segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ELEIÇÕES: QUEM GANHOU, QUEM PERDEU!

Os equívocos das pesquisas de intenção de voto, especialmente para o Senado em SP. Foi bom para o País, o 2° turno para presidência da República. Marina Silva se consagra com sua mensagem de preservação ambiental (verde). Os votos ao palhaço Tiririca em SP.


Não somente eu no portal Vote Brasil, mas outros colunistas ao prestar atenção notaram imprecisões em resultados de pesquisas de intenção de votos ao longo da campanha.

Conhecido o resultado das eleições, materializou-se uma situação clara: todos esses institutos de pesquisa saíram menos ou mais chamuscados pelos levantamentos falhos apresentados. Um pouco mais e estaria estabelecido o descrédito total dos seus números. E depois, a sua repetição que cansaram a ponto de serem ignoradas.

Vejam, de outra parte, o que se deu com as pesquisas diárias (tracking) Vox Populi patrocinadas pelo portal IG e TV Bandeirantes: até os últimos instantes os resultados davam algo em torno de 55% de votos para Dilma Roussef, no momento em que IBOPE e Datafolha já revelavam queda na votação da candidata do PT. Essas pesquisas foram de se estranhar até porque diárias, sempre apresentando números superiores aos dos institutos congêneres como se pretendesse fixar na mente dos eleitores o “já ganhou” da candidata de Lula.

Mas, o resultado das urnas, como disse, não deixou de chamuscar a todos na proporção das incoerências constatadas.

Para o Senado em São Paulo, a coisa foi mais comprometedora. Os institutos davam como certa a vitória da dupla Marta-Netinho. Este último com base nesses números irreais chegou até a se apresentar como senador por São Paulo dando entrevista. Mas, deu Aloísio Nunes Ferreira em 1° e, felizmente, o apresentador da televisão não foi eleito.

Somente o Datafolha, numa das últimas pesquisas, apontou a subida de Aloísio Nunes, indicando empate técnico entre os três candidatos ao Senado.

No tocante à campanha, Dilma fez o possível e foi bem, mas teve a vantagem de ser carregada por Lula. Ela é espécie de criação de seu padrinho que, certamente, naquele momento crucial, quando constatou que seu tempo havia chegado, não encontrou nenhum quadro no seu partido que pudesse substitui-lo à altura. Quem seria? José Dirceu, José Genoino, Tarso Genro, Antonio Palocci, José Sarney, Renan Calheiros? Quem? Só havia Dilma autoritária no seu cotidiano em quem viu competência; sua candidatura foi, então, viabilizada por Lula.

Nem Alísio Mercadante, em São Paulo, com todo o esforço de Lula-Dilma pela sua candidatura se constituía num nome competitivo. Senador, nunca esteve presente nos problemas e realidades de São Paulo. Pouca adianta dizer que vai fazer isto ou aquilo, sem conhecer a origem das dificuldades e desafios do Estado mais representativo da federação.

Geraldo Alckmin “cara limpa”, inspirava mais confiança e venceu no 1° turno, ainda que com pequena margem.

Foi bom o 2° turno com José Serra porque quebra um pouco a acreditada hegemonia do PT. Tem o candidato e seu partido um trabalho imenso a realizar nestes 30 dias para reverter a vantagem de Dilma-Lula no Norte-Nordeste. Ampliar sua vantagem no Sudeste (SP, SC e PR) ou diminuir diferenças (RS, MG). No Rio Grande do Sul, é compreensível sua derrota, porque a atual governadora, do PSDB, e seu governo estiveram envolvidos em denúncias e críticas severas. O Estado havia mudado, mas não deu certo com a governadora Yeda Crusius.

Neste segundo turno, situação definida para a maioria dos eleitos, se o PSDB for um partido competitivo, terá que unir todas as suas forças em torno de Serra. Deixar de lado a tendência de alguns de colher migalhas aproximando-se de Lula.

Revertendo o quadro, vencendo as eleições, terá Serra por tarefa, além de implantar os programas que promete na campanha, que enquadrar a política externa brasileira, meio torta, contraditória, inclusive assumir um posicionamento menos condescendente com autoritários vizinhos e, claro, com Hugo Chaves que chegou a dizer que se Dilma vencer, Lula continuará no poder.

Serra, mais do que ninguém, significa mudança.

Marina Silva teve desempenho muito acima da média e amealhou milhões de votos (19,6 milhões). São seus eleitores, entre outros, aqueles que acreditam numa economia sustentável, na qual o meio ambiente seja preservado por todos os meios possíveis, afastando a fragilidade de políticas que o ignoram quando se trata de obter o “progresso”.

Não será com a continuidade da gestão do PT que esses princípios serão considerados nos níveis exigidos nestes tempos de devastação, abusos e crimes ambientais impunes. “Em nome do progresso”.

Há um desafio que não quer calar, qualquer que seja o governo: saneamento básico, água e esgoto tratados.

Qualquer política que combate à pobreza e de saúde não pode passar sem que se enfrente esse desafio.

A votação de Tiririca, palhaço profissional, obteve em São Paulo mais de 1,3 milhões de votos elegendo-se o deputado federal mais votado do Brasil.

Num primeiro momento, me senti um pouco constrangido porque este é o meu Estado e São Paulo a minha cidade natal. Nada de orgulho paulista!

Mas, procurei entender. Tantos são os escândalos políticos que houve nestes últimos anos, que os eleitores, sem opção segundo seu modo de pensar, elegeram Tiririca como voto de protesto em lugar de anulá-lo.

Pelo menos teremos na Câmara dos Deputados um palhaço profissional.

(Seu mandato, sob alegação de que é analfaberto, vem sendo questionado pelo Ministério Público de São Paulo)

Foto: Google Imagens

Um comentário:

  1. Milton, concordo com sua análise. Ressalvo, porém, que dentre os desafios de um novo (veja bem: novo, outro perfil, outras personagens) governo, o item segurança tem de vir em primeiro lugar, o que não foi feito neste que se despede, muito ao contrário.
    E o palhaço arrastará talvez alguns mensaleiros de carteirinha, pois esta foi a grande jogada de sua candidatura.
    No mais, assino em baixo, se me permitir.

    Forte abraço.

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