, mas sendo enfrentados nas favelas cariocas pela força policial de “paz”. E daí os enfrentamentos e os percalços.

Então, um Estado com essa grandeza tem problemas, sim, mas não parece que, proporcionalmente, os maiores eclodam em São Paulo. É aquilo que saliento: todos os eventos se amplificam, em todas as áreas, porque os principais condutores da ação e da reação estão no território paulista.

Digo tudo isso por conta do que tenho visto e ouvido nestes últimos dias na campanha petista que, à míngua de maior imaginação ou poucos argumentos, ataca o candidato tucano por aquilo que tem o Estado de São Paulo de falho ou carente, destacando-se os itens segurança e educação. Com muitas distorções.

Se fosse comparado com o Maranhão...

Claro que a idéia é enfraquecer o candidato Serra levando em conta algo novo que começo a ouvir em certas rodas esclarecidas argumentando que o povo paulista é “conservador” ou menos, não vota no PT para o governo do Estado.

Não sei se o paulista é mesmo conservador.

Os paulistas têm rejeitado o partido e seus candidatos em várias eleições. Desde 1995, tem conseguido o PSDB ocupar o Palácio dos Bandeirantes nesta ordem: Covas, Geraldo Alckmin (Claudio Lembro), Serra (Alberto Goldman) e novamente Alckmin eleito em 2010.

Qual o fenômeno?

Não me cabe conjeturar, mas os quadros do PT em São Paulo não convencem. Há anos. Discursos inconvincentes, críticas exacerbadas de tal modo que torna temerário o voto nos seus candidatos.

Uma petista que começara a se destacar fora Marta Suplicy. Prefeita eleita de São Paulo em 2000, não se reelegeu em 2004 perdendo as eleições para Serra. Novamente candidata em 2008, perdeu para Gilberto Kassab (DEM), que obteve no segundo turno mais de 60% dos votos.

Neste caso de São Paulo, a rejeição foi ao PT ou à sua candidata com aquele seu timbre arrogante? Ou a ambos?

Nas eleições para o Senado, Marta Suplicy andou muito perto de Netinho, dando a impressão de que sequer seria eleita. O mais votado, como todos sabem, foi o candidato do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira que “desmoralizou” todas as pesquisas, porque na maioria delas, aparecia em 3° lugar.

Neste segundo turno, não sei qual será a votação de Dilma Roussef em São Paulo.

Mas, eu começo a me convencer de que há um eleitorado silencioso, conservador ou consciente que impede a ascensão do PT pelo menos nos cargos Executivos do Estado e da Capital.

Com Lula e tudo.

Fenômeno interessante esse.

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